domingo, 12 de janeiro de 2020

Entretanto, no Irão

(Se têm Instagram no vosso telefone, dá para traduzir os posts dentro do Instagram. Se não têm Instagram no vosso telefone, podem copiar o texto em persa e metê-lo no tradutor do Google. A tradução não é perfeita, mas dá para entender o espírito. A Masih Alinejad é uma jornalista iraniana.)

As mulheres do Irão estão a levantar-se contra o regime. Duas jornalistas de TV demitiram-se em directo em solidariedade para com as vítimas do avião ucraniano que foi abatido pelo governo iraniano.

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. دو مجری رادیو و تلویزیون ⁧‫#زهرا_خاتمی_راد‬⁩ و ⁧‫#صبا_راد‬⁩ در راستای اعلام همبستگی با مردم خشمگین از کشته شدن ۱۷۶ مسافر هواپیمای اوکراینی از کار در صدا و سیما کنار کشیدند و استعفای شان را علنی کردند. از خبرنگاران اصلاح‌طلب و نمایندگان مجلس هیچ کسی استعفا نداد چون آنها می‌دانند مردم خواستار رفتن جمهوری اسلامی هستند. خواستار پایان یک حکومت سپاهی که دستش به خون یک ملت آلوده است.

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Na rua elas confrontam as forças militares.
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عکس منتخب روز: درس شجاعت

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Domingo à tarde: manifestações pela liberdade em todas as cidades do Irão.

sábado, 11 de janeiro de 2020

Estranha evolução

Nos EUA, ficámos a saber do incidente do avião ucraniano na Terça-feira à noite, mas no dia seguinte, quase que não se falou no caso. Penso que as pessoas não sabiam o que pensar, nem com que ponto de vista abordar a notícia. Na Quinta-feira, os ucranianos foram os primeiros a noticiar que tinham provas de que o avião tinha sido abatido pelos iranianos com um míssil russo. Tenho uma amiga ucraniana que me deu a notícia às sete da manhã, antes de os media americanos avançarem com essa hipótese, algumas horas mais tarde.

Perguntei a uma outra amiga minha, que é iraniana, mas vive nos EUA, o que é que ela achava que tinha acontecido, dado o que os ucranianos estavam a noticiar. Ela responde-me que o governo iraniano muito provavelmente abateu o avião para desviar atenção da situação EUA-Rússia. "This is murder" diz ela, mataram as pessoas apenas para ficar no poder durante mais alguns anos, acrescenta. Entretanto, o Primeiro-Ministro canadiano deu uma conferência de imprensa, dado que as vítimas incluíam 63 cidadãos canadianos, e o mundo começou a prestar atenção ao incidente do avião.

No programa Morning Edition de Sexta-feira (é um magazine diário de actualidades na rádio), a Mary Schiavo, ex-Inspectora Geral do U.S. Department of Transportation, foi entrevistada a respeito da investigação dos despojos do avião. Quando a entrevista foi para o ar, presumia-se que o avião tinha sido abatido por um míssil, mas os iranianos juravam a pés juntos que tinha sido falha técnica e o facto é que, por aqui, as notícias também estão a ser dominadas pelos problemas que a Boeing anda a ter com outro modelo de avião, o 737 Max. Aliás, uma das grandes notícias de ontem foram os emails dos pilotos da Boeing acerca do 737 Max, que não deixam a companhia ficar muito bem-vista.

Na entrevista de Schiavo, várias questões de grande interesse são discutidas. Há a questão do conteúdo da caixa negra do avião e de como obter os dados. O Irão não tem competência técnica para o fazer, logo é preciso um laboratório noutro país, como França, Grã-Bretanha, Canadá, Australia, para analisar esses dados. O Irão também disse que iria tornar os dados públicos, logo outras entidades poderão analisá-los.

Uma outra questão a discutir era que os EUA têm políticas que limitam a ida de cidadãos americanos ao Irão, mas Schiavo recorda o entrevistador que, tal como ele deve ter aprendido nas aulas de educação cívica, no seu tempo da escola secundária (que pena que Portugal não as tem), os EUA são signatários de vários tratados internacionais e que a ida de pessoal oficial americano seria regida por direito internacional, em vez de direito nacional. Já o Irão, que não é signatário de todos os tratados internacionais relevantes, comprometeu-se a observá-los.

Também falou da questão de jurisdição. Se foi um acidente, os representantes do National Trasportation Safety Board têm jurisdição para ir a Teerão, pois está sob eles a investigação de acidentes de aviação; mas se o avião foi abatido, não há qualquer razão para irem porque o problema não era o avião.

Schiavo dizia que quando os aviões são abatidos, o normal é os presumidos culpados o negarem, mas a excepção é o caso de um avião civil iraniano que os americanos admitiram ter abatido acidentalmente em Julho de 1988, causando a morte de 290 pessoas. Hoje o Irão admitiu ter abatido acidentalmente o avião ucraniano. É estranha esta evolução.


quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Um sonho americano

Uma das pessoas que sigo no Instagram é a Behida Dolic, que é uma designer de chapéus e roupa e sobrevivente de cancro da mama. Eu sabia que ela tinha nascido na Bósnia e tinha perdido os pais quando ainda era jovem, mas sempre tive curiosidade acerca de como tinha chegado aos EUA. Pois ela contou essa parte da sua história e é mesmo um sonho americano.

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My beloved TV family ❤️This story calls for a bit of an introduction 🌱- I was born and raised in a little village in Bosnia. In 1998, I moved to United States with my brother and two sisters as a result of Bosnian war. At 16, without speaking word of English, I arrived at the Chicago airport with only a sealed plastic United Nations bag containing the proof of my existence — papers that identified me as a war orphan seeking asylum. Final destination: Waterloo, Iowa. And just like that, I walked into the world of possibilities. I learned English by watching endless hours of The Golden Girls. I worked in a meat packing factory until one day I met a girl named Jenna Keller, a girl who changed my life! She helped me get a job at Papa John’s Pizza, where she worked, by convincing the manager to hire me. No one on earth needs to speak English in order to fold pizza boxes, she told him. The following few months Jenna drove me around in her old rickety car, which also looked like a war survivor. She introduced me to her favorite band, the Beatles, David Bowie and The Cranberries. She took me to her favorite store, Goodwill, which apparently carried one-of-a-kind pieces not found anywhere else! Then one day after work, she decided I should come home with her and she’d tell her parents that I should live with them. So that’s exactly what we did. Overnight, the Kellers became my very unusual family. The kind of family that I have only seen on TV before. They placed post-it notes all over the house to teach me English. They taught me that there is a difference between “eggs” and “legs,” “but” and “borrow.” Later that year, they became my legal guardians and helped me finish high school. It has been many years since I lived with Jenna Keller and her family, but their generosity never leaves me. One day, a working class family in Waterloo, Iowa decided to use their heart instead of their judgment and doubt. And as a result, they changed the course of my life. I am eternally grateful. I will love you forever Jenna Keller😭❤️Thank you for teaching me that there was so much more for me in this world!! And that I could be anyone I wanted to be! 🙏🏼 @jennakellerthompson

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Entrevista ao MNE do Irão

Recebemos esta noite notícias de que o Irão atacou vários alvos militares americanos no Iraque, depois de, durante o dia, ter sido anunciado que o Irão designou as forças militares americanas de organização terrorista -- em Abril de 2019, os EUA tinham designado o Islamic Revolutionary Guard Corps, uma entidade das forças militares iranianas, de organização estrangeira terrorista.

Na entrevista do Ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Mohammad Javad Zarif, à Mary Louise Kelly, da National Public Radio, que foi divulgada hoje, o ministro explicou que as ameaças de Donald Trump no Twitter, de bombardear edifícios importantes para a história e cultura do Irão, violam tratados internacionais e são considerados crimes de guerra. Trump também ameaçou que os iranianos iam morrer de fome, que é outro crime de guerra.

Apesar de tudo isto ser assustador, dá-nos algum alento que o Irão afirme que vai agir de acordo com as normas de Direito internacional, pois revela alguma cautela. Outra coisa que acho positiva é que, depois do ataque de Sexta-feira, o Irão convidou jornalistas estrangeiros para irem a Teerão, e foi aí que a entrevista com a NPR foi gravada. Dados os recentes protestos populares no Irão e os cortes no acesso à Internet, é mesmo surpreendente que tenham feito este convite.

Deixo-vos o link para a transcrição e o registo audio, que considero bastante informativos.





terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Impugnar ou não impugnar

Antes de mais, Bom Ano de 2020 a todos. Gostaria de vos falar sobre o processo de impugnação do Presidente Trump, é um post um bocado longo e tentei relatar os factos e também dar alguma informação acerca de como a as coisas funcionam nos EUA e as pessoas pensam. Os americanos são bastante estratégicos e gostam de seguir processos. Também há bastante fé na forma como as diferentes instituições funcionam. Um dia, quando Donal Trump sair da presidência, iremos olhar para trás e achar que tudo isto obedece a uma lógica que nesta altura não é muito óbvia.