tag:blogger.com,1999:blog-6138536632337179442.post7586942131113252994..comments2024-02-20T19:18:14.542+00:00Comments on A Destreza das Dúvidas: A aversão à perda e não sóLuís Aguiar-Conrariahttp://www.blogger.com/profile/03063826896953409478noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-6138536632337179442.post-43348570901614526742017-03-21T16:40:15.838+00:002017-03-21T16:40:15.838+00:00O Friedman era um génio, no sentido original da pa...O Friedman era um génio, no sentido original da palavra (foram os romanos que inventaram a palavra): exerceu uma influência poderosa sobre muita gente e foi uma fonte procriadora de ideias, saber, conhecimento. Não era nenhum fanático, é claro que admitia erros dos indivíduos, só que os considerava negligenciáveis. No fim do dia, o indivíduo, sozinho, guiado apenas pelas suas opções ficaria muito melhor. Os comportamentalistas dizem que não é bem assim e que é mais sensato admitir que esses erros são normais, frequentes e que têm consequências, às vezes graves - como o exemplo do sistema de pensões que mencionei no comentário acima. Os consumidores são soberanos? São. As empresas é que, ao contrário do que prevê a teoria económica, devem ter em consideração que a lei da procura e da oferta não é um processo amoral e, por isso, têm de ter cuidado com retaliações e danos de imagem quando se aproveitam de uma situação que as pessoas podem considerar injusta ou abusiva.José Carlos Alexandrehttps://www.blogger.com/profile/04526858049428202705noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6138536632337179442.post-67666862736491948682017-03-21T14:27:34.413+00:002017-03-21T14:27:34.413+00:00O Daniel Kahneman não fala em irracionalidade dos ...O Daniel Kahneman não fala em irracionalidade dos humanos, diz até que o desgosta e desanima que muitos interpretem as suas teorias dessa forma. O que ele chama a atenção (e os comportamentalistas) é que as pessoas enganam-se muitas vezes e não é realista esperar que os humanos se comportem como os "Econs" dos modelos económicos. O que ele critica a muitos economistas é o facto de não reconhecerem ou desvalorizarem os erros sistemáticos (enviesamentos) que as pessoas cometem nos seus juízos e escolhas. Como é que se conjuga isto com a ajuda das instituições aos indivíduos sem pôr em causa a liberdade? É essa a questão, uma questão que os Chicagos Boys nem sequer equacionam porque acham que os indivíduos tomam sempre as melhores decisões. Ora, isso está muito longe de ser verdade. Vejamos o caso do sistema de pensões. O que mostra a história? Se deixarmos a cada indivíduo a liberdade de total de poupar (ou não) a pensar na velhice, podemos ter a certeza que vamos criar a prazo um problema descomunal, muito maior que o actual - a maioria das pessoas simplesmente não pouparia. Outra questão. As instituições cometem erros? Com certeza que sim, mas, em princípio, menos do que os indivíduos isolados. Podem ser criados processos de verificação, controlos de qualidade, em que a informação passe por várias pessoas e não sejam tomadas tantas decisões por impulso. Além disso, as instituições devem estar mais conscientes das fontes de enviesamento que afectam os indivíduos nos seus juízos e decisões. Mais: quem está de fora pode de facto ver melhor certos erros em muitas situações. Há riscos de paternalismos e de futuros abusos de controlo do Estado? Há, e, por isso, é necessário ter cuidado e as intervenções das instituições têm de ser bem discutidas e pensadas. De qualquer maneira, já é um princípio admitir que os indivíduos não se comportam muitas vezes como os "econs" dos modelos económicos e de que, em consequência, se enganam muitas vezes. Mas não é uma questão fácil e evidente e nisso estamos de acordo.José Carlos Alexandrehttps://www.blogger.com/profile/04526858049428202705noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6138536632337179442.post-89309061767096842972017-03-21T12:00:39.705+00:002017-03-21T12:00:39.705+00:00"chega a considerar imoral proteger as pessoa..."chega a considerar imoral proteger as pessoas contra as suas escolhas. Cada um sabe melhor do que ninguém o que é melhor para si. Ao contrário, os comportamentalistas acham que as pessoas cometem erros. "<br /><br />penso que Friedman também considerou que as pessoas cometem erros; contudo afirmou que as pessoas são livres de cometerem erros (há quem diga que são a melhor forma de aprender na vida)<br /><br />"Por exemplo, se uma empresa que vende pás de neve aumentar de forma substancial os preços num nevão, os estudos mostram que a maioria das pessoas (mais de 80%) acha essa decisão injusta ou muito injusta – o que, obviamente, contraria as previsões da teoria económica, que diz que o comportamento económico é governado pelo interesse próprio e que as preocupações com a justiça são em geral irrelevantes. "<br /><br />a empresa que vende pás procura obviamente maximizar a sua receita e terá em conta todos os factores para isso. se percepcionar que terá prejuízos decorrentes de boicotes por aumentar o preço durante os nevões poderá não aumentar tanto o preço pelo que no fundo numa economia concorrencial continua a ser válida a premissa de que o consumidor é quem mais ordena<br />Camisahttps://www.blogger.com/profile/01055544016640157202noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-6138536632337179442.post-21102419960162932222017-03-20T22:36:34.577+00:002017-03-20T22:36:34.577+00:00"Ao contrário, os comportamentalistas acham q..."Ao contrário, os comportamentalistas acham que as pessoas cometem erros. Os humanos não são irracionais, mas precisam amiúde de ajuda para fazerem juízos mais exactos e tomarem melhores decisões."<br /><br />Acho esse argumento "comportamentalista" a favor do intervencionismo muito fraquinho, já que é facilmente refutável pelo contra-argumento "e quem vai ajudar os humanos a tomar melhores decisões? Vulcanos hiper-racionais?" Se essas regras e instituições forem feitas por outros humanos, também não estarão eles sujeitos às mesmas irracionalidades - ou talvez até mais (já que o custo de ser irracional é menor quando se está a tomar decisões para outras pessoas do que para nós, ou quando a probabilidade da nossa decisão individual afetar o resultado final é baixa, logo é possível que decisores políticos ou votantes sejam mais irracionais que os individuos nas suas decisões privadas)? Ainda por cima, a evidência empírica das regulações paternalistas parece ir em sinal contrário ao que me parece ser a teoria (de que as pessoas têm uma tendência para pensarem mais nos perigos que nas oportunidades) - a tendência parece ser fazer leis a incentivar as pessoas a tomarem decisões com menos riscos do que tomariam por si - comida saudável, evitar álcool, tabaco e drogas, poupar para a reforma, usar cinto de segurança e capacete na motorizada, etc. (agora ocorre-me uma coisa, até fazendo uma associação mental entre as motorizadas e o meu exemplo dos machos de invertebrados carnívoros no post anterior - será que esses casos em que não é muito certo que realmente se preocupem mais com as ameaças do que com as oportunidades não terão similares nos machos de outras espécies, sobretudo em certas faixas etárias?).<br /><br />E esse argumento é ainda mais fraquinho quando há, acho eu, mesmo ao lado um argumento muito melhor para defender o intervencionismo a partir do "comportamentalismo" - não o "se as pessoas fossem 100% racionais, o mercado seria eficiente; infelizmente as pessoas não são totalmente racionais, e por isso o Estado tem de intervir" mas sim o "se as pessoas fossem 100% racionais, esta política não resultaria, já que os agentes simplesmente alterariam os seus comportamentos anulando os objetivos pretendidos; felizmente as pessoas não são totalmente racionais, e por isso esta política resulta" - o melhor exemplo serão aqueles questões à volta da "equivalência ricardiana", e se esta refuta ou não o keynesianismo, mas talvez também se aplique a algumas questões do tipo "quem tem que pagar a taxa sobre o metano dos arrotos das vacas são os supermercados, não os criadores ou os consumidores finais"; porque é que eu digo que estes casos fazem mais sentido - porque aqui não é necessário que os decisores sejam mais racionais que os cidadãos comuns para isso fazer sentido; provavelmente é até melhor se os decisores forem também irracionais (e não perceberam que a política que decidiram só funciona se as pessoas não forem plenamente racionais), porque assim poem a referida política em prática com mais convicção.Miguel Madeirahttps://www.blogger.com/profile/07382939732567489809noreply@blogger.com