quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

A energia não tem pátria

Afinal, de nada serviram as “cunhas” da Sra. Merkel. Os chineses ficam com 21,35% da EDP.
A Three Gorges vai pagar pela fatia a módica quantia de 2,69 mil milhões de euros.

Estou-me nas tintas se os chineses passam a mandar na EDP. O capital não tem pátria. Marx explica.

8 comentários:

  1. 1 - Eu percebo os argumentos que defendem que empresas deste tipo devam ser privadas. Já se sabe, a ânsia pelos lucros leva a uma gestão eficiente dos recursos disponíveis, que melhorará o serviço aos clientes.

    2 - Eu também percebo os argumentos que defendem que estas empresas, que são monopólios naturais, devem permanecer dentro da alçada do Estado português. Afinal o estado zela pelos interesses dos cidadãos, algo que não é garantido por um monopólio privado.

    3 - O que não consigo mesmo perceber, e é esta a minha perplexidade, é quais são os argumentos a favor de ter uma empresa deste tipo a ser controlada por um Estado estrangeiro (e logo o chinês). A energia em Portugal passa a ser gerida de forma a maximizar o bem-estar dos chineses?

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  2. A questão é: a Three Gorges fez a melhor proposta do ponto de vista financeiro e, de acordo com o governo, em termos empresariais. O primeiro objectivo desta operação não era o encaixe financeiro? Não percebo a pertinência do argumento da nacionalidade. Para o caso, que mais dá ser alemã, angolana, brasileira ou chinesa? Sou sensível ao argumento do monopólio natural. De facto, não há nenhuma teoria económica, nem experiência, que prove as vantagens de uma privatização nesta situação – pelo contrário. É uma opção ideológica. Ponto. Mas, repara, a EDP já era maioritariamente privada. Agora foi, digamos, renacionalizada. O que me interessa é que os preços baixem e aí, que no fundo é o essencial, não vejo nenhum motivo para acreditar que com os chineses a situação vá piorar; pelo contrário, pode-se ganhar, por exemplo, economias de escala.

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  3. O meu argumento não é o da nacionalidade. Nisso estou comMarx. O meu problema é que não estamos a falar de uma empresa privada que vem para aqui maximizar o seu lucro. Estamos a falar de uma empresa estatal chinesa. Ou seja, não vamos passar a ter o capital apátrida a gerir a empresa. Vamos, isso sim, ter o governo chinês a gerir a política energética portuguesa. Ou estou a ver mal?

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  4. Confesso qe quando escrevi o post não sabia se a empresa chinesa era privada ou estatal. Sendo estatal, tratando-se de um sector sensível como o da energia e de um monopólio natural, percebo a tua inquietação. Agora. só podemos confiar no julgamento dos nossos governantes - têm informação que nós não temos - e rezar para que os cenários que tu temes não aconteçam. Eu, repito, desde que me baixem a conta da electricidade, tudo bem.

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  5. "Agora. só podemos confiar no julgamento dos nossos governantes"

    Mandas-me confiar no julgamento dos governantes, mas logo no post que tens a seguir ridicularizas o governante que tem a seu cargo esta pasta. Como queres que confie?
    De qualquer forma a minha questão é teórica: aceito que faça sentido privatizar empresas públicas. Ou seja, entregar a privados o que antes era gerido pelo Estado português. Agora, que sentido faz entregar a um Estado estrangeiro a gestão de uma empresa que antes era gerida pelo Estado português?

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  6. Com essa do ministro "que tem a seu cargo esta pasta", lixaste-me a argumentação. Deixaste-me sem resposta possível. Chapeau.

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  7. Tenho de concordar com o Luís. Como é que o Estado Português "entrega" a um estado Estrangeiro uma empresa estratégica e rentável como a EDP? É só pelo encaixe financeiro da venda? Pelas promessas de investimento?
    Para ser franco, parece-me que os nossos governantes foram iludidos. Porque eles (Chineses) disseram (prometeram) o que queríamos ouvir. Em tempos de crise, até migalhas são pão...

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  8. Em relação a vender o que dá lucro, não estou a dizer que o negócio foi bom, mas dificilmente a EDP dará de lucro para o estado o equivalente aos juros que Portugal paga pelo valor de dívida e que pode(ria?) amortizar. Contabilisticamente, resta saber se o valor de venda no futuro poderia ser ainda superior.

    Claro que se vamos falar de coisas como capacidade efectiva de regulação ou independência de interesses exteriores, as coisas são um bocado mais complicadas.

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