O governo espanhol divulgou há poucas horas o pedido de resgate para os bancos – e não para o Estado, como o ministro da economia Luís de Guindos não se cansou de sublinhar na conferência de imprensa. O “empréstimo”, como lhe prefere chamar o ministro, pode ir até aos 100.000 milhões de euros e, supostamente, assegurará a liquidez de 30% do sistema bancário que se encontra à beira do abismo.
Como é sabido, tal como está desenhada, a normativa para os fundos europeus de resgate destina-se apenas aos países - ainda que na cimeira de Julho de 2011 se tenha vagamente previsto a possibilidade de recapitalização de sistemas financeiros. A troika constituída pela Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu já se havia manifestado a favor da modificação das regras para poder salvar directamente a banca. Mas para isso tinham de convencer primeiro Merkel. A solução entretanto encontrada é uma trapalhada. O dinheiro é para os bancos, mas, ao mesmo tempo, haverá, ao que consta, uma fiscalização mais apertada às contas públicas e às reformas estruturais levadas a cabo pelo governo e o pagamento do "empréstimo" é, para todos os efeitos, uma responsabilidade do Estado.
Enfim, andaram todos (em especial o governo espanhol) a tentar ganhar tempo para não ficarem mal na fotografia - um esforço inútil, claro.
Enfim, andaram todos (em especial o governo espanhol) a tentar ganhar tempo para não ficarem mal na fotografia - um esforço inútil, claro.
Já em plena crise, Zapatero disponibilizou-se para explicar à Europa e ao mundo as virtudes do modelo financeiro espanhol, um exemplo que devia ser seguido em termos de supervisão e regulação. A banca espanhola, diziam-nos, era das mais sólidas do mundo e os bancos espanhóis eram dos melhores do planeta. Em pouco tempo, desfez-se a ilusão: os bancos ficaram em mãos com milhares de casas que ninguém quer. É cada vez mais difícil perceber onde anda a verdade.
De Espanha, nem bons ventos nem bons casamentos, foi-nos ensinado durante muito tempo. O medo e a desconfiança ancestrais de Espanha desapareceram durante a minha geração e deram lugar a uma genuína curiosidade e admiração pelos nuestros hermanos. De repente, os ventos de Espanha voltam a assustar. Só que desta vez corremos o risco de não se safar ninguém. Vamos ao fundo juntos.
O citado "medo e a desconfiança ancestrais de Espanha" é ainda fato na relação com o Brasil e seus vizinhos: a desconfiança é mútua, quando não as hostilidades.
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