Os
economistas clássicos e neoclássicos consideravam as baixas taxas de
crescimento a situação normal dos países desenvolvidos – aliás, os “clássicos” Ricardo e Malthus são até conhecidos pelo
seu pessimismo. Em geral, taxas de crescimento económico elevadas não sugeriam
prosperidade, estabilidade ou modernidade, eram antes vistas como um sinal de transição
de economias atrasadas, sujeitas a transformações aceleradas – à semelhança do
que se passa hoje, por exemplo, na China. Entretanto o espantoso e inesperado crescimento
económico do pós-guerra na Europa deixou os economistas tão fascinados e
deslumbrados a ponto de muitos não perceberem que se tratava de um fenómeno
irrepetível. A razão principal dessa situação anormal, que durou até ao início
dos anos 70, foi a catástrofe económica anterior: duas guerras devastadoras, com uma grande depressão
pelo meio, criaram um enorme potencial de crescimento, uma espécie de efeito do
tempo perdido.
No fundo, as baixas taxas de crescimento
económico da maioria dos países europeus (incluindo a Alemanha) verificadas nos
últimos anos não nos deviam espantar. É essa a situação normal, tal como nos
explicaram os economistas clássicos e neoclássicos há mais de um século.
Não deveria ser antes: as baixas taxas de crescimento são normais nos países ricos, em vez de dizer desenvolvidos?
ResponderEliminarParece-me que na prática vai dar ao mesmo: os países mais desenvolvidos em princípio são os mais ricos. Mas o reparo faz algum sentido porque a terminologia "dsenvolvido" e "subdesenvolvido" é relativamente recente.
ResponderEliminarMas, se admitirmos que há uma diferença entre "rico" e "desenvolvido", mesmo aí a formulação do JCA parece-me a mais correcta - pelo menos, as poucas formas que vejo de um país ser "rico" sem ser "desenvolvido" e vice-versa parecem-me implicar que o baixo crescimento esteja mais associado ao desenvolvimento do que à riqueza:
ResponderEliminar- pais rico não desenvolvido: a situação em que isso pode acontecer parece-me países com tecnologias atrasadas mas com muitos recursos naturais (o melhor exemplo será a Guiné Equatorial); tendo uma tecnologia atrasada, ainda tem muito espaço por onde crescer se adoptar as tecnologias modernas
- pais pobre desenvolvido: duvido que exista na prática, mas em teoria o melhor hipótese que me ocorreria seria um pais com uma tecnologia evoluída mas em que grande parte do capital estivesse nas mãos de estrangeiros, pelo que teria um PIB alto mas um rendimento nacional baixo (dá-me a ideia que o planeta Marte no filme Total Recall - pelo menos no do Schwarzenegger - talvez encaixe neste modelo; um pessimista poderá achar que a Grécia e Portugal ainda podem vir a ter esse destino); aí não há nenhuma razão para esperar que esse país tenha algum crescimento económico por aí além, já que não tem nenhum atraso tecnolõgico a recuperar
Agora, a respeito do crescimento, penso que seria interessante olhar, não apenas para o crescimento económico, mas para o da produtividade; qual é a parte do baixo crescimento económico actual que é causada por baixo crescimento da produtividade e qual é a causada por baixo crescimento (ou mesmo redução) da quantidade de trabalho (via desemprego, envelhicimento da população, prolongamento da escolaridade).
ResponderEliminarE a respeito do elevado crescimento dos anos 40-70, e da hipotese de ser a recuperação do tempo perdido: guerras e crises económica naturalmente fazem baixar o crescimento económico; mas, subretudo as crises, já não é tão certo que façam baixar o crescimento da produtividade (as guerras farão-no, já que destroem capital)