quarta-feira, 3 de abril de 2013

Falsidade transformada em dogma?

O Zé Carlos, nesta entrada, punha em questão a ideia de que as actuais gerações mais novas são as mais qualificadas de sempre. Sobre esse assunto vale a pena ler esta notícia:
Noruega vai recrutar em Portugal nos dias 11 e 12 de Abril
Depois do sucesso alcançado em maio do ano passado, altura em que Portugal acolheu a primeira iniciativa de contratação setorial, direcionada especificamente a engenheiros, sobre a chancela “Engineers Mobility Days”, o evento regressa novamente ao país a 11 e 12 de abril, no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL), numa iniciativa conjunta do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e da rede Eures. Tal como no ano passado, o evento apresentará oportunidades de trabalho em vários países europeus. Este ano, são sete as nações presentes, representadas por 35 empresas de vários sectores de atividade, mas com um elo comum: todas têm necessidades de mão-de-obra qualificada na área da engenharia que não conseguem preencher internamente. Uma das empresas presentes é a norueguesa National Oilwell Varco (NOV) que nos últimos anos tem recrutado com sucesso em Portugal.
(...) Segundo a conselheira [Eli Syvertsen], o interesse das empresas norueguesas pelos profissionais portugueses está sustentado por diversos factores entre os quais a qualidade da sua qualificação e o perfeito domínio do inglês.
Eu não só não tenho dúvidas de que esta é a geração mais qualificada de sempre como também estou convencido de que, a longo prazo, a principal consequência negativa da depressão em que vivemos é mesmo esta fuga de jovens qualificados para o estrangeiro. É um imenso investimento que foi feito nas últimas décadas que é oferecido de bandeja a outros países.

5 comentários:

  1. Um dos Engenheiros Portugueses, que já vem na missão de recrutar colegas, é o meu amigo Miguel Correia.
    Vejam este link: http://viewer.zmags.com/publication/2cc710e7#/2cc710e7/28

    Abraço
    JPA

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  2. (…) estou convencido de que, a longo prazo, a principal consequência negativa da depressão em que vivemos é mesmo esta fuga de jovens qualificados para o estrangeiro. É um imenso investimento que foi feito nas últimas décadas que é oferecido de bandeja a outros países.”
    Estou de acordo contigo neste ponto. E isto remete-nos para outra questão: é a educação que gera riqueza ou é a riqueza que gera educação? Eu sei, é uma questão estafada, mas este exemplo que tu apresentas reforça a segunda hipótese. Um país pode produzir muitos engenheiros mas isso não vai gerar, por si só, uma indústria; pelo contrário, uma indústria vai gerar forçosamente engenheiros.

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    1. "é a educação que gera riqueza ou é a riqueza que gera educação?"

      Como tu dizes, é uma questão estafada pelo que é difícil de dar uma resposta que não seja estafada também. Mas quer a minha intuição quer a grande maioria da investigação que li sobre o assunto (quer teórica quer empírica) dizem-me que a relação de causalidade vai em ambos os sentidos.

      "Um país pode produzir muitos engenheiros mas isso não vai gerar, por si só, uma indústria; pelo contrário, uma indústria vai gerar forçosamente engenheiros."

      Por outro lado, uma empresa multinacional que esteja a considerar cá investir, poderá fazer depender essa decisão de investimento da qualificação de mão-de-obra que cá encontra. E, tanto quanto sei, essa qualificação é uma das variáveis principais que são tidas em conta neste tipo de decisões.

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  3. Estamos a falar de engenheiros uma parte muito minoritária da educação em Portugal.

    "é a educação que gera riqueza ou é a riqueza que gera educação?"

    Neste momento a maior parte da educação gera pobreza e o futuro é para gerar mais. Uma minoria gera riqueza. Depende da área. Uma cultura de empregadedorismo reforça os problemas da educação.

    "Politicians and university chiefs in Australia are keen to sell the benefits of ever more degrees, but the labor market isn’t buying it, according to a study that shows large numbers of overeducated workers.
    Economists Ian Li and Paul Miller found that almost 50 percent of surveyed graduates were doing jobs that did not demand their qualification.
    “There’s a huge number of graduates who are going into jobs that don’t require a high level of education,” said Li, from the University of Western Australia.
    The paper notes the uncapping of university places, as well as the spread of university degrees from only 3 percent of adults in 1971 to 24 percent in 2006.
    (…)
    http://www.insidehighered.com/news/2013/03/15/australian-work-force-over-educated


    http://www.telegraph.co.uk/finance/comment/9967240/Tell-youngsters-the-truth-the-UK-needs-you-to-work-not-go-to-university.html

    Mais provocativo: http://www.forbes.com/sites/johntamny/2013/02/10/sorry-left-and-right-no-job-requires-a-college-degree/

    Lucklucky

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  4. Obrigado pelas sugestões de leitura. O desemprego e a precariedade no trabalho de muitos licenciados é novidade em Portugal, mas é uma realidade que já existe há algum tempo nos países mais ricos. Lembro-me de há uns 10 anos uma senhora, acabada de chegar de uma temporada nos EUA, me ter contado, espantada, que tinha conhecido taxistas, porteiros, empregados do Mac, etc. licenciados e que estes pareciam conviver com a situação com naturalidade, o importante, diziam, era ganhar dinheiro suficiente para ter uma vida com dignidade.
    A propósito de engenheiros, aproveito o último artigo sugerido (o mais provocativo) para deixar aqui um pequeno excerto:

    «Politicians love to talk up the need for more engineers, but then lost on the political class is that the Soviet Union had literally ten times the number of engineers that the U.S. did in the ‘70s. That it did in no way staved off the country’s eventual economic collapse.
    Thinking of engineers here, and the clamoring for more engineering degrees, anyone teaching the discipline would as a rule be imparting knowledge of no practical use. Sorry, but the latter is just basic economics. If the professor had knowledge of future engineering applications, the same professor would be making billions in the private sector. Engineers aren’t valuable for what they’ve learned; instead they’re sometimes valuable because they’ve completed a major that’s usually a lot more difficult than is, for instance, the political science major. An engineering degree signals that you’re smart, and probably hard working, but the major itself doesn’t make you smart.»

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