segunda-feira, 22 de abril de 2013

Fernando Alexandre. Perfil rápido de um novo Secretário de Estado

Imaginando que haja muita gente à procura do perfil do Fernando Alexandre, deixo aqui um breve resumo. Pode conter algumas pequenas imprecisões, dado que estou a fazer isto a correr antes de ir para a minha aula.

Conheci-o em 1993, durante uma prova oral de Macroeconomia, com o Professor Pedro Ramos, na Universidade de Coimbra. Assisti ao seu exame. Entrou com 13 e saiu com 17 valores, após uma prova brilhante. Éramos de anos diferentes e a nossa amizade nasceu nesse dia.

Licenciou-se antes de mim (1995, salvo erro) e veio para a Universidade do Minho dar aulas em 1996. Fez mestrado em Economia na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Dedicou a tese à influência da repartição do rendimento no crescimento económico, que defendeu, com nota máxima, em 1998. Em 1999, foi para a Universidade de Londres fazer doutoramento em Economia sob supervisão de John Driffill. Especializou-se em Economia Monetária em tempos de incerteza.

Regressa à Universidade do Minho após terminar o doutoramento em 2003. Desde então a sua actividade profissional divide-se por três áreas: docência, investigação e gestão universitária. Enquanto docente, é quase unanimemente considerado pelos seus antigos alunos como um dos melhores professores que já tiveram, senão mesmo o melhor. Em termos científicos, deve ter cerca de dezena e meia de artigos publicados (e a publicar) em revistas internacionais, salientando-se os seus trabalhos sobre política monetária internacional, sobre Bolonha e a qualidade do ensino superior e competitividade externa. Já em 2009, escreveu um dos melhores livros no mercado sobre "A Crise Financeira Internacional".

Correndo sérios riscos para a sua carreira académica, dedicou os últimos anos a estudar a economia portuguesa. Organizou e liderou o projecto “A Economia Portuguesa na União Europeia, do qual sairá um livro sobre a Economia Portuguesa. Escreveu vários artigos, alguns já publicados e outros a publicar, sobre competitividade externa. Liderou o estudo sobre a Poupança em Portugal, encomendado pela Associação Portuguesa de Seguradores, esteve na equipa que fez o estudo sobre o Emprego e TSU.

No que toca a gestão universitária, desde que regressou a Portugal, já foi director do Departamento de Economia, director da Licenciatura em Economia e Vice-Presidente da Escola de Economia Gestão, sendo também o Presidente do Conselho Pedagógico da mesma escola. Em todos estes cargos deixou a sua marca de qualidade. Elevando o Departamento de Economia, primeiro, e a Escola de Economia e Gestão, depois, a patamares de exigência que muito dificilmente teriam sido alcançados sem a sua liderança.

Enfim, a experiência política do Fernando Alexandre é diminuta. Mas, se se considerar que um governo fica enriquecido por incluir "gente de fora da política", então é importante que esses outsiders sejam os melhores nas suas áreas de actividade.

Ao irem buscar o Fernando à academia, foram buscar o que de melhor a academia tem para oferecer. Não tenho qualquer dúvida a esse respeito. Da parte que me toca, desejo-lhe um bom trabalho.


Adenda: um aspecto da carreira de Fernando Alexandre que me esqueci de referir nestas notas apressadas tem a ver com o seu trabalho de consultoria. Também neste item, o Fernando Alexandre sempre foi um académico muito activo, tendo feito trabalhos para a Associação Portuguesa de Seguradores, para o Tribunal de Contas, para a Capital Europeia da Cultura, para a Microsoft, entre vários outros.

10 comentários:

  1. Como ex aluno, posso confirmar inteiramente que o Professor Fernando Alexandre é um docente de excelência, com uma capacidade notável para cativar a atenção dos alunos para os temas que lecciona. Tenho a certeza que fará um excelente trabalho no cargo que agora vai assumir. Apenas tenho pena que seja nesta altura, com um governo "meio à deriva". Merecia melhor.

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  2. Muito bem...mas para a Administração Interna?!
    Se fosse para a Economia ou para as Finanças ainda se percebia.
    Carlos Laia

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  3. O Fernando chegou a UM em 1996, nao 1997, juntamente comigo, a Carla, o Miguel e a Patricia Fernandes, se nao estou em erro. Tal como tu, nao foi dificil travar amizade logo no primeiro dia. As discussoes/debates mais dificeis que alguma vez tive (da politica `a economia, arte, literatura e cinema, etc. - excepto no futebol) foram com o Fernando, um dos tipos mais cultos e sagazes que conheco. O governo e o pai's ganham com a sua escolha.

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  4. Que a Universidade do Minho perde, pelo menos transitoriamente, parece inquestionável.
    Se o governo ganha, tenho as minhas dúvidas, não por falta de mérito do novo secretário de estado mas pelas condicionantes políticas da governação.
    Se o próprio ganha alguma coisa com esta experiência só ele poderá avaliar quando chegar a altura apropriada.
    Desejo-lhe que seja bem sucedido. Precisamos disso. Mas receio que pegar neste momento num testemunho em brasa o possa ferir com gravidade.
    Porque não se muda de estilo de governo mudando secretários de estado (ou ministros que fossem), e o estilo actual provadamente já demonstrou que está estafado.

    Salvo melhor opinião.

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  5. Era bem... eu cá ouvi esse senhor falar numa conferencia numa formação relativamente ao Programa Europa 2020 (Mais uma treta da Europa...) e ouvi-o falar mal das politicas adoptadas e basicamente demonstrava um certo desalento com as politicas que se estão a aplicar. Ora, agora que vi esta noticia, a única coisa que pensei foi: tacho.

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  6. Eis a razão que me levou a lançar esta iniciativa cidadã na sociedade portuguesa com o Princípio de Auditoria do Cidadão à Dívida que aparece, Hoje, como um instrumento essencial de resistência e de reapropriação democrática na governação perante a necessidade inequívoca de se questionar o aumento da dívida e a decorrente “ditadura dos credores”.
    Este instrumento legal, Auditoria do Cidadão à Dívida é composto por cidadãos comuns e movimentos cívicos. Não tem nenhuma ligação partidária, nem sindical, bem como nem junto a instituições do Estado. Este instrumento enquadra-se numa iniciativa cidadã.
    Aconselho-lhe a ler o texto da petição Princípio de Auditoria do Cidadão à Dívida que se encontra no link: http://www.peticaopublica.com/?pi=P2013N38162
    Informo que esta petição não necessita de ser aprovada pelo Parlamento Nacional, ela serve para medir em %, através do números de assinaturas, a vontade do cidadão em querer a auditoria à dívida e às contas públicas.
    Terei muito gosto em ter a sua presença, como Cidadão, na 2ª sessão de esclarecimento: A Importância da Auditoria de Cidadão á Dívida https://www.facebook.com/events/356722854449360/
    evelynhouard@yahoo.fr

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  7. enho que admitir que este Governo não merece o povo que governa. Os portugueses, mesmo aqueles que aparentemente dela beneficiaram, perceberam o absurdo da decisão do Tribunal Constitucional. A decisão do Ministro das Finanças de congelar as despesas mostra que, de facto, ele, embora não viva cá, deve estar de partida para outro lugar. Desejo-lhe boa viagem.
    Publicada por Fernando Alexandre

    enho que admitir que este fernando alexandre não merece o povo que governa.
    Os portugueses, mesmo aqueles que aparentemente dela beneficiaram, perceberam o absurdo da decisão do governo provisório
    Desejo-lhe boa viagem.
    Publicada por nas urnas é que se está bem...

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  8. Pode ser competente, mas é incoerente!Enfim o tacho falou mais alto!
    Afinal a boa viagem terá sido para ele.Será que não os há com coluna vertebral?

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