Para Passos
Coelho, foi sempre assim: eu é que sou o primeiro-ministro, eu é que decido.
Parece nunca ter percebido que, especialmente em governos de coligação, as
coisas têm de ser discutidas, é necessário haver acordos e, pelo menos nos
dossiês principais, é imprescindível chegar a consensos. Com arrogância, tratou
Portas como se este fosse apenas mais um ministro, o número 3 para sermos mais
exactos. Para Passos, Portas, por obrigações de lealdade e hierarquia
institucionais, devia acatar silenciosamente todas as decisões emanadas da sua
cabecinha e da do “mago das finanças”, admirado em toda a Europa e arredores –
por estranho que pareça, até Pacheco Pereira chegou, no início, a manifestar
admiração por Vítor Gaspar.
Desde a
proposta de alteração da TSU, passando pelo “enorme aumento de impostos”,
Portas lá foi engolindo sapo atrás de sapo, dando, todavia, sinais crescentes
de estar a aproximar-se da tal “linha vermelha” que dizia não poder
ultrapassar. Chegou-se ao cúmulo de, em plena Assembleia da República, Portas
passar pelo vexame de ver o primeiro-ministro e o inefável Relvas rirem a
bandeiras despregadas, enquanto o deputado Honório Novo arrasava o “partido do
contribuinte”.
Nem com
estes antecedentes, Passos Coelho voltou atrás na sua decisão disparatada (mais
uma) de promover Maria Luís Albuquerque a ministra das finanças. Dadas as circunstâncias,
não lembrava ao diabo avançar com uma decisão destas sem assegurar previamente
o apoio claro do líder do outro partido da coligação.
Alguns dizem que Portas foi irresponsável na
sua demissão, que esta é “impensável”, “incompreensível” (afirmou Marcelo), que
abandonou o país (insinuou Passos), enquanto o primeiro-ministro fica a
aguentar o “fardo da liderança”- para usar a expressão de Vítor Gaspar. É
verdade que Portas não sai bem desta história (nem havia maneira de sair bem)
mas não exagera quando afirma que protegeu até ao limite das suas forças o
“valor da estabilidade”. Se Passos está completamente isolado, foi ele que se
colocou nessa posição, por teimosia, arrogância, cegueira, estupidez e
incompetência.
Zé Carlos, achas que Portas ainda vai mostrar o seu Guião para a Reforma do Estado?
ResponderEliminarClaro que não. Este governo também já não tinha força para levar a cabo qualquer reforma, muito menos a do Estado. Nesse sentido, havendo eleições e uma nova legitimidade, talvez o próximo governo possa avançar logo de início com a complicada reforma da administração pública, não caindo no erro do actual governo que andou a empurrar com a barriga o máximo que pôde, tentando fazer apenas os serviços mínimos, o que se revelou um erro de cálculo.
ResponderEliminar"havendo eleições e uma nova legitimidade, talvez o próximo governo possa avançar logo de início com a complicada reforma "
EliminarE, nesse caso, achas que Portas entregará o trabalho já feito ao próximo governo?
Pelos vistos Portas vai continuar e vai ficar com o dossier da Reforma de Estado. Achas que ele então já vai mostrar o seu Guião para a Reforma do Estado?
EliminarOutra coisa, a pretexto da (péssima) escolha para Ministra das Finanças dizes que "não lembrava ao diabo avançar com uma decisão destas sem assegurar previamente o apoio claro do líder do outro partido da coligação".
ResponderEliminarAchas mesmo que o Secretário de Estado Paulo Núncio, do CDS, não foi apontado por Portas? Partindo do princípio que sim, que foi sugerido por Portas, isto não é uma demonstração quase explícita de apoio à escolha? Ou achas que faz algum sentido ele nomear um Secretário de Estado para a nova Ministra e depois demitir-se porque não concorda com a escolha da Ministra?
Sim claro... com o proprio ministro demissionario a admitir na carta de demissao que a equipa do governo ja sabia da sua intencao ha pelo menos 8 meses. E perfeitamente plausivel que Portas tenha sido completamente apanhado de surpresa com a demissao do Gasparoika e substituicao com a Miss Swaps.
ResponderEliminarQue o Passos e um atrasado mental ja todos sabemos. Agora tentar fazer do Portas, uma virgem ofendida e ridiculo.
"achas que faz algum sentido ele nomear um Secretário de Estado para a nova Ministra e depois demitir-se porque não concorda com a escolha da Ministra?"
ResponderEliminarEsta história está mal contada e não há inocentes. A comunicação de Passos Coelho de ontem teve apenas um objectivo: entalar o Portas, dando a entender que este havia concordado tacitamente com a nomeação da ministra ao aceitar a manutenção do secretário de estado Paulo Núncio. Isso não é credível, e trata-se de pequena política, de passar a responsabilidade para cima do outro. É fácil de perceber que Passos esticou a corda ao máximo, convicto de que Portas não se atreveria, na actual situação, a roê-la. No comunicado, Portas diz claramente que expressou “atempadamente” ao primeiro-ministro a sua divergência sobre “seguir o caminho de mera continuidade no Ministério das Finanças.” Não quero defender o Portas, que cometeu também demasiados erros, mas se há um culpado principal, ele é sem dúvida Passos Coelho.
"Esta história está mal contada e não há inocentes."
EliminarNisto estamos totalmente de acordo. Mas eu não consigo dizer quem é o mais culpado. Parece-me que se juntou a suprema inabilidade e incompetência de um à suprema sacanice de outro.
Eu também não gosto de birras e criancices. Mas não comento mais os vossos posts porque vocês são maus e não comentam os meus. E também já disse que não quero sopa.
ResponderEliminarpronto, pronto, vou comentar os teus posts.
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