segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O trabalho que custa

Na sequência da 10ª avaliação da troika, a ministra das Finanças  afirmou que “Nesta avaliação tivemos oportunidade de apresentar os dados que mostram que o ajustamento já foi feito”. Não sei a que dados Maria José Albuquerque se refere, mas poderiam bem ser estes. 


Segundo o INE, o ajustamento é essencialmente devido à diminuição do custo do trabalho na administração pública (-20%, face a 2008). Curiosamente, a descida dos custos do trabalho na indústria transformadora, principal sector do grupo dos transaccionáveis, só se verifica de forma significativa após o primeiro trimestre de 2012, estando actualmente próximo dos valores de 2008.
Uma possível explicação para o comportamento inesperado deste indicador para a indústria transformadora deverá estar relacionada com o papel dos fluxos de entrada e saída de trabalhadores a custos diferenciados: as saídas que se verificaram até 2011 deram-se essencialmente por via do encerramento das empresas  menos eficientes e pelo despedimento dos trabalhadores com remunerações mais baixas (jovens com contratos temporários). Este facto terá feito subir o custo médio do trabalho, pois os trabalhadores que permaneceram seriam os melhor remunerados.
Da mesma forma, a descida do custo do trabalho após 2011 dever-se-á, em grande medida, aos menores custos de contratação, os quais farão descer os custos médios do trabalho. A ser assim, não será de admirar que este indicador continue a descer, se a tendência de diminuição do desemprego se mantiver.

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