Nos anos 1950, o psicólogo social Solomon Asch fez a
seguinte experiência: em sessões com 8 a 10 pessoas, mostrava-lhes uma folha com
uma linha vertical de "referência" e com três "linhas de comparação", sendo que uma
destas era exactamente igual à de referência. Os participantes tinham de
observar as linhas e dizer qual das três linhas de comparação era igual à de
referência. Era uma tarefa bastante simples. A seguir, noutras rondas, havia 7
a 8 pessoas (ajudantes de Asch) que escolhiam deliberadamente uma linha errada,
que não correspondia portanto à linha de referência. O único sujeito não
avisado do grupo, o único que não estava ao corrente, estava sentado no final
da fila. O que se investigava era o que sucedia com o seu comportamento quando
submetido a uma pressão unânime que contrariava a evidência dos seus sentidos.
Vacilaria? Juntar-se-ia à opinião maioritária, apesar de isso contradizer por
completo a sua opinião? Dos 10 sujeitos não avisados, 6 expressaram como sua a
opinião da maioria. Isto significa que mesmo numa tarefa inofensiva que não
afecta os seus interesses reais e cujos resultados lhes deveriam ser
indiferentes a maior parte das pessoas prefere unir-se ao ponto de vista da
maioria, mesmo sabendo que está errado. Um século antes, em o “O antigo regime
e a revolução”, escreveu Tocqueville: “temendo mais o isolamento do que o erro,
asseguravam partilhar as opiniões da maioria.”
Nos finais do século XIX, Gabriel Tarde, um sociólogo
compatriota de Tocqueville, dedicou grande parte da sua obra ao estudo da tendência
humana para a imitação, sublinhando a necessidade humana de mostrar-se em
público de acordo com os demais. Desde então, a imitação é um tema de
investigação das ciências sociais, sendo muitas vezes considerada um modo de
aprendizagem. Todavia, Tocqueville e Asch chamaram a atenção para outro motivo dessa
tendência humana para a imitação: o medo do isolamento e da marginalização. A
nossa natureza social faz-nos temer a separação e o isolamento dos outros e, ao
invés, a desejar a aceitação e o respeito do grupo. Esta tendência para a
imitação e o medo do isolamento vão contra o ideal da autonomia individual. É
uma imagem com a qual quase ninguém quer ser identificado, ainda que muitos
possam achar que define muito bem "os outros”.
Zé Carlos, estas experiências e teorias são muito interessantes, mas exactamente como é que estas inutilidades servem para ajudar as empresas exportadoras? Continua a escrever posts destes, que o Pires de Lima trata-te do défice.
ResponderEliminarFicaste traumatizado com essa da nossa direita, não? Não te queres mudar para a ala esquerda? Tinha muito mais piada quando o principal alvo desta gente era o Boaventura Sousa Santos.
EliminarSimples - evidencia a necessidade de criarmos marcas de referência para as nossas empresas vencerem nos mercados (o conceito de "marca de referência" é mais ou menos isso - um produto que cada um compra porque vê toda a gente dizer que é bom)
EliminarSe a maioria pensar como ele, ou melhor, se as pessoas pensarem que esse é a opinião da maioria, estamos bem lixados, de facto. Lá teremos de ir trabalhar para alguma secção de engarrafamento de cerveja, ou coisa que o valha
ResponderEliminarSe assim for, bebe uns copos.
EliminarPor outro lado, pensar como os outros pensam pode ter as suas vantagens:
ResponderEliminarhttp://xkcd.com/1170/
RAAAAAAAAAAAAAAAAAAACC
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