Dado que os juros da dívida pública estão anormalmente baixos, não seria de aproveitar e emitir dívida em maturidades anormalmente longas? Há alguma regra que nos obrigue a apenas emitir dívida a, no máximo, 10 anos? Não seria de experimentar emitir OT a prazos de 15, 20 ou até, se o mercado responder bem, 30 anos?
Este rolar da Dívida Pública não seria a melhor forma de a reestruturar?
Seria a melhor forma, mas muito complicado de atingir por diversos motivos.
ResponderEliminarEm primeiro lugar, todos sabemos que o recente sucesso nos mercados só foi possível com a benção do BCE, pelo que qualquer emissão com prazos extraordinários só seria feita com o acordo do BCE.
Mas, vamos supôr por instantes que é de facto o mercado que tem determinado estas taxas sem intervenção do BCE. Num país como Portugal, com 3 intervenções do FMI em 40 anos, o premium para maturidades de 30 anos deve ser bastante elevado. Dado que os ciclos políticos são de 4 anos, que incentivo tem um governo a aumentar o seus custos de financiamento de curto prazo para impedir que o próximo governo de outra cor política sofra menos sobressaltos?
E que tal rolar/substituir dívida contraída a taxas de juro mais altas por nova a taxas mais baixas, mesmo que com o mesmo prazo? Provavelmente esses credores é que não estariam interessados...
ResponderEliminarNão dá, a cotação de mercado das OTs reflecte as actuais taxas de juro, não as que existiam quando foram emitidas. Estaremos a comprar dívida e vendê-la pelo mesmo preço.
EliminarCaro LA-C, até podia ser desde que:
ResponderEliminarSe trocasse toda a dívida por dívida nova de longo prazo (comprando no mercado secundário a de maturidades curtas e médias);
Fosse estabelecido na Constituição um limite para a dívida pública (até 50% do PIB ou similar), sendo que os Governos NÃO PODIAM emitir dívida nova salvo estarem abaixo desse patamar e só o poder fazer até ao limite desse patamar E por prazos iguais ou inferiores ao termo da sua legislatura menos 6 meses.
O esforco para fazer os reembolsos seria desproporcional. Implicava um superavite acima dos 10% ao ano. Isso seria mega-austeridade. Mais razoavel é passar o tratado orcamental para a constituicao.
EliminarCaro João, se reparar eu não especifiquei prazos (pode até demorar um século para por a dívida abaixo dos 50% sendo que, até lá, ela não pode crescer)
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