Max Weber foi um dos mais
profundos e perspicazes pensadores sobre a era moderna e o capitalismo. Há
cerca de 100 anos, escreveu:
“O capitalismo industrial (…) tem de poder contar com a regularidade, a segurança e a objectividade do funcionamento do ordenamento jurídico, com o carácter racional, essencialmente previsível, do direito e da administração.”
As intervenções estatais deveriam estar enquadradas legalmente, não pelo perigo de, ao contrário, poderem lesionar princípios de justiça, mas porque se tornariam imprevisíveis, com o que se negaria a racionalidade (leia-se: capacidade de prever as consequências) que convém aos interesses dos capitalistas.
Sem estas garantias de previsibilidade ou calculabilidade, o capitalismo não poderia florescer.
No entanto, apesar de necessária, a previsibilidade não é uma condição suficiente. Basta pensar que há bastante previsibilidade em Portugal: todas as previsões indicam que o sistema encalha antes de se conseguir chegar ao objectivo final.
ResponderEliminarConcordo. As "garantias de previsibilidade" ao nível da justiça e da administração são apenas uma condição necessária, sem elas, dificilmente as pessoas investem. Há muita previsibilidade em Portugal, é verdade, mas ao nível da justiça, administração pública, sistema fiscal (a que Max Weber se referia) deixa muito a desejar. As regras mudam constantemente, os processos podem demorar uma eternidade, enfim, as coisas previsivelmente encalham, como dizes.
ResponderEliminarPortugal, está a atravessar um periodo em que se encontra descontextualizado.
ResponderEliminarDescontextualizado internamente e relativamente ao exterior.
E este "desatino" agrava-se à medida que o descontentamento, a desmotivação, o desinteresse exacerbado de uns e os interesses exarcebados e instalados de outros, aumentam, minam e imobilizam aqueles que ainda acreditam ser possível reorganizar e reequilibrar este país.