Este vídeo é interessante. Um secretário de estado descreve o muro que encontra para renegociar uma Parceria Público-Privada. A PPP em causa, o Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), ligada ao grupo Galilei (ex-SLN), envolve pagamentos na ordem dos 500 a 600 milhões de euros e já foi objecto de várias reportagens.
Há pelo menos um ano que esta renegociação está a ser feita e sem sucesso. Basta ver os números da execução orçamental do ano passado: o Ministério da Administração Interna reduziu a sua despesa total em 4% e a despesa em aquisição de bens e serviços caiu 8%. Em contraciclo, a despesa com o SIRESP aumentou 8%.
É absurdo, mas é assim. Numa época em que se corta a despesa em todo o lado onde é possível cortar, algumas PPPs continuam a dar cada vez mais despesa. O caso do SIRESP é especialmente grave quando as falhas deste sistema são gritantes. Aliás, se um sistema de comunicações de emergência falha por causa de um temporal é caso para perguntar para que serve exactamente.
É absurdo, mas é assim. Numa época em que se corta a despesa em todo o lado onde é possível cortar, algumas PPPs continuam a dar cada vez mais despesa. O caso do SIRESP é especialmente grave quando as falhas deste sistema são gritantes. Aliás, se um sistema de comunicações de emergência falha por causa de um temporal é caso para perguntar para que serve exactamente.
É também interessante reparar que, com a muito honrosa excepção do Público, os media portugueses simplesmente ignoraram esta denúncia do Secretário de Estado em pleno parlamento. É verdade que foi uma semana cheia de notícias. Mas a imprensa não pode ser exigente apenas com algumas coisas. Se a sociedade não for exigente, o Estado será sempre fraco com os fortes. Basta-lhes protelar as negociações à espera de um ciclo eleitoral mais favorável.
Eu não compreendo como é que estes contractos não têm cláusulas de escape para limitar as perdas dos contribuintes. Dá a ideia que em Portugal não se tem em atenção gestão de risco e quem negoceia estas coisas do lado do estado demonstra uma grande negligência. O papel dos media devia ser o de questionar as premissas dos contractos e explorar onde é que as coisas poderiam prejudicar o interesse público. Não vejo que haja essa preocupação da comunicação social portuguesa. Estar a pagar tanto dinheiro e nem sequer ter ou poder exigir um serviço de qualidade é obsceno.
ResponderEliminarPerdão, escrevi "contracto" em vez de "contrato".
EliminarBoa noite. O "silêncio" sobre este assunto creio bem que tem uma explicação: é ir ver quem eram os ministros da administração interna onde o SIRESP "germinou". António Cabral
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