Tsarnaev dirigiu-se às vítimas e à sua família e pediu desculpa. As suas palavras foram e são insuficientes para apaziguar o sofrimento das vítimas. Uma das vítimas, uma senhora de Houston, Rebekah Gregory, que perdeu uma perna no atentado, também se dirigiu a ele e disse-lhe:
"While your intention was to destroy America, what you and your brother [have] done has unified us. We are Boston Strong. We are America strong. So how’s that for your victim impact statement?"Achei as palavras dela insuficientes também. E achei-as cruéis. Ele foi condenado à morte, não era preciso reduzir as palavras que ele disse ao nada. Na terra do "olho por olho", toda a gente acaba cega. O que ele fez não tem desculpa, mas isso não nos dá o direito de lhe negar o arrependimento que ele diz sentir. Não seria mais nobre ouvir e aceitar as palavras que tentam exprimir o que ele sente? Ele não era obrigado a dizê-las, mas escolheu fazê-lo.
Este fim-de-semana, conversei com um amigo meu sobre o caso e ele deu-me a versão menos conhecida da história do irmão mais velho, Tamerlan. A Masha Gessen, uma jornalista russa, escreveu um livro onde explora alguns destes tópicos. Aqui estão excertos de uma entrevista dela disponível na página da NPR:
On the Tsarnaev family immigrating right after Sept. 11 They were used to being suspect; they were used to always being outsiders and ... always having to prove that they were not criminals. The other thing that was happening at the same time was that Russia and the United States were entering into a new alliance against so-called international Islamic terrorism. And the reason why I say "so-called" was because for Russia this was actually a great opportunity to squash any criticism of the wars it has been waging in Chechnya and Dagestan, which now got reframed as "wars against Islamic terrorism."On Tamerlan's immigration experience
He was 16, which is a horrible age to immigrate. And it was also a very difficult moment for the family because he was their firstborn who they believed was destined for greatness. But he was too old to really go to high school and get into a good college, so how were they going to make sure that he got the "greatness" that he deserved? The whole family and some friends were mobilized to figure this out.
They decided that he was going to become a boxing star — that he was going to become a boxer and join the U.S. Olympic team. One of the weird tragedies of this story is that this wasn't an unrealistic dream. It wasn't crazy. He was that talented. Immediately after he started boxing, he started winning amateur competitions. He may very well have been on his way to the U.S. Olympic team.
He didn't make it, apparently, because right around the time that he would've qualified, the amateur competitive circuit changed its rules to disqualify non-U.S. citizens. So he had permanent residence, but not U.S. citizenship, and he could no longer compete.
O irmão Tsarnaev mais velho, Tamerlan, poderia ter participado na equipa olímpica americana de boxe, mas os EUA mudaram as regras e só cidadãos americanos podiam entrar numa equipa olímpica. No caso dele, nunca poderia tornar-se cidadão americano pois essa opção foi vedada ao tipo de refugiado que ele era. Aliás, segundo me disse o meu amigo, Tamerlan nem sequer poderia sair e entrar nos EUA à vontade, como um residente permanente normal--era necessário pedir autorização às autoridades.
Foram tratados como se fossem perigosos antes de se tornarem perigosos, tudo porque quando jovens se tornaram refugiados nos EUA, pois nasceram no sítio errado e na altura errada. O destino deles foi determinado pela sorte: por muito esforçados que fossem, nunca deixariam de ser suspeitos. Porque é que nos surpreende que a realidade tenha confirmado a expectativa?
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não são permitidos comentários anónimos.