sábado, 27 de junho de 2015

Referende-se

Como defensor do uso alargado do referendo, só posso ficar contente com a decisão do governo grego de pôr o futuro da Grécia nas mãos dos gregos. Com um governo que recusa as provações mas que diz que não tem mandato para sair do Euro, recorrer à democracia directa é, provavelmente, a única saída. Deverá ser claro para todos o que está em jogo: os gregos serão confrontados com a decisão de suportar as provações associadas a um novo empréstimo ou de sair do Euro.

O principal problema do referendo grego será mesmo a gestão financeira e bancária desta semana. Mas espero que não se volte atrás. Grande parte do actual impasse teria sido evitado se a UE não tivesse impedido o referendo há uns anos. Veremos como vai reagir a este anúncio.

PS Espero que o governo português esteja a negociar com muito empenho o apoio do BCE à banca. Os próximos tempos serão arriscadíssimos.
PPS Quero ver quem torna a gozar com os cofres cheios da ministra das finanças.

8 comentários:

  1. Sendo também a favor do uso de referendos, fica-me só a questão se é possível os parceiros europeus (e restantes credores) terem confiança num resultado positivo sendo o governo contra. Existirá confiança na aplicação do programa?

    É que é, se calhar, o resultado mais provável.

    Sobre o resto (fora uma dúvida mais formal/legitimidade com o parlamento), de acordo, é um erro forçar o projecto euro a um país só por receio do que ai vem. Portanto, o referendo é bom por isso.

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  2. Também sou defensor de referendos, mas não consigo "aprovar" este.
    Num referendo, a(s) pergunta(s) são muitíssimo importantes e não são fáceis de idealizar. No caso concreto, o que vão perguntar aos gregos? Será saber se os gregos querem sair do euro? Se for assim, penso que o referendo não seria necessário - toda a gente sabe que eles, muito maioritariamente, querem manter-se no euro. Será para saberem se o governo deve assinar o (des)acordo)? Também acho mal, pois os gregos, na generalidade, não dispõem da informação necessária para tomarem uma decisão dessa responsabilidade. Será para saberem se a Grécia se deve manter na UE, acho bem, mas temo pelo resultado que, qualquer que ele seja, vai acarretar muitos prejuízos para a Grécia, fazendo penar aquele povo muitos e largos anos - veja-se a corrida de hoje aos ATMs.
    Com isto quero dizer que não aprovo a decisão do governo grego, ademais tomada por "unanimidade" - gosto de referendos, mas não gosto de unanimidades.

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    1. "Também acho mal, pois os gregos, na generalidade, não dispõem da informação necessária para tomarem uma decisão dessa responsabilidade."

      A maior informação necessária é saber quais a consequências de um "não" - regressam às negociações? Fazem um default à divida continuando a usar o euro como moeda (como o Equador há uns anos)? Fazem um default à divida e deixam de usar o euro? Mas o problema é que ningém saber verdadeiramente essa resposta, logo o povo grego não está mais mal informado que qualquer outro eventual decisor.

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    2. "O povo grego não está mais mal informado que qualquer outro eventual decisor" é o mesmo que dizer "o povo grego não está mais BEM informado que qualquer outro eventual decisor", e esse é o ponto - o referendo que o governo grego vai fazer não é um verdadeiro referendo, é um autêntico tiro no escuro, cujas verdadeiras consequências ninguém sabe, mas que nunca serão boas.

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    3. Alguém que assina como Tiro ao Alvo deve apreciar um bom Tiro no Escuro, não?

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    4. Caro Aguiar-Conraria, saiba que não aprecio tiros, muito menos tiros no escuro. Nem entendo com admitiu tal coisa.

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    5. Mas então qualquer decisão, seja de quem for, é um tiro no escuro - escuro por escuro, mas vale que seja quem está na carreira de tiro a escolher que riscos quer correr.

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  3. Eu não sou defensora de referendos (já vi vários a servir de cobertura à cobardia dos governantes). E neste caso concreto parece-me muito claro que é a forma que o Tsipras arranjou para sair pela esquerda baixa.

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