segunda-feira, 8 de junho de 2015

Sacrifiquem-se todos...

Hoje, o programa da Diane Rehm na rádio foi interrompido pela conferência de imprensa do Presidente Obama a propósito da reunião do G7. Durante a mesma, ele disse:
“What it’s going to require is Greece being serious about making some important reforms, not only to satisfy creditors but, more importantly, to create a platform whereby the Greek economy can start growing again and prosper."

e

“If both sides are showing sufficient flexibility, then I think we can get this problem resolved. But it will require some tough decisions for all involved.”

A visão dos EUA é que não é só resolver esta crise temporariamente; é encontrar uma solução de crescimento para a Grécia e isso é tanto da responsabilidade dos gregos como das restantes partes interessadas. É uma solução de compromisso, em que todos se sacrificam um bocado no curto prazo para conquistar um bem-estar maior no longo prazo. É também uma solução que não interessa aos representantes dos países da UE porque cada um está interessado em ganhar eleições nos seus países; não estão interessados no bem-estar dos cidadãos europeus no seu conjunto.

Durante a conferência de imprensa, Obama também disse que a Grécia tem de ter um futuro dentro da zona euro--parece-me que os EUA estão preocupados que uma saída da Grécia do euro seja um trunfo para a Rússia. No artigo da Bloomberg, cujo link está acima, o título da notícia é que Angela Merkel diz que a Grécia tem de agir se quer ficar no euro. Ameaçar a Grécia com a expulsão do euro é a única maneira que a UE encontra de forçar a Grécia a comportar-se. Se os EUA dizem que a Grécia sair não é solução e a Grécia ouve o que os EUA dizem, então a Grécia sabe que a ameaça da Alemanha é bluff, logo a Grécia tem um incentivo para pisar os calos da Alemanha ainda mais. Sair do euro, a Grécia não sai porque os EUA de Obama não deixam.

4 comentários:

  1. Rita,

    A Grécia não pode ser "expulsa" do Euro, os tratados não o permitem. Tem de sair pelo próprio pé (os tratados TAMBÉM não contemplam isso, mas é díficil de impedir se o Governo Grego assim o quiser).

    Toda este processo foi muito, mas muito mal tratado. Primeiro, porque todos têm culpa no cartório. A Grécia por motivos óbvios (aldrabou contas, gastou dinheiro ao desbarato, fez promessas que depois quebrou, etc), mas outros também: A Goldman Sachs que ajudou a cozinhar as contas gregas e a quem nada lhe aconteceu (quando devia ter sido proibidade de operar por um período suficientemente razoável na UE); os bancos dos outros países da UE que emprestaram dinheiro sem avaliar devidamente o risco (e foram "salvos" pelo resgate grego - que serviu para resgatar os bancos, não a Grécia); e, se calhar mais que estes, a própria UE que olhou para o lado nas contas cozinhadas, que ajudou a desenhar um programa de apoio que sabia que era muito díficil para um governo democrático cumprir (eles não tiveram a "sorte" de terem um Tribunal Constitucional como desculpa!); e que demorou (e demora) a tomar posições de fundo que resolvam a situação de uma vez, em alternativa ao rumo actual à espera de um milagre qualquer (sei lá, petróleo no Egeu) que solucione o caso.

    E agora, isto faz-me lembrar os meus filhos quando se recusam a acabar a comida: uma pessoa ameaça de castigos a torto e a direito, mas sabe que eles não conseguem comer. A solução não é bater na mesma tecla, é assumir um compromisso. Dizer que bastam três garfadas mas que para a próxima não passa. Quem acha que a UE já flexibilizou muito precisa de abrir os olhos: o esforço do Governo Grego (mais o anterior que este) foi descomunal e MUITO superior ao nosso.A UE continua a querer o prato todo comido, o miúdo grego já vomita sauerkraut e ainda vai acabar tudo à chapada.

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    1. Pois, mas sauerkraut não enche o papo. Aquilo nem deve ter calorias nenhumas. A posição dos EUA é que a Grécia não pode sair. O que aqui está em causa é a completa incapacidade da UE de tratar do assunto: nem o pai morre, nem a gente almoça e isto já dura há cinco anos. Não há sauerkraut que nos valha...

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    2. A posição dos EUA, geopoliticamente, é compreensível. Se a Grécia sai (e se, por azar, o petróleo sobe) os Russos estão ali mesmo à beira, são a segunda Bizâncio, etc e tal.

      Acredite Rita, isto é pior que as novelas venezuelanas (ou mexicanas). Não acaba tão cedo...

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  2. Não deixam como, pagam eles alguma coisa?

    http://www.tovima.gr/en/article/?aid=711259

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