quarta-feira, 1 de julho de 2015

Ἀχαρνῆς

Para demonstrar solidariedade com o povo grego, a humanidade podia ir para casa comer φέτα (feta) e ler Ἀριστοφάνης (Aristófanes). Para começar, a mais antiga das peças sobreviventes, Os Acarnianos.
Nesta peça, um homem aprecia a paz (negociada exclusivamente para si) com os Espartanos, enquanto os políticos de Atenas provocam e exaltam o conflito.
"μέμνησθε τοῦθ᾽ ὅτι οὐχὶ τὴν πόλιν λέγω,
ἀλλ᾽ ἀνδράρια μοχθηρά, παρακεκομμένα..."

(Lembrem-se disto, não é da cidade que falo,
Mas dos pequenos homens perversos de tipo mal-formado.)
(Trad. da versão inglesa, não vão as pessoas julgar que sei alguma coisa de grego)

PS: Tsipras, entretanto, parece aceitar regressar às negociações. Se calhar, até por ser quarta-feira, as mulheres dos governantes gregos deram uma de Lisístrata.

4 comentários:

  1. Olha que tu não me roubes o Aristófanes! Fica com o Sócrates, pá...

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  2. Mas esse "teu" discurso de Aristófanes (http://destrezadasduvidas.blogspot.com/2015/04/amorosa.html) é uma criação literária de Platão. Aqui trata-se de uma peça escrita pelo verdadeiro Aristófanes. No fundo, é como se fossem personagens à procura de um autor (e voilà, mais uma referência culta, desta vez ao signore Pirandello. Se o literary name dropping desse prémios, este post ganhava uma taça.)
    Quanto ao Sócrates, voltamos ao mesmo. O grego é uma recriação de Platão, o português é uma recreação de platina.

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  3. Se andas a ver se arranjas uma taça, encomenda Veuve Cliquot. Ao menos que sirva para algo, que não seja cobrir-se de pó. E não menosprezes o "meu" Aristófanes porque eu gosto da recriação de Platão: coisas "re-criativas" é mesmo comigo...

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  4. Não menosprezei. Só tentei explicar que não era uma apropriação indevida, porque são Aristófanes de naturezas diferentes. Nunca menosprezaria criações literárias. Pelo conteário, tendo a preferi-las à vida real.

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