Continuo a pensar que o que faz falta para resolver os problemas do mundo é conhecer melhor o teatro ateniense das festas dionísicas e leneias. Para a crise da Grécia contemporânea, veja-se o caso de Μένανδρος (Menandro, ~342 / ~290 a.C.), um dos autores mais prolíficos da Nova Comédia grega. No que se conhece das suas peças, o casamento entre ricos e pobres, como forma de distribuição de riqueza, é uma situação recorrente - o que dá aos culebrones latino-americanos um atestado de classicismo. Varoufakis, em vez de uma beta da Acrópole, devia ter casado com uma camponesa muçulmana da Trácia Ocidental.
Na única peça de Menandro que é hoje conhecida quase na totalidade, Δύσκολος (O Díscolo, ou O Misantropo), Sóstrato (um beto que se casa com uma bimba) explica ao pai a importância de distribuir a riqueza de forma virtuosa e moderada, numa atitude a que Aristóteles chamava o uso liberal da riqueza (por oposição à avareza e à prodigalidade).
"Falas de riqueza, uma coisa insegura. Pois se sabes que todas estas coisas deverão permanecer ao teu lado durante toda a tua vida, trata de não repartir nada que seja teu. Mas, daquelas que não és dono e só as obtens através da fortuna, não invejes, Pai, nada destas. A fortuna atribuirá tudo novamente a outro, talvez a alguém indigno. Por isso te digo, enquanto fores dono, é necessário que te sirvas generosamente, Pai, que ajudes todos, que facilites a vida, tal como é a tua, a muitos mais. Pois isto, sim, é imortal, e em tropeçando em certa ocasião podes de novo aproximar-te de quem ajudaste e eles ali estarão para ti."
À conta deste solilóquio, o pai de Sóstrato deixou a filha casar com outro pelintra.
Moral da história? Quando o teu filho começar com merdinhas, dá-lhe uma chapada.
À conta deste solilóquio, o pai de Sóstrato deixou a filha casar com outro pelintra.
Moral da história? Quando o teu filho começar com merdinhas, dá-lhe uma chapada.
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