Não há dúvida que acompanhar os números do desemprego é
importante. Mas qualquer discussão fica coxa se não olharmos estes números em
conjunto com os do emprego. Se taxa de desemprego se aproxima dos níveis
verificados do início do programa ajustamento (a última vez que o desemprego
esteve mais baixo que os 12,4% atuais foi em junho de 2011, com 12,3%), os
níveis de emprego estão um ano atrasados em termos da sua recuperação: o nível
atual aproxima-se do valor verificado em 2012.
Se a PAF quiser fazer uma campanha sem demagogia, aconselharia
antes a destacaram a evolução da produtividade: está 8% acima dos valores
observados em março de 2009 e 2% acima dos valores do início do programa de
ajustamento.
João Cerejeira,
ResponderEliminarTem toda a razão quanto aos nrs do desemprego vs emprego. Efectivamente o desemprego é um estatística tão desajustada face à realidade que de facto é revelador da falta de qualidade do debate político e mediático em Portugal o facto de quase todos os dias aparecerem notícias que citam dados do desemprego sem serem contextualizados com dados como a emigração, descontos para a SS, nº de pessoas em idade activa que não estão inscritas nos centros de emprego...
Relativamente à subida da produtividade esta poderá dever-se a uma maior extinção relativa de postos de trabalho pouco qualificados no período temporal considerado, pelo que também não será necessariamente positiva se considerada de uma forma isolada. Ou seja, dando um exemplo prático para explicar um pouco melhor o que estou a dizer, um país que tenha no ano zero 100% da população empregada em que 50% tem emprego muito qualificado e 50% de emprego pouco qualificado, se no ano seguinte tiver 10% de desemprego com 48% da população com empregos muito qualificados e 42% de empregos pouco qualificados, aumenta a produtividade por via do desemprego diferencial o que não deve ser visto como algo positivo.
O problema, Rui, é que não estou a ver como se pode desejar uma economia mais eficiente e produtiva sem passar obrigatoriamente por aí. Só fazendo uma requalificação feroz dos desempregados pouco qualificados (e não uso a expressão feroz por acaso), coisa que não se faz num ano ou dois.
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