Maquiavel dava muita importância à
“fortuna”, que ele via como a expressão do resíduo irracional,
do imponderável, do imprevisto, da margem de inexplicabilidade que se encontra
em toda a história. O génio florentino achava que a fortuna é senhora de metade dos
nossos actos, mas que nos deixava governar a outra metade. Maquiavel compara a
fortuna a um daqueles rios impetuosos que “enfurecidos, inundam as planícies,
derrubam as árvores e as casas, arrastam montes de terra de um lado para o
outro: todos fogem diante deles, todos cedem à sua fúria, sem poderem
resistir-lhes.”
Embora os rios sejam de tal sorte, os homens
previdentes, em períodos de calmaria, podem construir “resguardos e diques”, de
modo que os rios, se voltarem a transbordar, se escoem por um canal ou a sua
fúria não seja tão “desenfreada e ruinosa”.
No período de calmaria, nenhum génio na Europa se
lembrou de construir “resguardos e diques” para poder escoar por um canal
as crises do euro e tornar menos ruinosas e desenfreadas as fúrias dos mercados
e dos povos. Só agora, com as planícies inundadas, com as árvores e as casas a abanarem,
é que se lembraram da importância dos “resguardos e diques”. A isto chama-se
imprevidência.
eu diria que foram imprudentes e não imprevidentes, porque não é verdade que ninguém se tenha lembrado da necessidade dos diques.
ResponderEliminarAcho que tens razão, imprudência é capaz de ser a palavra mais exacta,
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