Esta tarde, através de Carlos César, presidente do PS, os socialistas acusaram a coligação de não responder às perguntas enviadas. Fonte socialista aponta que a coligação não respondeu às questões relativas ao cenário macro e à informação detalhada sobre execução orçamental. "Enviou uma cópia de parte do boletim da DGO e alguma, pouca, informação da Segurança Social", diz a mesma fonte. "Mais relevante é não ter respondido ao ponto 1 [perguntas sobre o cenário macroeconómico], aquele que seria necessário para o PS elaborar as propostas alternativas", junta.
Há dois problemas graves com a história das 50 perguntas:
- O PS devia ter pedido os números antes das eleições para forçar a coligação a abrir o jogo e até para dar legitimidade ao programa do PS. É que o PS acabou de admitir que não tem ideia nenhuma das condições actuais do país. Como tal, os pressupostos que usou na Agenda da Década não são baseados na realidade porque os membros do PS dizem que desconhecem a realidade, logo pergunto que confiança é que nós podemos ter nas conclusões da Agenda para a Década?
- Depois há o outro lado da moeda: como é que o PS pode dizer que precisa da resposta da coligação? É que, se o PS fez uma análise exaustiva do impacto económico do seu programa, pode perfeitamente usar os mesmos modelos para analisar o impacto do programa da coligação. Basta apenas mudar o input dos modelos para obter as respostas que deseja.
Ou os membros do PS não perceberam o estudo que encomendaram, ou eu não percebi o que foi feito, ou eu não percebo onde é que está o problema da não-resposta.
E finalmente, vem a parte caricata da coisa. Quem é que teve a ideia de serem "50 perguntas"? É porque 50 apareceu nas "Cinquenta Sombras de Grey"? Não percebi bem se era uma coisa tipo escolha múltipla ou perguntas de desenvolvimento.
Ainda por cima foram enviadas num Sábado?!? Em Portugal não se trabalha ao fim-de-semana. Como é que querem fazer acordos com a extrema Esquerda e ao mesmo tempo violam os direitos adquiridos dos trabalhadores? Precisamos de alguma consistência intelectual, se faz favor.
Só uma nota: eu tenho ideia que o PS PEDIU os dados antes das eleições, para elaborar o estudo. Mas os mesmo não foram cedidos.
ResponderEliminarSe esse é o caso, não percebo como é que essa recusa não foi usada durante a campanha para descredibilizar a coligação.
EliminarMesmo estando nos EUA há muitos anos penso que ainda sabe o suficiente de Portugal para perceber que nas nossas campanhas factos objetivos nunca servem para credibilizar/descredibilizar ninguém...
EliminarA minha impressão é que desde há muito que o que tem contado nas campanhas é a aparência (e o "gut feeling") sobre os candidatos, e mesmo isso só para quem não tem equipa de futebol^H^H^H^H^H^H^H^H^H^H partido já definido "desde que nasceu". Para quem tem, nem sequer isso tem grande impacto...
Eu até compreendo que joguem campanhas com base em aparências e tenham alergias a factos, mas pelo amor de Deus, não admitam que afinal querem ser governo mas não sabem de nada do que se passa, quando passaram a campanha a dizer que eram o único partido que tinha realmente um visão do que se passava e do que era necessário fazer para melhorar o país. E se eu fosse um dos economistas que trabalhou na Agenda para a Década, estaria neste momento a apertar o pescocinho de alguém. Estes ignorantes acabaram por pôr em causa a credibilidade dos profissionais que fizeram o estudo. Mas isto já não nos deveria surpreender: o PS passou a campanha inteira a dar tiros nos pés.
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