Sepúlveda, também conhecido por O Torto, fosse porque um cotovelo se lhe tinha rodado para dentro, fosse porque o seu olho esquerdo só conseguia olhar para a direita, assegurava que tinha boas razões para dizer aquilo que disse e que se citou na primeira frase disto que aqui está. Para os mais distraídos, foi esta. Eu cá nunca deito nada fora. Não se ficou por aqui O Torto. Nunca o cotovelo rodado ou o olho encravado o tinham impedido de se explicar, e não ia ser desta vez que se absteria de dar razões para a sua prática. Já quando tinha afirmado que não se pode confiar naquelas meninas que dizem que não ao galante que lhes pergunta a menina dança, deu as suas razões. Falava, explicou, baseado na experiência, que era longa, de bailes do mais variado tipo. Fosse nos de aldeia, fosse nos de gala, sempre constatara que as meninas que recusavam os seus convites sempre aceitavam outros convites que lhes eram feitos por outros cavalheiros. Nem atenuante lhes concedia pelo facto de ser torto e prometer uma dança de que não era possível prever a direcção que seguiria. O que deixaria confusas as meninas e alarmadas as mães das meninas. Numa outra ocasião esclareceu que afirmava que em dias de lua cheia não se deve sair de casa com um raciocínio de base teológica e segundo o qual a humildade da criatura exige que não olhe directamente o esplendor dos astros na sua forma perfeita. E não mudou de opinião mesmo quando lhe observaram que talvez devesse dizer que é em noites de lua cheia que não se deve sair de casa. No caso presente, aduziu O Torto o seguinte. É que nunca se sabe.
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