domingo, 28 de fevereiro de 2016

A biologia também conta

Gosto de Camille Plagia, uma feminista heterodoxa. Esta semana, em entrevista ao Expresso, reafirma algumas das suas máximas de sempre. Por exemplo, o feminismo está errado ao querer dizer que o género se constrói. Há uma base biológica incontornável e ignorá-la só pode levar a mal-entendidos e frustrações. Um exemplo:
As mulheres precisam de conversar umas com as outras, porque “conversam de modo único, têm uma linguagem muito própria que só os gays poderão entender”. Desgraçadamente, a competição profissional levou a uma perda de solidariedade entre as mulheres. Resultado? Chegam a casa estafadas e querem que os homens falem com elas “utilizando a linguagem que é só delas.” Os homens, coitados, não é por mal, mas muitas vezes não as conseguem entender (e vice-versa). E as mulheres, frustradas e desanimadas, acham que é tudo má vontade, que os homens são uns insensíveis, uns broncos das cavernas, que não se esforçam. Esquecem-se que os pobres dos homens são naturalmente limitados.

12 comentários:

  1. Os pobres dos homens são limitados... excepto os gays!

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    1. Mas ela acha mesmo que só os homens gays é que percebem as mulheres? E percebem as mulheres todas ou só as heterossexuais?

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    2. Mas ela acha mesmo que só os homens gays é que percebem as mulheres? E percebem as mulheres todas ou só as heterossexuais?

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    3. É verdade, parece que os gays percebem as mulheres todas.

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    4. É como deduziste, os homens são limitados, excepto os gays.

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  2. Eu discordo num ponto: acho que a competição entre as mulheres antecede a sua entrada na vida profissional. Biologicamente, uma mulher tem de competir com as outras. Aquelas que conseguem agarrar o homem durante mais tempo dão aos seus filhos melhor probabilidade de sobrevivência. Não sei bem se os gays entendem as mulheres assim tão bem. Têm gostos em comum, mas como não competem directamente entre si, não são considerados rivais.

    Um homem em certa medida tem interesses opostos aos da mulher: ela precisa de alguém que a ajude a cuidar dos filhos durante muito tempo, para ele talvez fosse óptimo fazer filhos com várias mulheres e assim diversificaria a sua herança genética; no entanto, através da evolução e da selecção natural, os homens que se comprometem e são fieis às mulheres têm mais probabilidade de ter filhos com taxa de sobrevivência mais alta e de esses genes sobreviverem na espécie.

    Eu também não percebo muito bem esta coisa de igualdade absoluta de género. Não há igualdade biológica...

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    1. Há autores que dizem que a amizade é uma coisa de homens - se calhar por causa dessa competição que dizes existir desde sempre entre mulheres. Curiosamente, o Shakespeare dizia que a verdadeira amizade é feminina. Não sei, mas provavelmente são amizades diferentes, dá-me impressão que as mulheres atingem às vezes um nível de cumplicidade maior do que o dos homens. É por isso se calhar que a Paglia sugere que é um erro as mulheres pensarem que os seus companheiros podem substituir o papel das amigas, colegas, etc.

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    2. Eu acho que por aí, apesar de tudo, há mais fundamento biológico para a competição entre homens do que entre mulheres - é mais fácil várias mulheres terem filhos do mesmo homem do que o oposto (logo os homens precisam mais de competir pelas mulheres do que as mulheres pelos homens). Talvez a grande diferença seja que apanhar frutas requer menos cooperação do que caçar mamutes e bisontes (ou organizar raids contra o clã vizinho).

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  3. Quando leio coisas destas, confesso que quase penso que não devo ser mulher. É que não me identifico nada, nadinha. Não quero chegar a casa e que o meu marido me fale “utilizando a linguagem que é só delas" - prefiro a nossa linguagem, a que nos faz entendermo-nos para lá das diferenças (não só biológicas) que existem entre ambos.

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    1. É evidente que é possível a comunicação entre homens e mulheres. Ninguém disse o contrário. Se bem entendi a Paglia, há é certas conversas em que as mulheres se entendem melhor umas às outras - daí a necessidade de falarem umas com as outras - e que os homens têm dificuldades em descodificar

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    2. Para mim, as referidas divagações de Camille Paglia não fazem sentido, não porque não estejam bem feitas, antes porque nem mal feitas estão (créditos a Wolfgang Pauli, que é quem disse algo similar noutra área).

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