Hoje acordei e, lá fora, chovia e trovejava. Há dois dias desejei tempo assim, precisava de uma pequena tempestade para recalibrar a alma. Infelizmente, esta tempestade não foi pequena e causou, e causará, estragos e algumas pessoas pereceram; isso não desejei. De manhã, dei uma vista ao Tumblr e encontrei um poema de Raymond Carver que achei tão, mas tão perfeito para hoje e para como eu me sinto. Chama-se "Rain" e até foi lido no
"The Writer's Almanac", um programa diário de rádio, que é curtinho, mas enche a alma. Fica aqui o poema e o link para o programa onde foi lido está
aqui.
Woke up this morning with
a terrific urge to lie in bed all day
and read. Fought against it for a minute.
Then looked out the window at the rain.
And gave over. Put myself entirely
in the keep of this rainy morning.
Would I live my life over again?
Make the same unforgiveable mistakes?
Yes, given half a chance. Yes.
~ Raymond Carver
Chove uma chuva, miudinha
ResponderEliminarE tu, gelada e franzininha
Estendes a mão, magrinha
A quem passa por ali, tão sozinha.
Tão pequena e já tão sofredora
Mas forte, sobre pernas finas de tesoura
Que sustentam a amargura devoradora
De um destino feroz e sem tutora.
Não choras, nem foges pelo caminho,
Que os astros misturaram no cadinho
Sem que à massa juntem algum carinho
O calor de um abraço, ou um beijinho.
É essa a vida que tu levas...
E que quase em segredo, guardas
Sob as dores que te ferem como espadas
Nos cartões onde dormes, nas arcadas.
Sonhas com a luz ténue do Sol, ao acordar
Mas é a chuva miudinha que te vai beijar
E a fome, sempre pronta para te recordar,
Que nasce mais um dia de penar.
Chove, chove sempre para ti!
E a cor do teu dia, é sempre igual.
No vale profundo onde habitas,
O destino fora do mundo, de ti se ri!
Todos te olham sem te ver, és banal.
Enquanto por dentro, morres e gritas.
Gostei! Gosto de pensar em chuva como beijos. Quando esperava pelo corpo da minha mãe na morgue, fiquei na rua e chovia. Foi reconfortante essa chuva.
ResponderEliminar