Hoje de tarde estava a pensar nisso quando fui a casa dar o almoço aos meus cães (eu digo "meus cães" ironicamente, eu é que sou a humana deles), e senti asco que um jornal se dê a tanto trabalho para perseguir uma mulher num país onde há tanta corrupção e companhias que abusam dos consumidores, como a NOS. Pois, foi a Fernanda Câncio que fez uma história do assédio que a NOS me fez, não foi um jornalista do Correio da Manhã. Dizia eu que pensava na Fernanda Câncio e apeteceu-me dizer um grande FUCK OFF a todos os idiotas que lhe fazem a vida negra. Soa melhor do que "Vão-se foder!" e eu sou a Rita do Texas, como me baptizou a Fernanda.
Não percebo, pessoas. Que interesse tem a vida privada dela para a felicidade da nação? Qual o contributo que tem para o PIB?
O Correio da Manhã não é um jornal. É um veículo de propaganda ao serviço de um objectivo político determinado. Não confio em ninguém que lá escreva. Quem escreve no lixo é lixo.
ResponderEliminarO CM tem sido independente, e isso incomoda! Concordo que o CM é um jornal horrível, mas tem sido independente. Dá notícias.
ResponderEliminarA fernanda câncio é um escroque. NO caso do 44/33 nunca lhe vi nada de inteligente, apenas de chico espertismo. O blog dela apenas contém meias verdades.
Noutro País, já estaria detida como cúmplice.
Permita-me que discorde. Até hoje não tenho conhecimento que o CM tenha publicado nada que indique que ela tenha sido cúmplice. José Sócrates não vale nada, mas homens que não valem nada são ubíquos no mundo e nós mulheres já os aturamos há milénios. Como não somos adivinhas, muitas vezes só depois de nos envolvermos com eles é que descobrimos que são má peça. Porque é que os homens que se envolvem com mulheres malucas não são enxovalhados na Praça Pública?
EliminarAlberto Sampaio,
Eliminartratar as pessoas por números em vez de usar o seu nome é uma estratégia de lhes retirar dignidade humana que deixa ficar muito mal quem a usa. Independentemente do ódio que tenhamos a alguém, e dos motivos que tenhamos para esse ódio, há limites que não podemos ultrapassar, sob pena de mostrarmos os nossos próprios pés de barro.
Quanto às suas afirmações sobre a Fernanda Câncio: pode definir "escroque", e ilustrar com factos? Também gostava de saber que coisas pouco inteligentes e meias verdades são essas.
Para a deter como cúmplice, era preciso ter provas de alguma coisa. Que provas há? Diga-me, por favor, o que é que sabe, concretamente, e que seria motivo para deter essa mulher.
O Correio da Manhã também não sabe nada. Faz títulos a partir das mesmas suposições que o Alberto Sampaio.
Noutro país (falo da Alemanha, que conheço melhor), o Correio da Manhã já teria as instituições do Estado de Direito, a sociedade civil e até a Igreja à perna. Porque isto que o Correio da Manhã está a fazer é um atentado grave aos direitos humanos de um sujeito concreto e a todos os portugueses. O Correio da Manhã está a fazer de nós um país indecente, indecoroso, estúpido. E fá-lo com total impunidade.
O Warhol diz que todos devíamos ter direito a 15 minutos de fama. Eu acho que seria muito pedagógico todos termos direito a 15 minutos da atenção de jornalistas sem escrúpulos como os do Correio da Manhã que escrevem sobre a Fernanda Câncio.
Não o conheço, Alberto Sampaio. Não faço a menor ideia de quem é, nem da vida que leva. Mas tenho a certeza que o Correio da Manhã teria com que fazer um título muito sumarento sobre si. Porque o CM não precisa da verdade - basta-lhe querer queimar uma pessoa.
Helena, secundo naturalmente as tuas palavras. Só acrescento o facto de aparentemente terem ontem passado escutas num programa de televisão. Estas escutas foram geradas e mantidas como parte de um processo crime, e alguém as terá passado ao jornalista, que as emitiu. O Weber dizia que o estado tem o monopólio da violência, e que é uma concessão que temos de fazer para nos protegermos enquanto sociedade. Em Portugal, o monopólio da violência não é do estado, é dos agentes do estado e dos jornalistas que com eles têm relações privilegiadas. O que mais me enoja é que ninguém já fala nisto. Ninguém fala de um sistema judicial em que pessoas facultam informação que só pode ser usada no processo e que tem de ser destruída após esse processo a jornalistas, e que estes jornalistas as publicam. Estas informações têm dados de pessoas inocentes, que não têm sequer nada a ver com o processo, e que vêem as suas vidas expostas.
EliminarExcelentes comentários,, Helena e Luis. A única vantagem que vejo na existência de organizações como o Correio da Manhã é a de, pela observação das reacções àquilo que publica, dispormos de informação suficiente para saber as pessoas com quem vale a pena conversar e aquelas de que nos devemos afastar a distancial considerável.
EliminarComo espero que compreendam não vou perder o meu tempo a rever o blog da fc. Garanto no entanto, que o que afirmei se baseou no que lá li. Quando a ser cúmplice, bom, na minha ideia, quem usufrui do que é "roubado" ... A não ser que por ser mulher, mereça tratamento diferente como parecem indiciar alguns comentários.
EliminarAlberto Sampaio, suspeito que a questão não é a inteligência e as meias verdades, mas o Alberto Sampaio ter uma opinião diferente da Fernanda Câncio. Já a palavra "escroque", que é mesmo muito forte, precisa de suporte factual.
EliminarSobre ser cúmplice quando se usufrui: nunca lhe deram uma prenda? Nunca lhe pagaram um almoço? Tem a certeza absoluta que o dinheiro com que isso foi pago é 100% limpo? Certeza absoluta? Ai, que se eu fosse o Correio da Manhã e quisesse pegar consigo... ;)
NG, nem essa vantagem me consola. Quando o cancro atinge e corrói a sociedade de forma transversal, e uma pessoa dá consigo sentada à mesa de familiares a ouvir essas enormidades, fica-se sem ter para onde fugir.
EliminarLuís Gaspar, essas coisas dão-me vómitos e fazem-me medo. Isto é retrocesso - inclusivamente em relação ao pelourinho medieval.
A Helena e o Luís situaram-se muito bem sobre um postal de idêntico nível da Rita a quem apenas faltou saber uma expressão portuguesa que é mais forte que o anglo-americano fuck off: "desampara a loja" (pode adicionar-se quaisquer palavras para reforçar.
EliminarCara Helena Araújo, com o devido respeito existe uma diferença enorme entre um almoço ocasional e a evidência de uma relação continuada.
EliminarResta-me aconselhar a fazer o que já referi não ir fazer: pesquisar um pouco sobre o que fc escreveu por aí.
Para terminar, respeito a sua opinião e até concordo quanto a pessoas inocentes não deverem ver a sua vida devassada. Cumprimentos
O meu último comentário é obviamente dirigido também, e também respeitosamente, à autora do artigo.
EliminarEntão é assim: quando a imprensa dita séria faz os fretes que faz, o que é que nos resta como whistleblower? O Correio da Manhã. É triste? É. Mas pode ser que um dia as coisas mudem.
ResponderEliminarExacto, Isabel. As coisas têm de mudar, mas nós temos de dar uma ajudinha...
EliminarO CM como whistleblower?
EliminarDeixem-me rir!
Whistleblower é alguém que revela verdades. O CM vende insinuações como se fossem notícia. E o pessoal cai como patinhos.
Até me lembra a loira ao ver a casca de banana: "oh, não, lá vou eu escorregar outra vez!"
Sim, Rita. E uma das coisas, em meu entender, é sermos muito mais intolerantes em relação a desvios éticos, sejam ou não sancionados pela justiça, independentemente de termos simpatia pelas pessoas. Senão, deixamos de facto o campo livre aos Correios da Manhã.
EliminarJá aprendi que só se consegue avaliar bem a imprensa quando, por qualquer razão, começamos a seguir uma determinada história com alguma atenção. No meio do ruído, que não é informação, da profusão dos dados que nos chegam, é a única forma de nos apercebermos de padrões. Fiz isso algumas vezes na vida, com resultados muito, muito supreendentes. E mais uma vez verifico que a forma como a imprensa de referência se tem portado em relação à Operação Marquês é muito elucidativa. Posso dar-lhe exemplos concretos, se isso lhe interessar, que justificam a minha tolerância para com os desmandos do Correio da Manhã. Para mim, é um mal menor.
Correio da Manhã consegue ver coisas que o Dr. juíz Carlos Alexandre, não quer ver ou só existem na cabeça do CM? Um beijinho para a Fernanda Cancio e a todas as mulheres
ResponderEliminar1) Por definicao, um whistleblower nao publicita coisas comprovadas.
ResponderEliminar2) Pode lamentar-se a etica, ou a falta dela, da utilizacao que os jornalistas do CdM fizeram da figura do assistente no processo, mas nao e ilegal, tal como diz o Conselho Deontologico do Sindicato dos Jornalistas em resposta a queixa da Fernanda Cancio. Em que lhes da, por outro lado, a eles razao quanto ao conflito entre privacidade e interesse publico.
Ou seja, as escutas estao nas maos de alguns jornalistas a partir do momento em que foi levantado o segredo interno do processo, por meios absolutamente legais mesmo se deontologicamente reprovaveis.
Isabel, um whistleblower não publica como notícias coisas que são mera suposição. Quando abre a boca, é para falar do que realmente sabe. Quando o CM envolve a Fernanda Câncio numa suposta rede de lavagem de dinheiro, o que é que eles sabem concretamente?
EliminarQuanto à ética e à legalidade: a dignidade humana sobrepõe-se à lei e aos regulamentos. Não me basta dizer que é lamentável. Pelo contrário, não estamos aqui para lamentar, estamos aqui para corrigir.
Para bem de nós todos. Porque se a violência deixa de ser monopólio do Estado, todos ficam automaticamente autorizados a defender-se e a fazer justiça pelas próprias mãos. Não é essa a sociedade que queremos, pois não?
Surpreendeu-me a forma acalorada como defende a Câncio. Será que pensa o mesmo das outras e dos outros que, no seu dizer, estão a ser enxovalhados pelo CM?
EliminarUm Assistente no Processo é um “whistleblower”, e alguns jornalistas do CM são-no, porque, na qualidade de cidadãos requerentes desse estatuto pagaram a respectiva taxa de justiça, no valor de 100 euros, preço obviamente baixo tendo em conta o valor de venda da referida informação que, pelo menos num caso, foi proibida por um tribunal.
EliminarOu seja, na qualidade de assistente é um whistleblower perante o investigador criminal, não perante o público, muito menos perante uma empresa que vende jornais.
Há aqui alguém que está a exorbitar e eu, não sabendo pormenores do caso, sei que, em geral, quando exorbitam é porque estão a usurpar a função de funcionários públicos que, por seu lado, deixam passar, porque a anomalia lhe dá a aparência de trabalharem muito e bem.
Encurtando agora, mal toda a gente tem acesso aos dados, o assunto deixa de ser notícia, porque já não há ninguém que pague o produto ou porque não querem que se descubram as mentiras e, muito pior, a invenção de factos.
Isidro, obrigada por explicar a questão do whistleblower. Quanto ao resto do seu comentário, não entendi muito bem.
EliminarCorrijo,” lhe” por “lhes”, como decorre da frase:
Eliminar…porque a anomalia lhes dá a aparência…
Helena, prefiro não desenvolver. (Obrigado por lembrar os demais leitores que é matéria complexa).
Tiro ao Alvo, não sei se a pergunta era para mim. Também já defendi a Bárbara Guimarães e as esganiçadas do BE. Até defendi o Mário Centeno quando gozaram com a sua branca cerebral.
EliminarSe me conhecesse há trinta anos, tinha-me visto a acusar o modo como a comunicação social tratou o caso do arquitecto Tomás Taveira, e daquela revista que publicou imagens privadas dele. Se me conhecesse há 15 anos, ouvia-me a protestar contra a vergonha de publicar no mundo inteiro pormenores da vida sexual do Clinton. Se me conhecesse há 10 anos, ouvia-me a protestar contra a publicação de telefonemas privados de políticos (penso que foi no Público, já não me lembro).
ResponderEliminarQuer mais exemplos?
(este comentário é uma resposta ao Tiro ao Alvo)
EliminarAJUDA:
ResponderEliminar«(...)
o critério da veracidade não pode ser satisfeito com a mera invocação de uma opinião pública crédula e ávida de escândalos.
(...)
A veracidade não pode ser justificada através de mecanismos de estigmatização, maledicência, intriga e boato.
(...)
a liberdade de emitir publicamente opiniões sobre qualquer pessoa tem como limite inultrapassável a objectividade e a racionalidade dos factos imputados e a boa-fé de quem os investiga e relata.
(...)»
Fernanda Palma (Penalista) 12/Dez./2010 00:30
http://www.cmjornal.xl.pt/.../injuria-e-difamacao.html
PS2
«(...)
Tristes tempos estes em que não aparecer de mão dada na capa das (...) é "ser hipócrita" e em que, parece, só há duas hipóteses: políticos sonsos ou exibicionistas, intimidades secretas ou completamente expostas. Tempos inquietantes, (...) - o ponto de não retorno, talvez.
(...)»
Fernanda Câncio 18/Jan./2008 00:00
http://www.dn.pt/.../2008/interior/sarkozypoint-1001039.html
Rita!...Todo o ser o ser humano tem o seu lado bom e o lado mau, mesmo que o lado bom seja uma necessidade para esconder o lado mau. O fato da Câncio te ter ajudado não quer dizer que o tenha feito gratuitamente. Como estás nos USA e numa posição de algum destaque isso perspetiva-lhe alguma relevância....Mas mesmo que por absurdo, admitamos que te ofereceu um pequeno alço grátis, isso não quer dizer que a soldo de mordomias, não se tenha deixado utilizar pelo Sócrates...Agora como considero a ingratidão o pior defeito de ser humano, fica-te bem defendê-la.....
ResponderEliminarMas eu não a defendi porque ela me ajudou. Eu defendi-a porque acho errado o que lhe estão a fazer; não teve nada a ver com gratidão. Tive de dizer que ela me ajudou porque não queria que as pessoas pensassem que a minha defesa é pagamento; não é pagamento, eu acredito que ela está a ser vitimizada. Também aqui já defendi a Bárbara Guimarães, o Mário Centeno, Cavaco Silva, e nunca me ofereceram nada, nem sequer alguma vez falei com eles, nem conto falar.
EliminarAh, esquecia-me, até defendi as senhoras do BE e eu não tenho nenhuma afinidade com elas, mas achei mal que lhes chamassem esganiçadas.
EliminarNao vou tentar dizer isto em legales porque me espeto. Mas a oposicao entre a liberdade de imprensa e os direitos de personalidade (penso que assim que se diz) e classica. Penso (mas nao tenho a certeza) que os juizes tendem a favorecer a primeira (mas nem sempre). Penso que e o que se esta a passar agora.
ResponderEliminarHelena, neste momento o CdM nao faz suposicoes, tem escutas.
Isidro Dias, nao percebi bem o seu comentario um pouco criptico. Esta a dizer que os jornalistas foram aceites como assistentes porque ajudaram (ou iniciaram a investigacao) e nao pelo interesse de informacao do publico?
ResponderEliminarIsabel (por todos),
Eliminar(1/4) "Os jornalistas foram aceites como assistentes porque ajudaram (ou iniciaram a investigação) "
- Enquanto jornalistas, nada são no processo, sim enquanto cidadãos que requereram o estatuto de assistente, o qual foi deferido. Daí terem acesso a certos dados, poderem fazer sugestões, apresentarem provas, etc. O facto de dizerem o que lhes apetece tem alicerce no seguinte - a PGR não pode, por lei, dizer se o que eles dizem está ou não está no processo pelo que eles ficam em roda livre. Há algum tempo, um tribunal "cortou-lhes as vazas" num ponto, mas não pode ir a todas. Isto é uma vergonha, e essa vergonha começa no legislador, acabando em todos nós, sempre que deixamos de ler as implicitações.
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(2/4) "E não pelo interesse de informação do publico?"
- Eles, jornalistas, nada têm a ver com a informação do processo ao público. Isto é um regabofe, realizado à vista de toda a gente, com fraude à lei, e tudo, à custa de, de vez em quando acertarem, nem sempre por acaso de coincidência.
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(3/4) "neste momento o CdM nao faz suposicoes, tem escutas."
- Em relação a essas escutas (que eu não ouvi, nem li) a jornalista Fernanda Câncio escreveu algo muito preciso num documento que está publicado, e que eu não venho citar, nem explicitar, nem nada, porque não, e porque, para mim, faz sentido. Além disso eu deposito um pouco de confiança nas pessoas que são meticulosas em relação aos dados o que, comprovadamente, é o caso dela. No que alguém escreve eu leio sempre: (1) os dados, (2) como os interpreta, (3) no ponto dois respeito toda a gente. No ponto um desrespeito totalmente quem abuse. Espero não ter sido demasiado maçador.
Pela parte que me diz respeito: nada maçador. Muito obrigada!
EliminarObrigada, agora percebi melhor. Eu sabia que os jornalistas estavam a abusar do estatuto de assistente mas nao tinha percebido como funcionava.
ResponderEliminarQuanto as escutas, de facto fui imprudente: penso que as tem (como assistentes), mas isso nao significa que as reproduzam correctamente (se e que se pode dizer assim). Eu pessoalmente, penso que nao as inventam (Occam...), mas nao posso ter a certeza.
A mim continua a incomodar-me mais que a imprensa de referencia publique artigos "redigidos"pela defesa (como foi o caso dos artigos do Expresso e outros com extensas citacoes unicamente da posicao vencida no unico caso em que um desembargador abonou em seu favor) do que isto que estamos a discutir. Mas admito que nem todos pensem assim.
Quando chamam "escutas" a um resumo de escutas estão a inventar e lá vai o "Occam".
EliminarEx.
Alguém DISSE QUE LHE DISSE (a ela, FC) que certos euros não pertenciam ao seu marido (dela, mulher de CS), antes a um amigo (dele, CS) de quem os tinha no bolso (e que o jornalista definiu como JS). Quem sabe um pouco de lógica modal, e de outras lógicas, sabe desmontar este tipo de tretas antes de ouvir tudo.
PS
Os advogados de cada um defendem quem os contrata e todos sabemos isso. Por mim, uso filtros, que é o que sugiro a toda a gente.
Quanto aos acórdãos, muitas vezes se aprende mais nos relatórios dos vencidos que dos vencedores. E, no entanto, às vezes os vencedores são tão brilhantes que até parece que a sua perfeição se deveu ao medo de perderem. Pois... Há algum tempo alguém me disse que, na sua experiência, quase 90% dos acórdãos dos tribunais superiores são copy/paste...
IsabelPS, Fica incomodada com o pronunciamento da defesa? Fica satisfeita só com pronunciamentos da acusação e insinuações dos criativos do CM? Não é a única, Isabel. Pelo que observamos, há muitos casos como o seu, no Portugal de hoje. Sociólogos, historiadores e psicólogos, se os houver, terão que um dia explicar o que se está a passar. Ou esses ou o Pinker.
ResponderEliminarNao fico absolutamente nada incomodada com o pronunciamento da defesa, que esta a fazer o seu papel. Fico incomodada com os jornalistas que nao fazem o deles.
ResponderEliminarIsidro Dias, quando eu tento ler (tento! porque ainda um dia alguem se ha-de debrucar sobre a ilegibilidade da linguagem juridica) a decisao recorrida que deu origem ao ultimo acordao do TC e nao encontro rasto dela na imprensa, mas sim extensas citacoes da posicao vencida... Nao acha curioso? Ainda para mais sendo a UNICA posicao discordante em dezenas de recursos (acho que ja vamos em dezenas)?
Quanto a qualidade dos acordaos, devo dizer que pedi a uma amiga jurista que lesse o tal do TC para confirmar ou infirmar a minha percepcao: que era um arraso tal que, se eu fosse o cliente daqueles advogados, despedia-os no dua seguinte :-) Mas eu nao sou jurista...
O seu desafio foi muito interessante pelo que adiciono algumas observações. Ah! E eu também não sou jurista, nem tenho vergonha de não ser, o que até poderia ter sido se quisesse ter seguido uma sugestão de família. Não quis mas, noutras áreas, sempre cultivei o raciocínio analítico que muito aprecio nos juristas que sabem o que estão a fazer, seja em que função for, porque não é um monopólio deles:
Eliminar---------------------
"Papel. Fico incomodada com os jornalistas que não fazem o deles."
- Subscrevo e sugiro uma reflexão e seus comentários neste DdD:
"Das cópias" (Luís Gaspar) 15/Dez./2015
http://destrezadasduvidas.blogspot.pt/2015/12/das-copias.html
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"quando eu tento ler (tento! porque ainda um dia alguém se há-de debruçar sobre a ilegibilidade da linguagem jurídica) "
- É um problema que põe algumas leis e acórdãos ao nível da ciência da loja dos trezentos, da literatura que apenas ajuda quem a escreve, da psicologia "folk" e da filosofia barata, nem sempre sem uma intenção e um cálculo sobre a sua segmentação de beneficiários. Se são obscuros é porque não inanes e não basta introduzir-lhes cabritos ou peixes para esclarecê-los, porque temos mais recursos que no tempo das primeiras mitologias. E, não menos, temos o art.º 9.º do Código Civil, cujas etiquetas são muito boas para colar na testa de alguns intérpretes.
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"a decisão recorrida que deu origem ao último acórdão do TC e não encontro rasto dela na imprensa"
- "Touché".
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"ÚNICA posição discordante em dezenas de recursos (acho que já vamos em dezenas)?"
- A concordância entre as referidas dezenas está ao nível do copy/paste a que me referi mais acima, não só por parte dos juízes, mas também por parte dos requerentes. Ao que parece, nenhum dos lados quis subir de nível e é por isso que, por mim, muito valorizei uma das raras "pedradas no charco", porque, independentemente do resultado, gosto de ver pensar, em especial quando quase toda gente desistiu de fazê-lo, ora com medo da imprensa, da populaça ou do patrão.
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"era um arraso tal que, se eu fosse o cliente daqueles advogados, despedia-os no dia seguinte"
- Durante toda esta lide, que segui com protecções estruturadas contra a alteração e invenção de factos não percebi, de todo, algumas opções técnicas. Hoje percebo e isso ficou a dever-se a um erro humano do ex-preso preventivo e por um erro do mesmo tipo por parte do juiz de instrução. Não escrevo sobre nenhum deles e por razões diferentes, porque, como aprendi no primeiro livro completo que li, quando era menino, "o saber envolve responsabilidade" de não fazer uso inapropriado de características muito pessoais de cada um, sobretudo quando se trata da ilusão de conhecer, a partir de informação indirecta.
Espero que se esteja a divertir tanto como eu, por isso continuo a conversa (deste feita com acentos!)...
Eliminar1) Copy paste. A minha "epifania" em relação ao copy paste no jornalismo (e, mais ainda, à manipulação da informação através das omissões) começou com as agências noticiosas. Há uns anos atrás, quando eu lia diariamente o Guardian e o San Francisco Gate, sucedeu um desses casos "policiais", digamos, que agitam o planeta e que envolviam ingleses. Como muita gente, eu seguia a história mais ou menos distraidamente e acabei por me aperceber que esses dois jornais, un inglês, outro americano, publicavam exactamente o mesmo texto, da AP. Até que um dia me deparei com uma pequena diferença: o texto americano citava uma fonte, nomeando-a, o texto inglês fazia a mesma citação, atribuindo-a a "a friend of the family". Estranho, não é? Ainda se fosse ao contrário... Que os americanos ignorassem quem era a pessoa que falava e lhe chamassem "um amigo da família", eu podia entender, agora que os ingleses o ocultassem, havia de haver uma boa razão para isso. Como há-se calcular, a história propriamente dita (que eu segui obsessivamente durante anos) passou para segundo plano e o ponto central do meu interesse foi a forma como a imprensa devários países a tratava. Ainda não me recompus desse interesse... É por isso que digo que só seguindo uma história determinada com atenção é que se percebe o que a imprensa mostra e o que esconde.
Não é que eu siga este caso com a mesma atenção. Mas reconheço alguns pontos comuns e uma estratégia que, penso eu, deve ser comum a todos os casos mediáticos: os jornais, naturalmente, têm interesse em vender e puxam por tudo aquilo que, em seu entender, o público quer ler (uns com mais seriedade outros com menos... mas devo dizer que, na minha experiência não temos nada que de perto ou de longe se assemelhe aos tablóides britânicos!); mas, ao contrário do que se poderia pensar, certos "suspeitos", chamemos-lhe assim, escolhem jogar em dois tabuleiros, o legal e o mediático e, por conseguinte, não estou absolutamente nada convencida de que a famosa violação do segredo de justiça vem sempre da invrestigação, antes pelo contrário. Um "suspeito" que tenha assesso à imprensa pode muito facilmente manipular a opinião pública, e não precisa sequer de mentir ou plantar informações falsas. Dada a falta de memória que grassa, basta-lhe, muitas vezes, gerir a agenda noticiosa e, mais importante ainda, os silêncios; por exemplo, anunciando com grande estrondo cada acção ou recurso que interpõe, e calando todas as decisões que lhe são adversas. Como a imprensa, mais uma vez, agradece que lhe forneçam artigos e não faz o seu papel de escrutínio independente, temos situações como a do Paulo Pedroso que para muita gente terá recebido uma indemnização milionária do Estado quando, na verdade, perdeu em todas as instâncias.
Quanto à linguagem jurídica, acho que ultrapassa todo o jargão de todas as profissões quie conheço. Ao tentar ler o famigerado acórdão só me veio à mente uma casta... ou a língua especial que as mulheres falam no Iémen para não serem entendidas pelos homens! :-)
Quanto a esta lide em particular, a procissão ainda vai no adro. E, sabendo perfeitamente que só conhecerei uma parte da realidade, o que efectivamente se passou (sendo que a maior parte do que seria interessante conhecer nem sequer é da minha conta porque não é crime embora possa eventualmente fazer parte das coisas que me fazem evitar umas pessoas e não outras) o que me interessa verdadeiramente em outras histórias é a forma como a imprensa funciona...
"Isidro Dias, quando eu tento ler (tento! porque ainda um dia alguem se ha-de debrucar sobre a ilegibilidade da linguagem juridica) a decisao recorrida que deu origem ao ultimo acordao do TC e nao encontro rasto dela na imprensa, mas sim extensas citacoes da posicao vencida... Nao acha curioso? "
ResponderEliminarÉ, de facto, curiosíssimo. Também ando à procura da fundamentação da decisão contrária à do juiz relator desse acordão. A minha suspeita é de que não existe. Votaram contra sem dar cavaco a ninguém. Se alguém tiver conhecimento desse documento que o indique para que se possa comparar o racional dessas duas decisões opostas.
Isidro Dias, escrevi-lhe uma longa resposta porque estava a gostar da conversa mas estou num sítio estranho e não sei se desapareceu...
ResponderEliminarAh, afinal está aqui, só não posso usar esta rede!
ResponderEliminarNG, nem todos os acórdãos se encontram facilmente. Alguns são publicados muito tempo depois (este do TC está datado de 15 de Dezembro de 2015 e só foi publicado em DR no princípio de Março). Não tenho sequer a certeza de que todos sejam publicados nos sites próprios, mesmo que sejam públicos.
Desculpe, mas a sua teoria é absurda. A minha (que foi a defesa que passou o texto à imprensa) é muito mais simples.
NG, de facto não encontro o acórdão em parte nenhuma. O site da Relação de Lisboa só tem meia dúzia deles. Mas se é só para comparar as posições de uns e outros, o Acórdão do TC cita muito extensamente a decisão recorrida. O link para esse do TC pode encontrá-lo facilmente, por exemplo, no artigo da Eva Gaspar no Jornal de Negócios, de 1 de Março.
ResponderEliminarIsabel, referia-me a este mas também já não o encontro http://www.sabado.pt/portugal/detalhe/juiz_garante_que_inexistem_factos_incriminatorios.html
ResponderEliminarAlguém um dia vai colocar todo o processo no mesmo lugar para que os racionais da acusação e da defesa possam ser escrutinados publicamente, sem gente velhaca que gosta de ser tratada como jornalista pelo meio.
Para as pessoas que se dão bem com um pouco de formalização: além da vida pública e da vida privada, é necessário considerar a vida íntima e, quando exista, a extimidade ("extimité" e "extimacy").
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