Um blogue de tip@s que percebem montes de Economia, Estatística, História, Filosofia, Cinema, Roupa Interior Feminina, Literatura, Laser Alexandrite, Religião, Pontes, Educação, Direito e Constituições. Numa palavra, holísticos.
quinta-feira, 10 de março de 2016
Recessões nos EUA
O blog da Reserva Federal publicou há três dias uma comparação da recuperação da economia americana depois das recessões de 1933, 1982, e 2009. Podem ver o post aqui.
A recessão de 82 não tem nada a ver com quantitative easing. A Reserva Federal aumentou as taxas de juro quase até 20% em 1981 para controlar as expectativas de inflação e, depois, à medida que a inflação baixou por causa do desemprego, as taxas de juro foram baixando -- isso é quantitative easing?
Seja como for, o preço do dinheiro deveria ser determinado pelo mercado e não por manipulações estatistas. Depois há as "misallocations of resources" e as bolhas - e a culpa, claro, é do "neoliberalismo", quando, na realidade, é do "paleoestatismo".
A Grande Depressão só terminou cerca de 1940/41, oito anos depois de postas em prática as medidas keynesianas. Quanto ao New Deal, embora também direccionado à recuperação económica, estava essencialmente focado no alívio da carência e da pobreza, bem como no da reforma financeira - e sei que não estou adar novidade nenhuma. Também há quem diga que a recuperação se deu, não por causa do New Deal, mas apesar dele..
É um bocado difícil de comparar recessões mais recentes com a Depressão porque a política monetária durante a Grande Depressão foi contraccionista, não havia estabilizadores automáticos, e havia grande atraso em termos de regulação, por exemplo, a regulação da banca era fraca. Muitos bancos exigiram o pagamento imediato de empréstimos antes do final do prazo destes -- hoje isso é ilegal. É lógico que muitas pessoas não tinham dinheiro para saldar a totalidade do empréstimo, o que levou a que a banca acabasse com muitas propriedades num mercado em que não havia compradores. Ou seja, houve muitas coisas que exacerbaram a recessão e como o PIB desceu bastante, é natural que as taxas de crescimento tenham sido muito mais altas na recuperação, do que em recessões onde já havia estabilizadores automáticos a funcionar.
Note-se que a recessão de 82 foi causada pela Reserva Federal para controlar inflação, logo foi mais ou menos controlada.
Ora aí está, Rita: já o Milton Friedman fez esse diagnóstico da Grande Depressão: ela terá sido causada mais pelo Fed que por outra coisa qualquer. Mas que "estabilizadores automáticos" não havia?
O seguro de desemprego só começou a ser instaurado em 1932 no Wisconsin, seis mais estados passaram-no em 1935, e é um estabilizador automático: é mais activado durante recessões e durante tempos de expansão acumula fundos. A Segurança Social também é um estabilizador automático, pois garante que os reformados tenham sempre um rendimento mínimo e força-os a poupar quando estão empregados. Tudo isso foi feito como consequência da Grande Recessão. É lógico que a primeira geração que beneficiou desses fundos não tinha poupado para os receber. No entanto, pensa na recessão de 2008: os baby-boomers acabaram por absorver parte do risco da recessão, pois tinham casas pagas, pagamentos da Segurança Social, e poupanças acumuladas, logo não precisaram de reduzir o seu consumo muito. Se essa geração não fosse tão rica, os EUA teriam tido uma recessão muito pior.
Não sei se acrescentará algo de útil mas o início da 2ª guerra mundial corresponde ao ponto 6 da linha azul e o início da guerra do golfo corresponde ao ponto 8 da linha vermelha. Mas como diria o grande JJ, as guerras do golfo são "peaners".
Pois as gerras do golfo acabaram por não produzir nenhum crescimento; mas foram óptimas para produzir montes de dívida... Na Segunda Grande Guerra Mundial, as mulheres entraram na força de trabalho e depois, quando os homens voltaram, muitas continuaram a trabalhar, o que beneficiou a economia bastante. Para além disso, os sobreviventes da SGGM não custaram tanto à economia como os das guerras do Golfo e os sobreviventes das guerras do Golfo são muito caros de manter porque têm muitos problemas físicos e mentais. E muitos não têm os cuidados que precisam. Estas guerras do Golfo foram uma grande imoralidade...
A Primeira Guerra do Golfo não aho que tenha sido imoralidade alguma. Foi uma coligação internacional - que até árabes incluíu - com mandato das Naçoes Unidas, e teve o objectivo de desalojar do Kuwait o invasor iraquiano. Acho mesmo que só o Saddam Hussein (além do Arafat e do Rei Hussein) a criticaram. E nem qualquer polémica político-partidária gerou nos EUA.
Viva Keynes! Viva Keynes! Viva Keynes! :)
ResponderEliminar(desculpa, não resisti)
No tempo de Keynes não havia tantas bolhas a desperdiçar recursos.
EliminarKeynes não é tido nem achado (ou pouco) nas recuperações das recessões de 1982 e 2009. É mais Milton Friedman ("Quantitative Easing" anyone?).
EliminarA recessão de 82 não tem nada a ver com quantitative easing. A Reserva Federal aumentou as taxas de juro quase até 20% em 1981 para controlar as expectativas de inflação e, depois, à medida que a inflação baixou por causa do desemprego, as taxas de juro foram baixando -- isso é quantitative easing?
EliminarNão, mas também não é keynesianismo do género "abrir um buraco e voltar a tapá-lo" (expressão do próprio Keynes) para dar emprego ao pessoal.
EliminarSeja como for, o preço do dinheiro deveria ser determinado pelo mercado e não por manipulações estatistas. Depois há as "misallocations of resources" e as bolhas - e a culpa, claro, é do "neoliberalismo", quando, na realidade, é do "paleoestatismo".
EliminarPera aí, mas o "New Deal" não tinha sido responsável por prolongar a grande recessão e prejudicado a recuperação? Estou confuso...
ResponderEliminarHá quem defenda isso, mas é uma corrente ultra-minoritária.
EliminarOlha que por cá então o que não faltam são blogues ultra-minoritários - os österblogues. ;)
EliminarA Grande Depressão só terminou cerca de 1940/41, oito anos depois de postas em prática as medidas keynesianas. Quanto ao New Deal, embora também direccionado à recuperação económica, estava essencialmente focado no alívio da carência e da pobreza, bem como no da reforma financeira - e sei que não estou adar novidade nenhuma. Também há quem diga que a recuperação se deu, não por causa do New Deal, mas apesar dele..
EliminarÉ um bocado difícil de comparar recessões mais recentes com a Depressão porque a política monetária durante a Grande Depressão foi contraccionista, não havia estabilizadores automáticos, e havia grande atraso em termos de regulação, por exemplo, a regulação da banca era fraca. Muitos bancos exigiram o pagamento imediato de empréstimos antes do final do prazo destes -- hoje isso é ilegal. É lógico que muitas pessoas não tinham dinheiro para saldar a totalidade do empréstimo, o que levou a que a banca acabasse com muitas propriedades num mercado em que não havia compradores. Ou seja, houve muitas coisas que exacerbaram a recessão e como o PIB desceu bastante, é natural que as taxas de crescimento tenham sido muito mais altas na recuperação, do que em recessões onde já havia estabilizadores automáticos a funcionar.
EliminarNote-se que a recessão de 82 foi causada pela Reserva Federal para controlar inflação, logo foi mais ou menos controlada.
Ora aí está, Rita: já o Milton Friedman fez esse diagnóstico da Grande Depressão: ela terá sido causada mais pelo Fed que por outra coisa qualquer. Mas que "estabilizadores automáticos" não havia?
EliminarO seguro de desemprego só começou a ser instaurado em 1932 no Wisconsin, seis mais estados passaram-no em 1935, e é um estabilizador automático: é mais activado durante recessões e durante tempos de expansão acumula fundos. A Segurança Social também é um estabilizador automático, pois garante que os reformados tenham sempre um rendimento mínimo e força-os a poupar quando estão empregados. Tudo isso foi feito como consequência da Grande Recessão. É lógico que a primeira geração que beneficiou desses fundos não tinha poupado para os receber. No entanto, pensa na recessão de 2008: os baby-boomers acabaram por absorver parte do risco da recessão, pois tinham casas pagas, pagamentos da Segurança Social, e poupanças acumuladas, logo não precisaram de reduzir o seu consumo muito. Se essa geração não fosse tão rica, os EUA teriam tido uma recessão muito pior.
EliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarNão sei se acrescentará algo de útil mas o início da 2ª guerra mundial corresponde ao ponto 6 da linha azul e o início da guerra do golfo corresponde ao ponto 8 da linha vermelha. Mas como diria o grande JJ, as guerras do golfo são "peaners".
ResponderEliminarAs guerras são a continuação do Keynesianismo por outros meios... ;)
EliminarPois as gerras do golfo acabaram por não produzir nenhum crescimento; mas foram óptimas para produzir montes de dívida... Na Segunda Grande Guerra Mundial, as mulheres entraram na força de trabalho e depois, quando os homens voltaram, muitas continuaram a trabalhar, o que beneficiou a economia bastante. Para além disso, os sobreviventes da SGGM não custaram tanto à economia como os das guerras do Golfo e os sobreviventes das guerras do Golfo são muito caros de manter porque têm muitos problemas físicos e mentais. E muitos não têm os cuidados que precisam. Estas guerras do Golfo foram uma grande imoralidade...
EliminarA Primeira Guerra do Golfo não aho que tenha sido imoralidade alguma. Foi uma coligação internacional - que até árabes incluíu - com mandato das Naçoes Unidas, e teve o objectivo de desalojar do Kuwait o invasor iraquiano. Acho mesmo que só o Saddam Hussein (além do Arafat e do Rei Hussein) a criticaram. E nem qualquer polémica político-partidária gerou nos EUA.
Eliminar