“A Universidade de Évora foi a segunda universidade a ser fundada em Portugal. (…) Ainda que a ideia original de criação da segunda universidade do Reino, tenha pertencido a D. João III, coube ao Cardeal D. Henrique a sua concretização. Interessado nas questões de ensino, começou por fundar o Colégio do Espírito Santo, confiando-o à então recentemente fundada Companhia de Jesus. (…) Com a anuência do Papa Paulo IV, expressa na bula Cum a nobis de Abril de 1559, foi criada a nova Universidade, com direito a leccionar todas as matérias, excepto a Medicina, o Direito Civil e a parte contenciosa do Direito Canónico.”
“As principais matérias ensinadas eram Filosofia, Moral, Escritura, Teologia Especulativa, Retórica, Gramática e Humanidades, o que insere plenamente esta Universidade no quadro tradicional contra-reformista das instituições católicas europeias do ensino superior, grande parte das quais, aliás, controladas pelos jesuítas.
No reinado de D. Pedro II, viria a ser introduzido o ensino das Matemáticas, abrangendo matérias tão variadas, como a Geografia, a Física, ou a Arquitectura Militar.”
“O prestígio da Universidade de Évora durante os dois séculos da sua primeira fase de existência confundiu-se com o prestígio e o valor científico dos seus docentes. A ela estiveram ligados nomes relevantes da cultura portuguesa e espanhola, dos quais importa ressaltar, em primeira linha, Luis de Molina, Teólogo e moralista de criatividade e renome europeu. Em Évora, foi doutorado um outro luminar da cultura ibérica desse tempo, o jesuíta Francisco Suárez, depois professor na Universidade de Coimbra. Aqui ensinou durante algum tempo Pedro da Fonseca, considerado o mais importante filósofo português quinhentista, célebre pelo esforço de renovação neo-escolástica do pensamento aristotélico.”
“Quando a conjuntura política e cultural de meados do século XVIII se começou a revelar hostil aos jesuítas, não admira que a Universidade de Évora se tenha facilmente transformado um alvo da política reformadora e centralista de Pombal. Em 8 de Fevereiro de 1759 - duzentos anos após a fundação - a Universidade foi cercada por tropas de cavalaria, em consequência do decreto de expulsão e banimento dos jesuítas. Após largo tempo de reclusão debaixo de armas, os mestres acabaram por ser levados para Lisboa, onde muitos foram encarcerados no tristemente célebre Forte da Junqueira. Outros foram sumariamente deportados para os Estados Pontifícios.”
Fonte: http://www.uevora.pt/conhecer/a_universidade
Ui! Esse acabou mal...
ResponderEliminarEsse Pombal - também cohecido por Oeiras - foi o maior assassino da História de Portugal, o que não impediu que lhe eregissem uma estátua em Lisboa.
ResponderEliminarE toda a gente sabe como correu nem para Portugal o sec XIX, a que não terá sido alheio o analfabetismo que aqui grassava face ao resto da Europa mais desenvolvida.
ResponderEliminarTambém não terá sido alheio o Terramoto, de que toda a gente se esquece.
EliminarSe se refere à estátua, Isabel, ela foi erigida em Lisboa, claro, dado o terramoto ter afectado essencialmente a zona meridional do país. No Porto, por exemplo, o Pombal é mais lembrado pela árvore da forca, na Cordoaria, com que foram "mimoseados" os revoltosos contra a criação do monopólio estatal cochecido por Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro.
EliminarNão, não me estou a referir a Pombal, estou a referir-me aos efeitos a longo prazo (séc. XIX... XX?) do Terramoto.
EliminarMais uma vez, acho isso exagerado. Grande parte do país não foi afectada pelo Terramoto.
EliminarCaro João Cerejeira da Silva:
ResponderEliminarContrato de associação?
Quanto pagava o Estado e qual a comparação com o custo de um aluno na universidade pública?
Havia sobreposição de oferta na mesma localidade?
Havia transporte público para os alunos?
Os alunos problemáticos também podiam entrar ou eram seleccionados (excluídos)?
(Bem, estas 4 últimas perguntas são retóricas, como é evidente).
Mais uma vez, a confusão entre o «Género Humano e o Manuel Germano», como disse o escritor Mário e Carvalho nesta lapidar e criativa frase.
A descontextualização das situações é uma das formas mais primárias de proselitismo partidário ou ideológico.
Se eu quisesse fazer demagogia barata apresentava estes números:
Analfabetismo:
1890 - 75,9% a)
1900 - 74,5% a)
1911 - 70,3% a)
1920 - 66,2% a)
1930 - 61,8% a)
1940 - 49,0% a)
1950 - 40,4% a)
1960 - 30,3% a)
a) Fontes: Decreto-Lei n.º 38 968, 27/10/1952 e X Recenseamento Geral da População - 1960
1970 – 25,75% b)
1981 – 18,6% b)
1991 – 11,0% b)
2001 – 9,0% b)
2011 - 5,2% b)
b) – Fonte: Pordata
E tirava esta ilação:
A Universidade de Évora (e o seu 1.º contrato de associação, de 1559) pouco contribuiu para o desenvolvimento educativo e a erradicação do analfabetismo em Portugal (formando professores e difundindo o gosto pelo saber e pela cultura, limitou-se a formar uma pequeníssima elite de matriz religiosa).
Quem deu esse contributo decisivo foi a Escola Pública, generalizada a todo o território nacional, especialmente nos últimos 40 anos (dos séculos XX e XXI).
O Manuel Silva hoje acordou bem disposto e decidiu gozar com a gente. P
EliminarTiro ao Alvo:
EliminarEu não gosto de gozar com ninguém.
Já ironizar é outra coisa e às vezes é o que nos resta perante o ambiente em que vivemos.
Eu costumo caracterizar este ambiente como o PREC da Direita-Extrema, por contraponto ao PREC da Esquerda-Extrema de tão má memória e que tantas consequências negativas teve para o país.
O elo que une os dois PREC é a irracionalidade e a adesão por moda, por contágio, sem o mínimo de reflexão crítica por parte de muitas (talvez a maioria) das pessoas que a ele adere.
Agora está na moda o PREC da Direita-Extrema, adiramos a ele, parece ser a máxima de muita gente.
Tudo vale para tal adesão se efectivar: está na moda atacar a Escola Pública, tudo serve para o fazer.
As consequências virão depois, não interessam.
Está na moda atacar o Estado, ataquemos.
Quer mais uma ironia?
Será a organização do autoproclamado Estado Islâmico o desideratum extremo de quem o faz?
E as madrassas os locais de educação?
Caro Manuel Silva, é claro que o título é "demagógico". Mas o meu ponto é este: quanto perdeu o país por ter sido encerrada a única universidade alternativa a Coimbra? Recordo a depois de Évora só voltamos a ter universidades fora de Coimbra em 1911. Não podemos adivinhar qual teria sido a evolução da Universidade de Évora, caso o Marquês não a tivesse encerrado, mas será que não podemos inferir que teria dado um contributo positivo para o país, contrariando o atraso que se foi aprofundando desde então?
EliminarCumrimentos, J.C.
Caro João Cerejeira da Silva:
EliminarEm primeiro lugar quero agradecer-lhe o tom cordato da sua resposta.
Infelizmente a maioria dos «posteiros» reagem mal à crítica.
Põe o problema insolúvel que contamina todos os debates: a prova contrafactual.
Como não existe, deixa liberdade às crenças mais obtusas de uns, à defesa mais ou menos aceitável das convicções de outros, enfim, abre um mar de possibilidades de cada um imaginar o que quiser.
Cumprimentos também para si.
Prestígio e valor científico dos docentes da Universidade de Évora? A sério? Eu sei que era um baluarte contra a heresia, um bastião da contra-reforma, mas... valor científico?... o Luís de Molina? Sim, claro, a Summa Theológica ainda hoje é considerada um tremendo avanço na ciência...
ResponderEliminarCaro Renato, deve fazer uma queixa à fonte que citei (literalmente)... :)
EliminarCumprimentos
J.C.
João, eu não tenho de fazer queixa a ninguém; apenas fiz um comentário. O site da Universidade de Évora coloca o que lhe apetecer para engrandecer a instituição. Diz que não se sabe qual a evolução da U de Evora caso o Marquês não a tivesse encerrado. Pois não se sabe e fica-se sem se saber, da mesma maneira que eu ficarei sem saber o que teria acontecido à minha avó se ela ganhasse rodas. Mas se o site oficial diz que ela já tinha um enorme prestígio científico, para que é que era preciso evoluir?
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