Alguns articulistas manifestaram a sua
preocupação com a estagnação do investimento. Há problemas graves com o motor
de arranque da economia. O extraordinário é alguém pensar que, nas actuais circunstâncias,
as coisas poderiam ser diferentes. Quem, no seu perfeito juízo, não pensa mil
vezes antes de investir um cêntimo que seja num país cujo governo é apoiado por
partidos da esquerda radical, que odeiam o capitalismo, os empresários, os
ricos? Partidos que nunca deixaram de desejar uma revolução, nacionalizar tudo
o que se mexe, e que continuam a suspirar de admiração pelos Castros e Chavez deste
mundo? O governo pode engendrar os “simplexes” que quiser, o primeiro-ministro
pode falar de confiança a toda a hora, e transpirar optimismo por todos os
poros, mas se os empresários não acreditarem, o investimento não se levanta. Keynes
explica. E basta ouvir as meninas do Bloco, Jerónimo de Sousa ou os Galambas do
PS para qualquer investidor perder logo o pouco ânimo que ainda pudesse ter.
Que verdade a deste post! Até aqui Portugal tinha problemas próprios que o tornavam, já por si mesmo, algo dúbio para os investidores. Isto mesmo é plasmado no Global Competitiveness Report do Forum Económico Mundial e no Ease of Doing Business Index do Banco Mundial. A todos esses lastros para a competitividade da República enquanto destino para o investimento junta-se agora o problema político que é muito mais grave que todos os outros juntos. Até esta altura o PCP e o BE existiam mas ninguém pensava na sua presença num governo. Agora que chegaram ao governo criou-se em Portugal o risco político. Ora, como não é de supôr que BE e PCP desapareçam num futuro próximo, este risco político está para ficar e perdurar nos anos. Os restantes problemas podem resolver-se, assim haja vontade para isso. Não acredito que se resolvam dado não haver vontade da sociedade para os resolver mas são problemas passiveis de resolução. O risco político não tem solução possivel. E precisamente por isso é mais grave do que todos os outros, mais duradouro no tempo, permanente.
ResponderEliminarOs efeitos da geringonça irão perdurar por muitos e muitos anos, muito para além do horizonte da legislatura. E este é o grande, grande mal que esta gente está a fazer ao país.
Zuricher,
EliminarEsperemos que os efeitos da geringonça não sejam assim tão duradouros.
Caro J. C. Alexandre:
ResponderEliminarContinue que só confirma o título do post acima: «Falso, mas convincente» desdobrado na frase "the constant repetition of falsehood is more convincing than the demonstration of truth."
Normalmente investe-se num dia ao deitar e os efeitos na economia fazem-se sentir no dia imediato pela manhãzinha, à hora do pequeno almoço.
O gráfico n.º 3, com dados da Comissão Europeia, «Evolução da posição do investimento internacional» no período de 1997 a 2014, é bem elucidativo da confiança que os investidores tinham e que o governo da Geringonça destruiu.
É pena que neste gráfico não se mostre o ano de 2015, mas já se sabe que os valores confirmam a trajectória dos anos anteriores agravando-a, tendo sido os mais baixos desde 1986, data da entrada na CEE.
Ver aqui os dados entre 1997 e 2014: http://expresso.sapo.pt/economia/cinco-graficos-que-destroem-o-otimismo-do-governo=f913836
Pois o ideal para os empresários é investirem em países onde se paguem salários que dêem para pagar uma tigela da arroz como no Camboja ou no Vietname. Era esta estratégia econômica que Passos Coelho (com as devidas proporções) pretendia seguir. Os portugueses democraticamente disseram que não queriam este caminho. Prefiro que o investimento esteja estagnado do que esteja a crescer orientado por uma estratégia nesse rumo.
ResponderEliminarPois, "no Camboja ou no Vietname", deu dois bons exemplos dos resultados das políticas defendidas pela nossa esquerda radical. Claro que, livre e democraticamente, podemos preferir acabar a comer uma tigela de arroz por dia e mandar o investimento às urtigas.
EliminarNas palavras do Paulo Sá está plasmado o problema da sociedade portuguesa: o não compreender que o rendimento que se recebe tem de ter necessariamente uma relação com o que se produz. Não é viável (nem justo) que o camponês vietnamita que no fim do dia produziu um saco de arroz receba o mesmo que o agricultor português mais produtivo que produziu vinte sacos ou que um operário alemão com a sua participação na produção de Mercedes. Para ter salários altos não é só querer, é preciso produzir coisas valiosas, mas em Portugal é-se um extraterrestre se se disser isso.
ResponderEliminarJosé Carlos Alexandre, só não percebi o que é que "Keynes explica".
ResponderEliminarkeynes dizia que as decisões de investimento são imprevisíveis, dependem das expectativas, antecipações dos empresários, dos "animal spirits" como ele dizia.
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