segunda-feira, 27 de junho de 2016

Isto vai ser lindo...

A geração de baby-boomers, pessoas nascidas entre 1946 e 1964, começou a completar 70 anos este ano. Esta geração é a mais rica, em termos de poupanças, de toda a humanidade e é provável que a geração a seguir não os ultrapasse, pois não terão tido um mercado de trabalho tão generoso. As regras do Internal Revenue Service (a Autoridade Tributária aqui do burgo) exigem que, quando as pessoas completam 70,5 anos, são obrigadas a retirar dinheiro das contas poupança-reforma com impostos deferidos (isto quer dizer que as pessoas depositavam dinheiro na conta antes de impostos, só pagando impostos quando o dinheiro fosse levantado). O plano de liquidação destas contas presume que todo o dinheiro será levantado em 27,4 anos. Se as pessoas não retirarem o dinheiro e pagarem os impostos que devem voluntariamente, o IRS fá-lo-á por elas e ficará com metade do dinheiro levantado, depois de impostos liquidados (leiam a Bloomberg para mais detalhes). Os americanos podem parecer malucos e estúpidos, mas asseguro-vos que não são. Ou seja, este pessoal todo vai ter de liquidar mesmo estas contas.

Gostaria que vocês pensassem nas consequências disto dentro do enquadramento da economia mundial. Os EUA não tinham aumentado as taxas de juro para que as condições fossem acomodativas para o Brexit, que parece que irá acontecer. Os mercados estão assustados, logo as taxas de juro vão continuar baixas para assegurar liquidez. Mas mesmo que a Reserva Federal aumente as taxas de juro, os bancos americanos irão receber os depósitos dos baby-boomers, logo isso irá pressionar a descida das taxas de juro de mercado. Onde é que os bancos irão alocar esse dinheiro?

O capital não sabe onde se há-de enfiar, porque a Grã-Bretanha e a União Europeia estão em mares incertos. A China também não está lá muito bem, pois anda a insuflar uma bolha enorme de crédito, onde novos empréstimos a juros cada vez mais altos são contraídos para liquidar empréstimos anteriores, ou seja, os novos empréstimos não estão correlacionados com a capacidade de pagamento de quem os contrai. Na América do Sul não há grandes opções, o Brasil está caótico e a Argentina, que depende muito do mercado de commodities, está a recuperar da administração de Kirchner. No Médio Oriente, a quebra do preço do petróleo mostrou que as poupanças desses países não eram tão grandes como pareciam, logo não se same muito bem como é que essas economias irão crescer. A Rússia depende de uma só pessoa: Putin. O Japão está estagnado.

Dado este cenário, para onde irá o capital? Para os EUA. Os EUA irão ter liquidez a mais e irão aparecer bolhas. O cenário perfeito para revisitarmos uma crise financeira à escala mundial...

8 comentários:

  1. Eu presumo que seja nova; mas a sra Merkl num fim de semana em Nairobi trouxe assinados para Berlim 70 mil milhões de contratos assinados. Além do mundo que vexa parece conhecer há mito mais mundo; experimente uma inter rail e vai ficar espantada; claro que fica fora do politicamenete correcto, mas há.

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    1. Como é que explicas a apreciação do dólar? É porque os investidores estrangeiros andam muito ocupados a investir nos países do euro? Quanto mais a Alemanha crescer, maior as divergências entre o norte e sul da Europa e maior a probabilidade de a crise não se resolver.

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    2. O Dólar não apreciou tanto como o Real, por exemplo.

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    1. Ah, sim, os portugueses com o PIB estagnado há 15 anos são francamente superiores. Até o código fiscal português é superior, tão superior que desvia receitas fiscais dos combustíveis para Espanha!

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    3. Que bom! Sou ignorante. Obrigada, Isidro, pela sua preocupação em informar-me. Passe bem...

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    4. Este comentário foi removido pelo autor.

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