Sobre o tal "perigo árabe e muçulmano", digo o que sei: os meus filhos têm amigos que são refugiados sírios. Alguns deles vieram numa daquelas horrorosas travessias de barco, e depois sabe-se lá como atravessando meia Europa. O que se diz por aí sobre o perigo muçulmano não tem nada a ver com o que vejo cá em casa, quando eles nos visitam. Pode haver terroristas entre os refugiados, pode haver pessoas que se deixem levar pelo transtorno. Mas os refugiados que nós conhecemos são gente de bem, gente boa, alguns deles profundamente traumatizados, e todos a sofrer imenso com a falta de perspectivas e a saudade de um país que já não existe.
Metê-los no saco "perigo árabe e muçulmano" é uma injustiça atroz.
Helena, mas essa generalização a todos é precisamente fruto da política de portas abertas sem qualquer controlo de nada nem coisa nenhuma. Caso único no mundo, diga-se. Era o esperado e, sinceramente, embora possa racional e objectivamente reputar de algo exagerado, nos mesmos termos não posso reputar de errado. Aqui no DdD escrevi que isso iria acontecer (e irá a muito mais, lamentavelmente) e noutros sítios escrevo-o há vários anos. O problema, de resto, não começou com os refugiados. É um problema que começou a gerar-se no final dos 1990s, foi evoluindo e a questão dos refugiados agora é a gota que está a fazer transbordar o copo.
ResponderEliminarSinceramente não vejo qual o espanto de estar a haver essas reacções. São a mera expressão da natureza humana. Há muitas pessoas de bem, sem dúvida. Mas muitos, também, a quem nunca deveria ter sido permitida a entrada. Muitos que não se integram nem nunca integrarão. A par, naturalmente, com esta sandice ter sido ainda escancarar as portas a patifes que pretendem especifica e inequivocamente atacar o modus vivendi ocidental.
O mundo, as sociedades, a vida, as pessoas são muito mais complexos do que uma nuvem branca, um céu azul, um lago de nenúfares, tudo ao som de harpas e violinos.
Zuricher, os seus dois primeiros parágrafos são muito interessantes e davam bom tema para conversa. Mas depois escreveu sobre os nenúfares e os violinos, e estragou tudo. Não vou perder tempo consigo. Nem sequer voltarei a ler os seus comentários.
EliminarTem razão a Helena em não responder e na recusa de não mais ler comentários deste Blogger. Onde já se viu expressar ideias próprias, fundamentadas e que não estejam alinhadas com as cenas que a Helena guarda na cabeça? Francamente.
EliminarÓ Garbage, a Helena estava disposta a ler ideias próprias, fundamentadas e que não estavam alinhadas com as cenas que guarda na cabeça. Não gostou foi de ser chamada lírica. Está no seu pleno direito.
EliminarÉ curioso.
EliminarPor causa de um argumento exagerado, metem-se todos no mesmo saco e deitam-se todos fora.
Tal como, por causa de alguns imigrantes extremistas, se metem todos no mesmo saco e se rejeitam todos por igual.
Human nature?
O caro Zuricher foi educado.
EliminarIndo ao tema, julgo que Portugal estará a receber os refugiados menos problemáticos, já muito "filtrados". Não sei se é desses que a autora trata. Mas o problema não é esse.
Passo a explicar, o problema não está em geral nos Sírios, ou noutros muçulmanos. O problema está no facto de o Islão ser uma religião baseada em violência e intolerância. É isso que tem de ser realçado e não tem sido. É essa violência que é depois aproveitada por gente criminosa.
Sem reconhecer isso, vamos continuar a falar eternamente de casos particulares, muito discutíveis pela sua dimensão.
Não foi nos últimos casos, mas creio que, por regra, o maior problema tem sido com os filhos dos imigrantes - aí é difícil a filtragem à entrada (o que, admito, até poderá ser visto como um argumento para não deixar entrar nenhum).
ResponderEliminarÉ, verdadeiramente, esse, o centro do problema desde há miles de anos, caro M. Madeira!! É da identidade étnica e cultural que nascem as nações!! Há hoje, na Europa, nações que deambulam entre Estados. Este problema tornar-se-á evidente também nos Estados pos coloniais, à medida em que se consolidam como Estados históricos, com consciência histórica, em que a "construção da história" se faz por exclusão do outro! Por mais que se tente materializar o ius soli como critério de pertinência plena de nacionalidade, a história e a experiência têm-nos oferecido evidencias da fragilidade do preceito. Muitas nações nascerão, de forma espontânea, de territórios exíguos, como redutos protectores de uma determinada identidade étnica e cultural!! (Os estados historica ou imemorialmente multi-étnicos, como são exemplo a Rússia e a China, atravessam, recorrentemente, estas tensões, recompondo-se, por vezes, com a deportação de nações inteiras. A turquia, em cujo actual território se desenrolou metade da história helénica, nasceu afirmando-se altaica e turcomena, contra gregos e povos do caucaso, no estertor do multi étnico império otomano, deportando nações históricas, ali com mais de mil anos!)
EliminarÉ evidente que a história tem umas têtas muito grandes que dão para tudo, mas a persuasão do muito consabido deixa-me desarmadado e sem alento para, contra ela, arremeter. Um tanto ou quanto resignado ante certas tragédias anunciadas, ou como dizia, sobre a história, aquele alemão do sex XIX, repete-se, primeiro como tragédia e depois como farsa!! Um bem haja a todos,
Miguel, tenho ideia que há grupos entre os filhos de emigrantes que preparam os atentados realmente grandes. Por sorte, até agora a polícia conseguiu apanhá-los a todos antes de conseguirem realizar os ataques. Depois, há os actos isolados de loucura, como por exemplo o ataque ao comboio e agora este em Munique. Um era refugiado, o outro era filho de um casal "misto", alemão e iraniano. Também há os ataques espontâneos, como os de Colónia.
EliminarFenómenos diferentes, motivações diferentes. A motivação dos filhos dos emigrantes deve ter muito mais a ver com a pobreza e a falta de perspectivas que com a religião. No fundo, não andará muito longe do que leva jovens - sobretudo da região da antiga RDA - a tornarem-se neonazis cheios de violência e ódio.
Impossível arranjar uma solução que resolva simultaneamente todos os problemas.
É exactamente o feeling que o geral das pessoas têm. Os refugiados não são todos terroristas, mas todos os terroristas têm em comum uma determinada filosofia de vida e uma religião que não tem nada a ver com a vida ocidental. Eu vejo os refugiados individualmente, mas em grupo tenho uma opinião muito concreta que vai contra a sua.Em NICE pensou-se tb que era um "lobo solitário"e no final das investigacões(não tenho c cedilhado) era muito mais profundo, mais de um ano andou o terrorista a preparar este banho de sangue! Eu vi uma sociedade aberta e democrática como era a Holanda transformar-se num ninho de agressões fisicas, verbais e armas sufisticadas!
ResponderEliminarAnicha, isso que diz, que "todos os terroristas têm em comum uma religião que não tem nada a ver com a vida ocidental" não é verdade. Olhe o caso do Breivik, ou o da célula de neonazis alemães que andou durante dez anos a matar turcos. Só isso: escolhia um turco à sorte, matava-o, fugia.
EliminarA Anicha aponta algo muito real, uma questão que está a montante da questão que a Helena nos trouxe e que deveria ser - como é no resto do mundo civilizado - muito ponderada. É que isto de trazer pessoas é muito bonito, muito humano, muito cristão, muito fufu e muita gaitinha. Só que todas estas coisas têm impactos vários, sendo os impactos demográficos com os seus impactos societais un desses. A imigração é tema que deve ser muito controlado, muito estudado e é importante, entre vários outros aspectos, estudar devidamente, antes de permitir a entrada seja a quem for, quais os impactos demográficos que essas coisas têm não apenas no imediato mas também nos médio e longo prazos. É que uma coisa é ter uma população 95% homogénea com os restantes 5% distribuídos entre vários outros de culturas diferentes sem que nenhum alcance 1%. Outra bem diferente é ter 95% homogéneos com 5% também homogéneos doutra cultura. Ou proporções piores como é o caso em França. Sendo que os impactos desses 5% serem dum sítio ou de outro são diferentes. Só que, claro, isto eram questões para terem sido vistas há 20-25-30 anos atrás. Como os restantes países civilizados fizeram, no caso dos EUA há várias décadas até. Quando não se fazem as coisas com as necessárias ponderação e racionalidade, pois os resultados são aqueles que a Anicha nos descreve e piores.
ResponderEliminarSão estes resultados que dão origem precisamente ao que a Helena chamou "perigo árabe e muçulmano". Sendo que tudo isto poderia e deveria ter sido evitado se se tivesse pensado nas coisas devidamente e com termos há muitos anos. O problema é que nessa altura quem alertava para onde tudo chegaria dado o rumo que as coisas levavam era xenófobo, fascista, nazi e outras patetices do género. Agora estão a ver-se os resultados e a reacção das sociedades aos resultados. Tudo isto chegou ao absurdo de que países que tinham políticas de imigração com pés e cabeça - casos da Bélgica e, soube recentemente pela Helena, da Alemanha - tiveram que as desmantelar a bem do politicamente correcto.
Os Europeus são os maiores inimigos de si próprios!
"Metê-los no saco "perigo árabe e muçulmano" é uma injustiça atroz".
ResponderEliminarTem razão, mas o mundo está cheio de injustiças e algumas provocadas por refugiados, muitas por muçulmanos, como sabe.
Acabar com as injustiças é um dever de todos os homens de bem, incluindo muçulmanos que, neste capítulo, andam desaparecidos.
Espero que tenhas família entre os feridos e mortos
ResponderEliminarVocê é uma besta de merda.
EliminarPodemos discordar uns dos outros, como frontalmente discordo da Helena nesta questão que, de resto tem sido recorrente no DdD. Argumentos trocam-se civilizadamente e com urbanidade. Tendo a assumir que todos por aqui somos pessoas de bem. O Jorge Jesus com esse seu comentário fez-me repensar esta minha assumpção. Isso não se diz.
EliminarNão se diz, nem sequer se pensa.
EliminarIsto, como foi em Munique, deve ter sido obra de nazis. Há que ver de que desajustmentos e patologias, pessoais e sociais, os pobres seguidores de Adolf Hitler sofrem, e procurar ter para com eles a misericórida e compaixão que eles sem dúvida merecem. Tal como o Anders Breivik, coitado.
ResponderEliminarhttp://www.telegraph.co.uk/news/2016/07/22/shots-fired-at-munich-shopping-centre/
Você, desde que passou a assinar com um nome falso, passou a ser muito parvo.
EliminarPor outro lado, há quem, assinando sempre o seu nome verdadeiro, seja também bastante parvo (e não me refiro a si).
EliminarE lamento que esteja a estalar o verniz à tão civilizada gente da DdD, embora não tenha sido eu o alvo do simpático epíteto "besta de merda". Mas, a propósito do inqualificável comentário do Jorge Jesus, também eu aqui fui recentemente alvo de tirada semelhante, por uma autora deste blogue que desejou que eu, numa próxima visita aos EUA fosse atingido a tiro "por um cristão". Pela sua bitola, tratar-se-á de uma "besta de merda".
Já agora, e para finalizar, achar parva uma afirmação apenas sarcástica, revela pouco fair-play. Nem todos vivemos no mesmo convento da Helena Araújo, a verdade é essa.
Oxala que não, mas se um dos seus filhos fosse vitima de um atentado, continuaria a pensar assim? Sabe bem que só o saberá se passar pela experiência, oxala que não, mas se continuasse a pensar assim, seria uma santa.
ResponderEliminarVocê está a subestimar a natureza humana, os seres humanos nunca serão assim.
Você fala da sua experiência de hoje, tenho 38 anos, há 30 anos atrás tinha a idade dos seus filhos, estava em França, no sul, num bairro com muitos arábes. Ainda hoje me recordo, tive experiências negativas com eles, ainda hoje me recordo de abrir a porta de um prédio e um me ter atirado uma navalha, bateu na porta...ainda hoje não sei como não me atingiu! Vi carros, apartamentos, caixotes de lixo a arder...
O que está a acontecer não me surpreende em nada, era previsivel, é uma raça destruidora, não tem os mesmos valores que nós!
O grande erro que comete, se me permite, é inconscientemente achar que os nossos valores são superiores, é de certa forma arrogância acharmos que temos (refiro me ao ocidente) soluções para tudo, e nosso amor, respeito, liberdade vai resolver tudo! Grande erro!
Vamos aprender da pior forma, que o nosso modelo não é o melhor, é apenas um modelo, e os "outros" tem o direito de não aceitar os nossos valores. Mas não aceitando, não poderão viver entre nós, não podem, sob pena de ser os nossos próprios valores que estarão em causa, porque um dia as pessoas vão-se fartar e vão eleger um "ditador" que as protega.
É a minha opinião
Palavras muito sábias, António. Muito sábias mesmo.
ResponderEliminarJá agora, o que tinha o meu comentário de resposta ao da Anicha assim de tão mau para ter sido censurado?
Não censuramos comentários. Obrigado pelo aviso. estava perdido no blogger.
EliminarQuando muito banimos comentadores.
É. Limpa-se o Lev Davidovich Bronstein da fotografia. É muito mais simples.
EliminarOntem, quando uma amiga me dava conta dos preços dos aviões para Lisboa de Bruxelas e Londres, rondando os 400 euros, pensei nas centenas de milhares de pessoas que vivem ou, antes, viviam, do turismo nos países árabes e pensei: é uma injustiça atroz.
ResponderEliminarEste post da Helena Araújo quase parece decalcado do livro Night do Ellie Wiesel (sobrevivente do Holocaust):
ResponderEliminar"Anguish. German soldiers—with their steel helmets, and their death’s head emblem. Still, our first impressions of the Germans were rather reassuring. The officers were billeted in private houses, even in Jewish homes. Their attitude toward their hosts was distant, but polite. They never demanded the impossible, made no offensive remarks, and sometimes even smiled at the lady of the house. A German officer lodged in the Kahn’s house across the street from us. We were told he was a charming man, calm, likable, and polite. Three days after he moved in, he brought Mrs. Kahn a box of chocolates. The optimists were jubilant: "Well? What did we tell you? You wouldn’t believe us. There they are, your Germans. What do you say now? Where is their famous cruelty?"
The Germans were already in town, the Fascists were already in power, the verdict was already out—and the Jews of Sighet were still smiling."
Muito curiosa a semelhança entre este texto e um do Elias Chacour, no qual ele descreve como a sua aldeia palestiniana decidiu acolher com generosidade os pobres judeus que vinham a fugir ao Holocausto.
ResponderEliminarO que é que os palestinianos deviam ter feito? Impedir os judeus de entrar naquela terra?
Voltando ao seu comentário: a comparação entre pessoas que vêm a fugir da guerra e os nazis parece-me um pouco despropositada.