quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Um contrafactual simples

Por momentos, façam de conta que os pretos são tratados por uma religião tal como as mulheres são tratadas pelas correntes radicais islâmicas.

Ou seja, não se aperta a mão aos pretos, não se os olha nos olhos, não podem ir sozinhos falar com os seus professores brancos, alguns não podem ir à rua sozinhos e, claro, devem andar de corpo coberto como sinal de modéstia e submissão.

Também iam a correr comprar burkinis pelo direito dos pretos a vestir o que lhes apetecesse?

PS Não é preciso grande imaginação para imaginar uma religião onde os negros são inferiores. Era isso que os mórmons professavam, até que, há umas décadas, viram a luz. Por coincidência, viram a luz quando começavam a ter problemas com os tribunais americanos, que os acusavam de discriminação racial.

11 comentários:

  1. Nesse exemplo, qual foi o ato, relacionado com essa religião, que os negros foram proibidos por lei de fazer? (penso que o que está aqui em questão é a proibição oficial, logo isso tem que ser metido no contrafactual para ser uma analogia equivalente).

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    1. " (penso que o que está aqui em questão é a proibição oficial, logo isso tem que ser metido no contrafactual para ser uma analogia equivalente)."

      Nada disso. O contrafactual é o que escrevo antes do PS. O Post Scriptum é só para dizer que há mesmo religiões que consideram algumas "raças" inferiores. era o caso dos mórmons que achavam que os negros eram criados do Diabo.

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    2. Mas é mesmo do que escreves antes do PS que estou a falar, não estou a falar dos mórmones; para o teu exemplo hipotético ser similar ao caso dos burkinis, tem que haver uma lei (ou regulamento municipal, ou algo do género) proibindo que um negro faça determinada coisa relacionada com essa religião.

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    3. Sim, e imagina que há. Eu quero a mesma situação so que com negros em vez de mulheres. Gostaria de saber se a nossa sociedade aceitava que os negros fossem tratados como as mulheres são neste caso.

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  2. Não aceitava, claro.
    E antes da não aceitação foi a Lei que proibiu esses e outros comportamentos distintivos, i.e., racistas.

    Dito isto, temos que reconhecer que o burquíni só gerou tão grande sururu
    porque a sociedade francesa está traumatizada pelos ataques cobardes de fanáticos islâmicos e vê no burquíni uma forma de afirmação de presença
    que eles, naturalmente, percepcionam afrontosa.

    Porque o burquíni, enquanto vestimenta, não se distingue flagrantemente do equipamento dos surfistas. O burquíni é, do ponto de vista de quem foi ferido e continua a ameaçado, uma forma ardilosa dos islâmicos pretenderem impor os seus valores civilizacionais (do ponto de vista deles) nos países que os acolhem, e onde muitos nasceram, e onde alguns deles se dedicam ao combate civilizacional.

    Assim, sendo, a arma da lei é a única, neste caso, que pode conter o avanço da barbárie.

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    1. Concordo plenamente com o que o Rui diz. Agora só falta interiorizar essa realidade tão bem por si descrita e agir de acordo com ela. Que é o que não acontece nem acontecerá sendo até inconstitucional na maioria dos países da Europa Ocidental agir de acordo com o que é esta realidade.

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  3. Muito bem, Rui Fonseca. A todas as que se escandalizaram com a tentativa de fazer cumprir a lei, pela polícia francesa, recomenda-se a ida à praia de biquini em praias sauditas.

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  4. Este contrafactual, simples e evidente para muitos de nós, é difícil para outros e será por isso que tem sido pouco participado. É que algumas pessoas precisam de um desenho personalizado.

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  5. Para o exemplo ser semelhante, os pretos teriam que fazer eles próprios parte dessa religião, e teriam que ser actos praticados pelos próprios pretos.

    Uma analogia mais parecida seria se fossemos nós a dizer aos pretos que não podem usar roupas demasiado coloridas porque isso é sinal de atraso civilizacional.

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    1. "Para o exemplo ser semelhante, os pretos teriam que fazer eles próprios parte dessa religião, e teriam que ser actos praticados pelos próprios pretos."

      Claro. É essa precisamente a minha ideia. Os brancos a fazer de homens e os pretos a fazer de mulheres. A submissão dos pretos neste exemplo é "voluntária", no mesmosentido em que a submissão das mulheres de que falamos e também "voluntária".

      Por isso é que falei no "direito dos pretos a vestir o que lhes apetecesse". Gostaria de saber se as pessoas, numa situação destas, iam a correr a comprar os burkinis ou se os conisderavam um símbolo do esclavagismo e racismo e nem sequer lhes passaria pela cabeça dar força ao líderes religiosos que defendem o uso desses símbolos.

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