À egípcia Isis chamaram os gregos hibisco. Foi deste modo acolhida. O que não admira.
À deusa da simplicidade atribuíram eles o lugar devido no ático estilo delicado. Isto escreve em plaquinhas de cera Anfitrite, amiga dos golfinhos. O estilete foi encontrado séculos depois na mão esquerda, no que sobrava dela, de um esqueleto, e aos pés deste uma das placas cheirando ainda à flor das trezentas formas, uma delas a de uma divindade do Nilo. Anfitrite enterrava cada uma das plaquinhas que escrevia, e escreveu milhares, junto à raiz das plantas assim que se aproximava a estação em que floriam, talvez para lembrar-lhes que lhes cabia simbolizar uma divindade. Claro que só a ela própria lembrava a chegada da flor a chegada da deusa. Mas não teria sido preciso que lhe lembrassem essas chegadas. Porque Ísis se tinha instalado em casa de Anfitrite, dormindo no inverno, descansando no verão, sentindo as pálpebras pesadas no outono. Era por exigência da deusa que Anfitrite fazia o que fazia. Não sentia forçada a sua vontade, mas é assim que os deuses falam connosco, exigindo. Não sabem falar de outra maneira, ou não conseguem. Tem havido quem se revolte, é verdade, e com variado sucesso. Mas não ela, a quem o dever agrada. Tudo isto, o labor de Anfitrite, a sua rara reunião com Isis, sabemos porque deles nos deu notícia Lísias, o escritor de discursos. Terá usado esta história como exemplo. Mas os pergaminhos sobreviventes interrompem-se quando estamos prestes a saber de quê. Não nos chegaram completos. Uma partida de Isis, é possível, outra mania dos deuses é pregar-nos partidas. E é, para além de possível, provável, se acreditarmos no que escreveu Filóstrato de Atenas, outro orador. Diz-nos ele que a Isis agradava sobremaneira troçar dos homens, que são sempre um espectáculo jocoso quando os enganam. Há os muito crédulos, que de imediato sucumbem. Os de credulidade mais amena, que desconfiam com um olho enquanto confiam com o outro. Os cépticos são raros, e num caso como este não há como ser céptico porque são muito abundantes as provas de que connosco os deuses se divertem. Não há mais nada para fazer na eternidade.
À deusa da simplicidade atribuíram eles o lugar devido no ático estilo delicado. Isto escreve em plaquinhas de cera Anfitrite, amiga dos golfinhos. O estilete foi encontrado séculos depois na mão esquerda, no que sobrava dela, de um esqueleto, e aos pés deste uma das placas cheirando ainda à flor das trezentas formas, uma delas a de uma divindade do Nilo. Anfitrite enterrava cada uma das plaquinhas que escrevia, e escreveu milhares, junto à raiz das plantas assim que se aproximava a estação em que floriam, talvez para lembrar-lhes que lhes cabia simbolizar uma divindade. Claro que só a ela própria lembrava a chegada da flor a chegada da deusa. Mas não teria sido preciso que lhe lembrassem essas chegadas. Porque Ísis se tinha instalado em casa de Anfitrite, dormindo no inverno, descansando no verão, sentindo as pálpebras pesadas no outono. Era por exigência da deusa que Anfitrite fazia o que fazia. Não sentia forçada a sua vontade, mas é assim que os deuses falam connosco, exigindo. Não sabem falar de outra maneira, ou não conseguem. Tem havido quem se revolte, é verdade, e com variado sucesso. Mas não ela, a quem o dever agrada. Tudo isto, o labor de Anfitrite, a sua rara reunião com Isis, sabemos porque deles nos deu notícia Lísias, o escritor de discursos. Terá usado esta história como exemplo. Mas os pergaminhos sobreviventes interrompem-se quando estamos prestes a saber de quê. Não nos chegaram completos. Uma partida de Isis, é possível, outra mania dos deuses é pregar-nos partidas. E é, para além de possível, provável, se acreditarmos no que escreveu Filóstrato de Atenas, outro orador. Diz-nos ele que a Isis agradava sobremaneira troçar dos homens, que são sempre um espectáculo jocoso quando os enganam. Há os muito crédulos, que de imediato sucumbem. Os de credulidade mais amena, que desconfiam com um olho enquanto confiam com o outro. Os cépticos são raros, e num caso como este não há como ser céptico porque são muito abundantes as provas de que connosco os deuses se divertem. Não há mais nada para fazer na eternidade.
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