quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Outras verdades que se revelam (ou não) no vestiário masculino

Nada como ter informadores que frequentam vestiários masculinos para ficar a saber o que lá se passa. Contaram-me há dias que há muçulmanos (depreende-se que são muçulmanos) que usam 3 calções de banho sobrepostos, e que nunca tiram o terceiro, nem no duche.

Uma pessoa ouve isto e pensa logo naquele comentário "ah, pois, as mulheres têm de andar todas tapadas na praia, mas os homens podem ir muito lampeiros nos seus confortáveis calções de banho, não é?"

Parece que não. Parece que alguns deles também tomam precauções para disfarçar o mais possível a região genital, e não deixar que nenhum estranho veja certas partes do seu corpo. O que suscita algumas questões:

E se não fosse apenas uma questão de poder dos homens sobre as mulheres?
E se fosse também uma questão de pudor deles e delas em relação ao seu próprio corpo?
E se fosse impossível de destrinçar onde acaba o pudor e começa a dominação machista?
E se o nosso gesto de - pretensamente - libertar as mulheres muçulmanas da dominação machista fosse afinal uma violação do seu pudor?

PS. Alguém faça o favor de explicar a diferença entre vestiário e vestuário aos estudantes estrangeiros que estão a fazer estágios em alguns meios de comunicação social, e escrevem as notícias online. E dê também os parabéns a esses meios de comunicação social por aceitarem correr riscos para oferecerem um desafio tão aliciante a jovens estrangeiros sem conhecimento da língua portuguesa. (Esses artigos são escritos por jovens estrangeiros, não é? Erasmus, e assim, não é?)



9 comentários:

  1. Se os homens e mulheres sao iguais parece-me estranho que o limite do pudor para o homem seja mostrar o pirilau e da mulher, a cara.

    Quando a igreja catolica reformulou a obrigacao de usar o veu a grande maioria das mulheres abandonou essa pratica.Ou seja o pudor era imposto, nao natural.

    As mulheres arabes nao serao diferentes das portuguesas assim que a resposta a uma mudanca nas regras sera certamente a mesma.

    Duvido muito do argumento do pudor. A religiao impoe a utilizacao do veu ou do habito como modo de passar uma mensagem de modestia e indisponibilidade. Na minha opinioa nao sera o pudor que condiciona as mulheres mas sim o medo de passar a mensagem contraria se assim nao o fizer.

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    1. As culturas são diferentes e a forma de pensar e sentir das mulheres árabes não é identica à forma de pensar e sentir das mulheres ocidentais. Nem dos homens, sequer. São valores muito diferentes. A burka é um caso extremo mas o que não falta nos países árabes moderados são mulheres (curiosamente cada vez mais) que usam véu.

      Tente ir ao Sul de Marrocos, à Tunísia fora de Túnis ou Djerba, à Argélia, países islâmicos maioritariamente moderados e fale com as mulheres, tente percebe-las e ver como sentem. Se quiser uma experiência mais hardcore tente os países do Médio Oriente.

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  2. Estava a falar de roupa para tomar banho - eles com 3 calções sobrepostos, elas de leggings, túnica e lenço.
    Na nossa sociedade também há diferenças. O topless não é proibido, mas a maior parte das mulheres prefere não fazer. Trata-se de um pudor imposto, ou natural?
    Quanto ao medo de passar uma mensagem de "disponível": depois de ter ouvido o Trump e o Billy Bush a apreciar uma mulher com quem se iam encontrar, e de ter ouvido tantas pessoas a afirmar que essas conversas são normais entre homens, até a mim dá vontade de usar um hijab para me proteger dessa incrível falta de respeito por parte dos homens.

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    1. Já tinha lido o seu post sobre o hijab e confesso que não percebo a lógica de comparar uma sociedade em que se presume que todos os seres do sexo masculino são Trumps e Billy Bushs (os homens, como a Helena diz) e outra em que os Trumps e os Billy Bushs são publicamente vilipendiados como tarados.

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    2. Não comparo as sociedades, e nem sequer as classifico dessa maneira. Falo de pessoas que têm outro sentido de pudor, e que nós queremos despir à força.

      Infelizmente os Trumps e os Billy Bushs têm ainda muitos adeptos e muitas adeptas no nosso mundo. Reparou como o pessoal todo daquele autocarro se está a rir com a conversa?
      Note ainda que nem sequer falo da parte de "ir à bichana", mas dos comentários deles sobre a apresentadora de tv com quem se vão encontrar. Aquilo são "piropos". Nas ruas de Portugal são ditos directamente às mulheres, e há muito quem ache bem.

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  3. De uma forma estritra todo o pudor resulta de algum imposicao cultural assim que provavelmente nao estou a utilizar o conceito de forma totalmente correcta. O que eu quero dizer e' que discordo que o sentimento que esta por detras da opcao de vestuario seja a vergonha do corpo.

    Descobriu tarde que os homens sao uns porcos. Duvido que para estes casos necesite de hijab. Cao que ladra nao morde.

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  4. Não sei quem é que disse que o que está por trás da opção de vestuário é a vergonha do corpo.

    Tinha sete anos quando descobri que há homens absolutamente nojentos. Tanto a ladrar como a morder. Acha tarde?
    O que é novo é que agora se fala abertamente disso (por exemplo: o debate sobre o piropo, em Portugal).

    Não me entenda mal: não estou a dizer que as mulheres devem usar hijab. Estou apenas a dizer que todos têm o direito de andar vestidos como lhes apetece, e como se sentem mais confortáveis e seguros.

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    1. Eu estou de acordo que cada um se vista como quer mas não posso deixar o meu juízo crítico de lado. Na minha opinião é uma imposição de uma religião machista e sinto um verdadeiro sentimento de tristeza quando vejo uma mulher nessas figuras. A minha avô usou convictamente, sem lhe ouvir uma queixa, roupa negra o resto da vida depois do meu avô morrer. Nunca esqueci o seu brilho nos olhos cada vez que as filhas a convenciam a voltar às cores nas raras vezes que deixava a aldeia.

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    2. Para mim, a questão é: o que é que a mulher quer? Como se sente?
      Liberdade absoluta não existe, nem de um lado nem do outro.
      Conhece este cartoon?

      https://thesocietypages.org/socimages/2012/02/22/questioning-definitions-of-freedom/

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