Um dos polícias falou-nos acerca do crime da cidade e, muito orgulhosamente, informou-nos que um dos tenentes tinha decidido usar estatística. Sempre que havia um crime, o tenente dava um inquérito aos polícias e recolhia os dados, depois analisava as características dos crimes. A maior parte dos crimes eram crimes de propriedade, em que assaltantes entravam em residências. Fomos informados que a maior parte dos assaltantes entravam pelas traseiras das casas e que casas que tinham vedações em que as cancelas estavam trancadas à chave não estavam tão sujeitas a assaltos. Casas que estavam perto das vias rápidas tinham mais assaltos porque a era mais fácil fugir.
Os itens normalmente roubados eram joalharia e dinheiro, especialmente nos quartos dos donos das casas, os chamados "master-bedrooms". Fomos aconselhados a ter mais cuidado com o sítio onde colocávamos as coisas de valor. Alguns assaltantes não eram muito sofisticados e, por vezes, roubavam coisas que, ou não tinham grande valor, ou tinham GPS, o que permitia à polícia segui-los durante a fuga. No final, a polícia deixou vários materiais como livros de colorir educativos para crianças, lápis com números de telefone, panfletos com conselhos de como agir em caso de emergência, etc. Podem vê-los na última foto.
Agora digam-me lá que estas estatísticas não estão ao serviço das pessoas, que ligar a estes números reflecte uma pobreza de espírito. Não é preciso estudar nenhuma estatística para se saber que, em Portugal, o que domina é o discurso idiota de alergia a números.
Fomos visitados por três polícias
O nosso jantar, meio potluck
Alguns dos materiais educativos deixados pela polícia
Não é sobre estatística, é sobre a actuação da polícia. Ontem, pelas 10 da noite, recebemos, da polícia local, uma mensagem telefónica automática lançando o alerta para o desaparecimento, nas redondezas, de uma criança de 4 anos, apelando à verificação dos jardins e locais junto às casas. Chovia e fazia frio. Saimos à rua e já encontramos vários vizinhos procurando o menino. Pouco depois, recebemos no telefone nova gravação da polícia anunciando ter sido encontrada a criança. Há aqui coisas que funcionam.
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