Faz agora setenta e cinco anos que saiu um comboio de Berlim levando 1035 judeus com destino ao gueto de Riga. Umas semanas antes tinham começado a deportar judeus alemães para esse gueto, que rapidamente esgotou as capacidades para receber tantas pessoas. Depois de uma viagem de três dias, em condições horríveis de frio e falta de água), o comboio de Berlim chegou a Riga antes da data prevista. Todos os seus ocupantes foram levados directamente para o bosque de Rumbula, onde foram obrigados a despir-se, e os assassinaram a tiro. Uns dias mais tarde foram assassinados no mesmo lugar cerca de 27.000 antigos habitantes do gueto, para libertar espaço para os "evacuados" da Alemanha. Foi o Massacre de Rumbula.
Esta é a história insuportável por trás de uma das placas do memorial Gleis 17, junto à estação de Grunewald. A placa que escolhi fotografar apenas por o dia 27 de Novembro ser aquele em que passei por lá. Para cada transporte há uma placa com a data, o número de judeus deportados, e o destino. O destino do comboio, que o das pessoas era sempre o mesmo: o extermínio programado.
Esta é a história insuportável por trás de uma das placas do memorial Gleis 17, junto à estação de Grunewald. A placa que escolhi fotografar apenas por o dia 27 de Novembro ser aquele em que passei por lá. Para cada transporte há uma placa com a data, o número de judeus deportados, e o destino. O destino do comboio, que o das pessoas era sempre o mesmo: o extermínio programado.
Faz agora 75 anos que começaram as deportações sistemáticas dos judeus alemães.
A 9 de Novembro, data da "noite de cristal", passei pelo Gleis 17 ao fim da tarde. Apesar da escuridão, do frio e da chuva, uma pequena multidão tinha-se reunido com velas em frente ao muro de betão onde foram cavadas silhuetas humanas para gravar a ausência. Pareceu-me que alguém cantava um kadish pelos mortos.
A 9 de Novembro, data da "noite de cristal", passei pelo Gleis 17 ao fim da tarde. Apesar da escuridão, do frio e da chuva, uma pequena multidão tinha-se reunido com velas em frente ao muro de betão onde foram cavadas silhuetas humanas para gravar a ausência. Pareceu-me que alguém cantava um kadish pelos mortos.
Uns dias mais tarde, alguém escreveu naquele muro "Verdade Amor Jesus".
A frase foi rapidamente apagada, sem deixar vestígios, mas a vergonha permanece: 75 anos depois, ainda há quem escolha usar a religião dos cristãos para humilhar os judeus.
No princípio deste Advento, lembro o Rorate Caeli: Abri-vos, ó céus, e que as nuvens chovam o Justo. E que o Justo se instale no nosso coração, em vez de ser usado como pedra de arremesso contra os nossos irmãos.
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