quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Dias assim...

Ontem de manhã, quando acordei, tinha a garganta a doer-me. Senti-me febril, cansada, e no corpo havia um formigueiro. Suspeito que o problema era alergias e a fonte das mesmas foi ter levado uma planta para o quarto. Eu sou alérgica a bolor e acho que ter terra húmida no sítio onde durmo não foi uma das minhas melhores ideias. Passei quase o dia inteiro na cama. A cama estava tão confortável, que eu pensei "Gosto tanto da minha cama, está-se aqui tão bem." E depois veio o sentido de culpa, não sei porque razão mereço uma cama confortável quando tanta gente no mundo não tem uma. Que mundo estúpido!

Quando fico doente, só penso palermices; quer dizer, quando fico doente, penso palermices ainda mais palermas do que as que penso quando não estou doente. Pensei naquelas vezes em que, quando era miúda ficava doente e os meus pais cuidavam de mim. Sabia tão bem o mimo dos pais. E pensei que não me recordava, quando eu era miúda, de eles estarem doentes e não cuidarem de mim. Pergunto-me se eu conseguiria cuidar de alguém enquanto doente e deprimida e acho que não. É preciso reconhecer as nossas falhas e eu, quando fico doente, sou uma chata e apetece-me morrer ali mesmo, acabar tudo, e partir para outra. Não é uma questão de auto-pena; é não ter paciência para aturar as limitações do corpo.

Cada dia que passa, fico mais rabugenta e o pior vai ser quando o meu corpo começar a funcionar mal a sério. O mundo estará perdido! Já estou a planear isolar-me para poupar os outros porque ninguém merece ter de me aturar; até eu acho difícil.






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