sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Dos estalos às estaladas...

No meu último exame médico, a assistente médica que me viu estalou os dedos ao pé dos meus ouvidos e não ouvi estalos no ouvido direito. Não foi a primeira vez, já me tinha acontecido antes, mas eu não fiz nada acerca do assunto. Desta vez, ela achou melhor que eu fizesse um teste de audição para ter uma medida, caso fosse uma situação que se agravasse no futuro. Não ouço muito bem; por exemplo, se há muito barulho, não consigo ouvir certas pessoas a falar, não atendo o telefone com o ouvido direito, e também não consigo ouvir o tic-tac de um relógio de corda no meu ouvido direito, mas ninguém usa relógios de corda. Quando falam comigo e digo que não ouvi ou preciso de me aproximar, as pessoas olham para mim com incredulidade, como se eu tivesse feito de propósito e não lhes ligasse nenhuma. Então, acedi ao pedido da minha assistente médica e fui fazer o exame no mês passado.

O resultado indica que tenho os ossos dentro dos ouvidos danificados, especialmente no ouvido direito; os nervos estão bons. O médico que eu vi trabalha no departamento de otorrinolaringologia, mas especializa-se em cancro e não era otorrino a sério. Deu-me as seguintes opções: ou faço uma operação para reparar os ossos, ou coloco um aparelho. Perguntei quais os riscos da operação e disse-me que eu fazia boas perguntas, mas que eram muito baixos e, como eu ainda sou nova, a operação era preferível ao aparelho. Ficou combinado de eu regressar e fazer um exame CT (computed tomography), que é um raio-X fraquinho para ver anormalidades no tecido ósseo. Depois, com os resultados do exame, ia ver um outro médico especialista mesmo em otorrinolaringologia. Hoje era o dia em que eu tinha marcação para fazer o exame e de seguida ver o novo médico.

Ontem telefonaram-me duas pessoas diferentes: uma a pedir-me para contactar os serviços antes do exame e outra para me dar o custo da minha parte só do exame, um pouco mais de $110. Quando falei com eles, disseram-me que não tinham recebido autorização para me fazer o exame, logo iam ter de marcar para outra data. Depois tive de telefonar para outro lado para cancelar a consulta de hoje, pois não tinha o exame para o médico ver, e marcar para outro dia. Ou seja, fizeram a reserva do equipamento e do pessoal para me ver hoje, mas tive de faltar e deixar aquele gente toda a olhar para a parede, ainda por cima o otorrino só vai àquele gabinete uma vez por mês. Isto custa dinheiro ao sistema de saúde e custa-me a paciência. Então um médico decide que devo fazer o exame e alguém no seguro, que não é médico, tem de dar a autorização apesar de já me terem dito quanto me irá custar, pois está lá na lista que eles dão ao hospital que o exame faz parte das ferramentas de diagnóstico admissíveis.

Fico com a ligeira sensação de que alguém no sistema acha que eu e o médico andamos aqui a marcar exames por gosto. Só à estalada...

3 comentários:

  1. Provavelmente o otorrino não cumpriu as regras de requisição do exame um pormenor que o cliente sempre tem grande dificuldade em controlar. Boa recuperação, Rita.

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  2. O mais provavel é que essa uma maniobra do seguro de saude. Na volta o paciente desiste. Há todo um manual de "truques"...

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    1. É mais provável que se trate de proteger quem seria financeiramente responsabilizado se deixasse passar uma mais que provável falha formal/substancial na requisição e, de modo nenhum é aceitável a insinuação de que parece terem sido alvos a Rita e o seu médico. Poderiam ter feito um convite directo, ainda que tardio, à clarificação, não poderiam usar "esperteza saloia" e eu gostaria de conhecer uma boa expressão americana com este significado.

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