Roma começou por ser uma monarquia. Depois
transformou-se numa república. No topo da hierarquia, havia dois cônsules com
poderes iguais, eleitos anualmente e que não podiam ser reeleitos por um
período de 10 anos; um senado, com 600 e tal senadores. Durante cerca de 300
anos a república funcionou bem, com os seus poderes e contrapoderes, chegando a
ter no seu final de vida cerca de um milhão de cidadãos e, portanto, de
eleitores. Entretanto, o império foi crescendo e a república começou a tremer.
Os generais adquiriram um enorme poder, com os seus exércitos de milhares de
soldados. Para controlar este poder ameaçador, criou-se a regra de os exércitos
estacionarem às portas de Roma, apenas podendo fazer as suas marchas triunfais
dentro da cidade após aprovação pelo senado. Durante muito tempo esta regra foi
cumprida e respeitada. Até que apareceu Júlio César (100 a.C.- 44 a. C.). Como
é sabido, ao passar o rio Rubição este génio político e militar desafiou de
forma temerária as regras e desencadeou uma guerra civil, que ganharia a Pompeu
na batalha de Farsália em 48 a.C.. Até essa famosa batalha, os feitos militares
de César não tinham comparação possível com os de Pompeu. O que era, afinal, a
Gália comparada com as conquistas no Oriente do seu rival? A história é
conhecida. César ganhou o título de “ditador perpétuo”. Formalmente, a
República manteve-se, mas tudo era supervisionado pelo ditador. Nos Idos de
Março de 44 a.C. César foi assassinado no Senado com 23 punhaladas. Muitos dos
conspiradores eram-lhe próximos, como Décimo Júnio Bruto Albino (general,
conselheiro e amigo íntimo de César) ou Marco Bruto (filho de Servília, a mais
importante amante de César). O povo não reagiu como os conspiradores esperavam.
César era um político e governante populista ou popular, adorado e idolatrado
pelo povo e pelas suas tropas. A liberdade que os golpistas diziam querer
devolver a Roma não comoveu a populaça. Voltaram as guerras civis.
César achava há muito que Roma tinha um problema
institucional. A república funcionava bem quando Roma era uma cidade-estado,
mas não agora que se transformara num império. Era necessário centralizar o
poder num só homem, para garantir a ordem e a estabilidade. Havia quem achasse
que o problema de Roma não era institucional, mas sim moral. Era o caso de
Cícero. Antes, dizia o célebre orador e político, os dirigentes quando tinham
de tomar decisões perguntavam sempre primeiro: o que é melhor para Roma?
Desgraçadamente, o “individualismo” tomara conta dos homens e estes passaram a
pôr os seus interesses à frente dos da República. O que Roma precisava era, por
conseguinte, de uma regeneração moral. Fosse qual fosse o problema,
institucional ou moral, a república morreu e nasceu o império com Gaio Octávio
Turdo (sobrinho de César) e futuro Augusto. E durante muito tempo o “Império”
também funcionou bem. Até ao dia em que caiu nas mãos dos bárbaros. A Europa afundou-se por séculos na idade das trevas.
Moral da história? Todos os regimes caem. Até Roma.
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