quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Momentos WTF à la Texas

Hoje de manhã, a caminho do trabalho, estava a ouvir as notícias do Texas quando me caiu o queixo. Falava-se a propósito das despesas de saúde, especificamente das despesas que se tem quando se vai a um hospital que pertence à rede da nossa seguradora, mas o médico que nos vê não pertence à rede, apesar de estar num hospital que pertence. Por exemplo, imagine-se um paciente que vai às urgências do hospital onde deve ir, de acordo com a seguradora, mas é visto por um médico que não tem um contrato com a seguradora. Como o paciente não sabe se o médico pertence à rede ou não, deixa-se ser visto, mas depois quando recebe a conta apanha uma grande surpresa porque é exorbitante. Este problema acontece por todos os EUA, mas é particularmente comum no Texas e até há recomendações do governo estatal. Antes de irmos ao médico temos de investigar o hospital, médico, e outro pessoal. Imagine-se alguém ter um acidente de carro, ficar inconsciente, e antes de poder ser visto ter de ter estes cuidados. Esta gente é completamente pirada, mas adiante.


Este mês, "devia" ter feito uma cirurgia aos ouvidos, mas acabei por cancelar porque achei demasiado arriscado quando fui falar com o médico para saber os resultados do meu exame: taxa de sucesso de 80% para uma coisa que incomoda mais os meus amigos do que a mim e ainda por cima um dos riscos da cirurgia é paralisia facial?!? Não, obrigada... Mas tinha um outro problema enorme: ninguém conseguia dizer-me quanto ia custar aquilo e qual era a parte que me cabia pagar. Disseram que só depois de feito é que saberiam, até porque se não corresse bem podia ter de repetir, etc. Argumentos deste tipo são, para mim, que sou economista, o beijo da morte. Reparem que se não me dizem o que vai custar, presumo que me vão lixar. Se presumo que me vão lixar, prefiro distância desse pessoal. Nos EUA os cuidados de saúde são pró-lucro e, por isso, nós temos de encarar isto como ir ao mecânico e, no mecânico onde vou dão-me uma estimativa de quanto vai ser o serviço, até porque, se calhar, nem vale a pena arranjar um carro que é velho e o meu já tem 18 anos (mas dizia-me um mecânico que se notava que eu o tinha muito bem cuidado).

Tive uma experiência péssima nesta coisa do otorrino e do cancelamento da cirurgia e deixo-vos aqui o resumo do final da minha novela e notem que, hoje de manhã, notei que nunca nenhuma destas pessoas com quem conversei me disse se o especialista, anestesiologista, etc. que me iam fazer a cirurgia tinham contrato com a minha seguradora ou não -- ou seja, é natural que não tivessem e depois eu recebia a conta surpresa... Ah, a novela -- pois, está em inglês porque eu meti no Facebook na altura, pois fiquei muito arreliada e agora não me apetece traduzir.

As far as healthcare is concerned, in the U.S., I feel like I am dealing with the Mafia. I saw my ear doctor who wanted to do an elective surgery on me to fix my partial hearing loss. When I asked about all the risks, which include the procedure not working and me ending up with facial paralysis, I got really scared because he said that the rate of success for the surgery was 80%. That is really low, considering that I function perfectly well, despite my partial hearing loss. Plus, he could not even tell from my exams that my hearing loss problem was worse on my right ear; he thought it was on my left.

Then there was the price because nobody had any clue about how much this would cost but the insurance girl with whom I spoke said that I needed to pay the hospital, and the specialist, and the anesthesiologist, and whatever materials they use on the surgery, etc. I am not very comfortable about entering something without knowing the costs and I am very conscious about how much things cost -- I am an economist, it's in my DNA. Plus, the thought of paying someone a ton of money and ending up with facial paralysis is completely abhorrent to me.

I told my doctor that I was not sure I wanted to do it, but he insisted that I went ahead and schedule the thing and then I could cancel it once I was certain I did not want to do it. So when the anesthesiologist called I said I did not want to do the pre-op consultation because I was still waiting to hear from the insurance regarding costs; she got mad at me because she told me the consultation was free and I had nothing to lose. I told her it was wasteful to do it if I did not do surgery, so she hung up on me as soon as she could.

Then I spoke to the insurance and the girl could not tell me the cost of it, just the co-pay for the hospital part and that there were other expenses that could not be detailed to me yet. I told her that I would not do it without knowing exactly how much it was going to cost. She said that only after the surgery would they know and I needed to call the doctor's office to cancel it because she could not do it.

The doctor's office called to confirm and made it sound like the only cost was the $200 co-pay that the insurance girl said was for the hospital portion. At this point, I had decided not to do anything with these people, so I told her to cancel the whole thing. Now I got a call from the insurance girl again asking if I wanted to pay the co-pay and I told her that I had cancelled. She said that she did not get notified and I needed to call the doctor's office again and make sure that they did not have me scheduled still or else I'd get charged.

You know why healthcare is expensive? It's because of all this shit. My body is not an ATM for doctors, nurses, hospitals, etc. If I get severely ill, I will move to wherever state death with dignity is legalized and sayonara, amigos. I will not feed this inept and abusive system.

Ah porque é que eu vivo aqui, perguntam vocês? Obviamente, porque gosto de pessoal pirado, mesmo que não os deixe operarem-me.

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