Os gajos modernos que não gostam de feministas, talvez porque pensem que elas não rapam os sovacos e as pernas, admiram, no entanto, o corpo da mulher, mas tem de ser um certo tipo de mulher. Ah, aquele corpaço com curvas tipo Autódromo do Estoril e que, no Verão, fica luzidio com o calor e apetece passar o dedo e fazer outras coisas mais...
Agora que o piropo é ilegal, surgem no cérebro deles, em luzes de néon, coisas como "Boca de broche!" e "Comia-a toda" -- perdão, é natural que estes tipos não saibam que é "Comia-a toda" e pensem que seja "Comi-a toda!" ou "Comia toda!", mas adiante, malta, porque eu também dou calinadas a português, apesar de quase nunca pensar na Marisa Papen quando as dou.
Então, dizia eu que estes homens modernaços acham que sabem apreciar mulheres porque gostam daquelas gajas boazonas. Derretem-se por aqueles vídeos das danças de salão, em que o vestido da gaja sugere o pecado que mora lá dentro e detêm-se em questões existenciais de lingerie, tipo "como é que ela segura as cuecas, hein?" É tão bom mostrar que se gosta de apreciar a técnica da mulher que dança! Eu também sou assim: gosto das gajas descascadas que dançam bem, têm ritmo, bom gosto em música, umas mamas jeitosas, etc. E sabem que eu sou boa a dar gorjetas!!!
Quando sinto que há oportunidade para um momento de camaradagem -- porque temos gostos que se sobrepõem, i.e., há intersecção no diagrama de Venn --, peço referências de strip bares que estes homens modernos frequentam para eu visitar. Só que não me respondem; logo ou não assumem que vão ou não vão. Destas duas opções, não sei qual a pior... Ao menos eu admito que praticamente fiz o meu mestrado em strip bars e discotecas -- e discotecas gay? Ah, tão bom!
Afinal, sou mesmo holística: uma feminista que não se rapa (fiz depilação a laser) e uma machista com bom gosto em mulheres.
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