Hoje saíram os dados de crescimento do PIB dos EUA para o primeiro trimestre: a economia cresceu a uma taxa anual de 0,7%, o ritmo mais lento dos últimos três anos. Nas componentes do PIB, o consumo cresceu apenas 0,3% por causa de menos vendas de automóveis e menos gastos em custos de aquecimento das casas no inverno. Em contraste, os custos de emprego (compensação pelo trabalho, que inclui salários e benefícios) aumentou 0,8%, o valor mais alto desde o último trimestre de 2007.
As sondagens indicam que há bastante optimismo dos cidadãos relativamente à economia e, no entanto, os dados duros não traduzem esse optimismo em crescimento da economia -- as pessoas ganham mais, mas nem por isso gastam mais. Há quem ache que esta inconsistência é, por um lado, produto do método de ajustamento sazonal usado pelo Commerce Department, pois desde 2000, no primeiro trimestre a economia cresce sempre a uma taxa bastante inferior à dos outros -- em média cresce apenas 1%. Por outro lado, este ano o Inverno foi bastante ameno o que tem implicações em termos de compras de roupa, gastos de energia, etc.
Ontem conversei com uma rapariga que trabalha na área da Construção Civil, em Houston. Tenho notado que há bastantes obras espalhadas pela cidade, logo perguntei-lhe o que é que ela observava na sua empresa. Disse-me que a maior parte da construção é acabamento de projectos já iniciados, mas não há muitas obras novas. O tipo de construção é maioritariamente apartamentos mais luxuosos, porque ela diz que os construtores têm facilidade em arranjar pessoas que paguem $1300/mês por um apartamento T1, logo é um mercado mais lucrativo do que o de construir casas para famílias, até porque um lote de terreno no centro de Houston está bastante caro e os apartamentos permitem diluir o custo do terreno em mais unidades. No resto dos EUA, o mercado imobiliário actual caracteriza-se pelo baixo número de casas disponíveis para venda, o que tem pressionado os preços do imobiliário.
Esta semana também saiu uma notícia relativamente aos bancos locais e regionais onde o número de empréstimos efectuados está em baixa. Estes bancos têm-se afastado de investir em imobiliário comercial e no sector de vendas a retalho, pois o comércio tradicional está em decadência devido ao maior número de compras efectuado pela Internet. Muitas empresas têm também aproveitado o optimismo dos investidores e emitido dívida directamente no mercado de capitais, através de bonds, por exemplo. Quem está bastante interessado em empresas industriais no chamado Rust Belt, a área geográfica que nunca chegou a recuperar da Grande Recessão, são os investidores estrangeiros. Este afastamento dos bancos locais e regionais é um canário na mina, pois estes bancos têm critérios bastante apertados na selecção de empréstimos.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Não são permitidos comentários anónimos.