Enquanto regava as plantas, pensava na vitória de Salvador Sobral na Eurovisão. Tentei ouvir a canção há coisa de dois dias, mas não consegui terminar porque não me suscitou interesse. As impressões sobre a canção dividem-se: uns adoram, outros acham horrível, e outros acham que se deve investir em gostar do Salvador Sobral e da canção, até porque é uma pessoa simples, bom rapaz, cardíaco, etc. A minha amiga Sofia ofereceu-me a explicação mais plausível da vitória: não foi uma macacada e não era tecno, logo foi a melhor. Só mesmo uma economista para acertar os ponteiros da coisa.
Continuei a pensar no assunto da vitória e ocorreu-me, durante a minha jardinagem, que, desde que a Geringonça foi para o governo, o país deixou de querer ser o melhor, para ser apenas suficiente. Na vitória do Euro, Portugal ganhou não porque tivesse ganhado mais jogos, mas porque não perdeu tantos jogos. Agora, com o Salvador, ser melhor significa que não fomos tão maus quanto os outros. Talvez por alguém no Facebook ter dito que tínhamos de gozar estas vitórias porque teríamos de esperar mais 500 anos para ter tanta glória, lembrei-me das aulas de história do oitavo ano, em que era preciso aprender os motivos que facilitaram os Descobrimentos. Uma das razões era a dificuldade de continuar a expandir o país por terra.
Quando nós pensamos nos Descobrimentos, pensamos na glória de irmos por mares "nunca dantes navegados", mas à luz das vitórias deste ano, não me parece que a decisão tenha sido motivada pela glória; o motivo foi sabermos que não éramos suficientemente bons para fazê-lo de outra maneira. Não éramos os melhores, apenas éramos suficientes.
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