Em referência aos restaurantes que enganam os clientes, li no NiT a citação de alguém que dizia que os donos dos restaurantes se comportavam como se Lisboa fosse o faroeste. Como eu vivo no faroeste fiquei um bocado chateada por ver o meu burgo retratado assim. Tenho, no entanto, de agradecer ao LA-C por ter descrito ontem, no Observador, uma situação de burla nos EUA em que o burlão foi preso. Por falar em apanhar o burlão, como é que o carteirista ainda tem um caso em tribunal que se arrasta desde 2006?
Fui a uma hamburgueria gourmet ao pé de casa, aqui há dias, e aconteceu o cozinheiro ter deixado o papel que separava as rodelas de carne picada no meu hambúrger. Só me apercebi depois de já ter começado a comer e quando o gerente me perguntou se tudo estava a preceito, mostrei-lhe o papel. Para além de mil e uma desculpas, disse logo que eu não iria pagar o hambúrguer, pois eu não tinha sido servida com o nível de qualidade que eles queriam oferecer aos clientes. Depois perguntou se eu ficaria satisfeita assim ou se desejava que me dessem mais alguma coisa.
Nos EUA, esta é a regra de serviço e é difícil encontrar restaurantes indiferentes ou até que desejem roubar os clientes. No entanto, há histórias de empregados de restaurantes que roubam o número do cartão bancário dos clientes, por exemplo. O Tristan Jimerson, no The Moth, que podem ouvir via podcast, conta o que lhe aconteceu quando encomendou uma pizza da Domino's pelo telefone e alguém lhe roubou a identidade. Para além das peripécias do Tristan tentar encontrar a pessoa que o enganou, ficamos a saber que o próprio CEO da Domino's o contactou a pedir desculpa!. (Ou podem ver o vídeo no YouTube do Tristan quando foi ao Prairie Home Companion).
Uma vez que fui a Portugal -- julgo que em 2000 -- comprei alguns enchidos no aeroporto porque dizia um cartaz que podiam entrar nos EUA. Quando cheguei a Chicago, declarei os enchidos na Alfândega e foram confiscados. Fiquei tão desgostosa... O senhor da Alfândega disse-me para contactar o banco emissor do meu cartão de crédito e declarar a transação como fraudulenta para me devolverem o dinheiro. Não declarei porque tive pena do pessoal em Portugal ficar sem o dinheiro e sem os chouriços, mas suponho que, se eu fosse um turista que não tivesse nenhuma ligação a Portugal, tê-lo-ia feito.
Ou seja, se os restaurantes fraudulentos estivessem nos EUA, no mínimo, os clientes depois de pagarem telefonavam ao banco e cancelavam a transação e depois os donos do restaurante teriam de se ver com os bancos, pois seriam investigados. Ao fim de algum tempo, duvido que os clientes pudessem pagar com um cartão de crédito, pois as transações seriam recusadas. Convenhamos que, para o esquema destes restaurantess funcionar, é preciso que os bancos não liguem muito a situações de fraude.
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