O discurso interno de Pedro Passos Coelho dentro do PSD em Julho de 2016 ficará para sempre associado à expressão "Vem aí o Diabo", referindo-se à negociação do orçamento, que teria lugar em Setembro de 2016. A expressão foi ridicularizada por António Costa no Parlamento e depois entrou na gíria, tornando-se ainda mais popular quando a Geringonça apresentou bons resultados relativamente ao défice e ao crescimento do primeiro semestre.
Pedro Passos Coelho tinha algum cepticismo quanto à capacidade do PS em apresentar um orçamento viável, que satisfizesse os credores e a União Europeia. O PS chegou ao poder com Mário Centeno a dizer que iria cortar nas gorduras do orçamento, mas nunca foi muito preciso no que isso era. Por outro lado, Pedro Passos Coelho sofria de miopia orçamental, pois presumia que o PS não cortaria em despesas essenciais, ergo o PS iria assegurar serviços mínimos de governação, que necessitavam de um certo nível de despesa, logo limitariam a capacidade do PS devolver salários e cortar certos impostos.
À medida que o tempo passa, o que é claro nesta altura é que o erro de Pedro Passos Coelho foi achar que coisas essenciais, como o orçamento da Protecção Civil, não seriam tratadas como gorduras. O que não é claro ainda é que outras coisas terão sido consideradas gorduras pelo PS. E será que esses cortes põem em causa o bem-estar dos portugueses? Infelizmente, só saberemos se houve insensatez na administração dos cortes quando houver mais falhas no sistema.
Note-se, no entanto, que no caso dos incêndios houve ampla indicação de que o país estava em risco: houve os incêndios do ano passado na Madeira que tomaram proporções chocantes pela sua proximidade a zonas residenciais, depois houve Pedrógão Grande, agora foi o que se viu em múltiplas zonas do país. Será que para a próxima teremos a mesma dificuldade em perceber que algo não está bem?
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