Caros alunos da FEUC,
Tal como vocês, estudei na FEUC e posso, mais de 20 anos depois de ter terminado a licenciatura, assegurar-vos de que a educação que recebi na altura me permitiu competir no mercado de trabalho internacional e atingir um certo nível de sucesso. Quero com isto dizer-vos que é uma boa escola, que pode ser usada como plataforma para uma carreira profissional gratificante. Mas devemos estar cientes que uma universidade não serve para ensinar a regurgitar; serve, sim, para dotar os alunos de ferramentas que lhes permitam avaliar problemas criticamente e procurar soluções e, por isso, uma parte do sucesso da vossa educação depende da vossa vontade de usar o que aprendem.
Há, no entanto, uma área em que a FEUC é fraca e que é em questões de ética, pois de vez em quando convida pessoas para ensinar que exibem deficiências nessa área, que são previamente conhecidas. Gostaria de vos falar do último caso e que é o convite ao ex-Primeiro Ministro José Sócrates para discutir o tema “O Projecto Europeu Depois da Crise Económica”, no dia 21 de Março, às 14h, no auditório da FEUC. Como é do conhecimento público, José Sócrates publicou vários trabalhos sob o seu nome, que não eram da sua autoria.
No contexto de uma universidade, um aluno que plagie cronicamente pode estar sujeito a ser expulso, logo por que razão uma pessoa com este comportamento é convidada para ser um ponto de referência na vossa educação? Para além disso, José Sócrates exibe deficiências técnicas na compreensão da economia que, também elas, são do conhecimento público, logo que tipo de conhecimento poderá ele oferecer-vos?
Dado o investimento em termos de tempo e dinheiro que têm de fazer, é vossa responsabilidade exigir que a FEUC vos proporcione oradores com um mínimo de qualidade. Cabe por isso a vós o papel de fazer perguntas pertinentes tanto à escola, como ao orador, e manifestar um nível de exigência que seja compatível com a educação que querem receber, pois está em causa a vossa futura reputação profissional.
A Rita e os seus amigos anti-socráticos fariam bem em organizar um debate com o vosso inimigo predilecto e confrontá-lo civilizadamente com todas as vossas diferenças de opinião relativamente ao papel que este teve na história do Portugal recente. Acho que ele não recusaria e ficariam satisfeitos por vê-lo esmagado através de um confronto racional e argumentativo exigente e limpo em vez do xingamento odioso a que se entregaram nos últimos anos.
ResponderEliminarCaro Nuno, em primeiro lugar, leia o que eu escrevi. Se isto não é um convite ao debate, não sei o que seja, logo agradeço que não roube as minhas ideias sem me dar crédito. Em segundo lugar, se lhe interessa tanto ver-me debater José Sócrates, pague-me passagem, estadia num hotel, compensação pelos dias de férias que terei de tirar, e diária e eu vou. Note, no entanto, que eu não tenho um salário à portuguesa, logo isto é capaz de lhe ficar caro.
EliminarJosé Sócrates foi falar sobre o projeto europeu depois da crise económica, a convite do Núcleo de Estudantes de Economia da Associação Académica. Ou seja, uma palestra pontual com base na sua experiência de governante.
ResponderEliminarE isto parece ter-lhe provocado grande afronta, em contrapartida, o que acha sobre:
"O ex-primeiro-ministro vai dar aulas de mestrado e doutoramento nas áreas de Administração Pública e Economia. Passos Coelho vai leccionar em três instituições, sendo que uma delas é o ISCSP, onde deverá ser professor convidado catedrático."
Há situações em que a ideologia rouba o discernimento.
Leia aqui a crónica do Ricardo Reis que, por certo, conhece:
https://www.dinheirovivo.pt/opiniao/o-professor-convidado/