sábado, 28 de julho de 2018

INTJ

Quando estava em Liverpool, fui jantar com dois colegas, um deles escocês, com um sotaque muito forte, mas uma pessoa super-divertida. Depois recordei-me que tinha tido uma conference call com ele e com o resto da equipa e eu lhe tinha feito uma pergunta à qual ele tinha respondido "That is a brilliant question!" O meu chefe, que também estava na chamada, deu uma gargalhada sonora. Alguns dos colegas olham para mim e dizem-me que não percebem nada do que eu digo porque reparo em coisas que lhes passam ao lado: "You're way up there", pois é, ando um bocado nas núvens.

No jantar, o colega escocês perguntou-me que tipo de personalidade era a minha. É INTJ e, pronto, está explicado, diz-me ele. Cerca de 2% da população é INTJ, mas em mulheres, o INTJ é raro: apenas 0.8% da população são mulheres INTJ (há 16 tipos de personalidade, logo se fossem distribuídos uniformemente, 6,25% da população cairia em cada tipo e, nesse caso, deveria haver um pouco mais de 3,125% de mulheres INTJ porque mais de 50% da população são mulheres).

Os INTJ são os que esperam sempre o pior, curiosos, calculistas e planeiam a longo prazo como se a vida fosse um tabuleiro de xadrez, são simultaneamente idealistas e cínicos, arrogantes, muito sarcásticos e têm um humor negro, reprimem as emoções, não gostam de conversa fiada e preferem amizades com mais profundidade, são completamente incompetentes romanticamente, e têm muitas contradições que na cabeça deles não as são. Ah, e desistem do que gostam... Uns tipos supimpa, portanto!

Uma das minhas contradições pessoais é gostar tanto de Portugal e, no entanto, ter saído. E passo muitas vezes a perguntar-me" "mas que se passa contigo, Rita, porque é que és assim? Se gostas tanto, porque é que não estás lá?" Eu sei a resposta, claro. Uma das razões é Portugal ser demasiado homogéneo: as pessoas são incentivadas a não sair muito dos eixos. E vocês dizem-me "Mas, Rita, olha este Robles, que saiu dos eixos e comprou o tal apartamento barato para o vender caro?!?" Meus caros, o Robles teria saído dos eixos se não tivesse feito nada de mal.

É normal, em Portugal, quem está em posições de poder aproveitar-se delas e isso é tolerado pela população, é o paradoxo "Rouba, mas faz!" Conflitos de interesse é a norma e os portugueses bem podem ir para o Facebook dizer "Este país não é para gente honesta.", mas há quanto tempo se passa isto e ninguém faz nada para mudar o sistema? Nem sequer votam.

Ultimamente, tenho andado com aspirações políticas e penso que, quando me reformar, vou para Portugal candidatar-me a Presidente da Câmara de um sítio qualquer, mas depois noto que é o meu INTJ a falar. O mundo em que os INTJ vivem é muito fantasioso e perfeito, muito acima da realidade, e a realidade é que, em Portugal, ninguém me elegeria para Presidente da Câmara de nenhum lado: não sou desonesta, nem suficientemente incompetente, e não sou trafulha para usurpar o poder. E, pronto, já desisti...







7 comentários:

  1. Pelo que vejo, a Rita acompanhou o caso Robles. Eu, que não o conhecia, ouvi há bocado o debate, na SIC, entre a deputada Mariana Mortágua, do BE e Mesquita Nunes, do CDS. Ouvi, mas foi-me custoso ouvir: a argumentação da Mortágua é confrangedora, nem parecendo saída de uma pessoa medianamente inteligente. Decididamente não estamos na presença de uma INTJ...

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  2. É já o 2.ª vez que um meu comentário não aparece publicado. Que se passará?

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  3. Pelo que vejo, a Rita acompanhou o caso Robles. Eu, que não o conhecia, ouvi há bocado o debate, na SIC, entre a deputada Mariana Mortágua, do BE e Mesquita Nunes, do CDS. Ouvi, mas foi-me custoso ouvir: a argumentação da Mortágua é confrangedora, nem parecendo saída de uma pessoa medianamente inteligente. Decididamente não estamos na presença de uma INTJ...

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  4. Pelo que vejo, a Rita acompanhou o caso Robles. Eu, que não o conhecia, ouvi há bocado o debate, na SIC, entre a deputada Mariana Mortágua, do BE e Mesquita Nunes, do CDS. Ouvi, mas foi-me custoso ouvir: a argumentação da Mortágua é confrangedora, nem parecendo saída de uma pessoa medianamente inteligente. Decididamente não estamos na presença de uma INTJ...

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  5. Não sei que mais hei-de fazer para ver este meu comentário publicado que, parece-e, nada tem de inconveniente.
    Aqui vai a 4ª ou 5ª tentativa:
    "Pelo que vejo, a Rita acompanhou o caso Robles. Eu, que não o conhecia, ouvi há bocado o debate, na SIC, entre a deputada Mariana Mortágua, do BE e Mesquita Nunes, do CDS. Ouvi, mas foi-me custoso ouvir: a argumentação da Mortágua é confrangedora, nem parecendo saída de uma pessoa medianamente inteligente. Decididamente não estamos na presença de uma INTJ..."

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  6. Não entendo porque é que este comentário não é editado, pois não lhe vejo nada de mal.
    Mais uma tentativa:
    "Pelo que vejo, a Rita acompanhou o caso Robles. Eu, que não o conhecia, ouvi há bocado o debate, na SIC, entre a deputada Mariana Mortágua, do BE e Mesquita Nunes, do CDS. Ouvi, mas foi-me custoso ouvir: a argumentação da Mortágua é confrangedora, nem parecendo saída de uma pessoa medianamente inteligente. Decididamente não estamos na presença de uma INTJ..."
    Tiro ao Alvo

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  7. "O mundo em que os INTJ vivem é muito fantasioso e perfeito, muito acima da realidade" Isso me parece mais INFP, não? O INFP é que gosta de viver fora da realidade, num mundo fantasioso, sempre sonhando com episódios que nunca vão acontecer. O INTJ me parece mais pé no chão... Aliás, como você descobriu que é intj?

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