Continuamos com o governo americano fechado. Hoje os empregados federais deveriam ter recebido o primeiro salário do ano, mas tal não aconteceu. Uns pedem empréstimos pelo cartão de crédito, outros recorrem a dádivas de comida e primeiras necessidades, como fraldas, produtos de higiene, comida para cão, etc. A comunidade mormon é famosa por as famílias se organizarem de modo a terem comida armazenada suficiente para um período mínimo de três meses e uma das razão que mencionam é mesmo instabilidade política, os restantes não têm a vida tão bem planeada e esta situação é para eles uma grande confusão...
No final de Dezembro, John Kelly, o anterior Chief of Staff de Trump, deu uma entrevista ao Los Angeles Times em que defendeu o seu desempenho dizendo que o seu sucesso não era medido pelas coisas que fez, mas pelas coisas que o Presidente não fez. Efectivamente, vê-se que a administração está a entrar num caos semelhante ao que havia antes de John Kelly, só que entretanto houve tragédias e as pessoas precisam de receber apoio do governo ou porque perderam tudo o que tinham no fogo da Califórnia, ou porque o seu negócio foi atingido por um furacão, por exemplo.
Mesmo quem não é afectado directamente pelo shutdown, é afectado indirectamente. O serviço E-Verify, onde as empresas verificam que os candidatos a emprego têm autorização legal para trabalhar não está a funcionar, logo não se pode contratar novos empregados. Os argicultores que foram prejudicados pela guerra das tarifas de Trump e que iam ser compensados não estão a receber os subsídios. As empresas de consultoria que analisam os dados do governo não têm dados com que trabalhar; eu própria não posso actualizar as minhas estimativas porque não tenho dados novos.
Clinton também teve um shutdown de 21 dias, mas naquela altura, não havia tanta coisa que dependesse da capacidade do governo manter as coisas a funcionar por serviços digitais automáticos, para além de que havia a perspectiva que Clinton acabaria por promulgar uma lei que achasse ser melhor do que a que tinha vetado, mas que não fosse exactamente a sua primeira escolha. Com Trump não há essa certeza, pois ele muda de ideias a toda a hora e porque pode perfeitamente voltar a fechar o governo daqui a uns meses. O país está refém de um Presidente que acha que governar bem é aparecer na TV.
É mais do que certo que Trump acabou de cavar a sua sepultura: ou não irá ser o candidato republicano nas próximas eleições ou, se for, irá perder as eleições.
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