Daqui a uns anos, vamos olhar para a pandemia como uma oportunidade perdida. Podíamos ter passado este tempo a tentar melhorar um sistema e uma economia que claramente não funcionam; em vez disso, o nosso maior esforço é tentar manter o sistema antigo, mesmo que fique um bocado pior.
Por exemplo, na questão da abertura de escolas. Podem abrir as escolas à vontade, mas os alunos que estavam em situação precária ficaram em situação pior durante a pandemia, se calhar com os pais desempregados, ou perderam a avó que tomava conta deles, etc. Tentar abrir as escolas no modelo anterior serve apenas para descanso de consciência da sociedade.
Podia juntar-se um grupo de pessoas capazes e arranjarem um plano inovador de abertura das escolas. Eu acho que seria interessante desenvolver um modelo com apoio da sociedade civil, tipo uma rede de voluntários e mentores que iriam apoiar os alunos mais carenciados. Talvez os ajudassem a fazer trabalhos de casa, ou liam-lhes histórias pelo computador, ou treinavam as capacidades sociais, ou conversavam com eles sobre os seus receios, etc.
Cada criança devia um mentor que servisse apenas para melhorar o bem-estar da criança. É frequente estas dinâmicas existirem para os alunos que têm famílias com recursos, em que os pais ou outros familiares passam bastante tempo a pensar no que é melhor para os miúdos, mas os alunos mais carenciados não costumam ter esta rede de apoio. Se todos os alunos tiverem acesso a Internet, até pessoas fora de Portugal podiam ajudar.
Mas percebo, anda tudo com os nervos em franja e é difícil pensar em inovar nesta altura.
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