A febre sucumbiu e passei um dia bastante agradável, que nada se pareceu com o de ontem. Notei que fiquei com uma nódoa negra no sítio da vacina, o que não tinha acontecido na primeira dose. De manhã fiz o bolo de chocolate e morangos para a festinha de anos que demos à enfermeira que visita a minha vizinha que tem 86 anos. Ficou bom, o que me agradou. Fiquei um bocadinho frustrada com a minha falta de habilidade para a decoração de bolos, mas senti algum alívio por não ter de ganhar a vida assim e como tenho algum jeito para improvisar, lá me desenrasquei.
Foi um grupo íntimo e muito engraçado, em que a conversa deu para rir e descontrair. Também teve a singularidade de eu poder levar uma amiga minha portuguesa que estava de visita. Às vezes, sinto alguma pena de a minha vida estar tão espalhada por tantos sítios e não poder ter as minhas pessoas todas juntas, mas não me posso queixar porque acabo por ter imensas oportunidades de desfrutar da companhia dos meus amigos.
Perdemos a convidada de honra a meio da festa, pois recebeu uma chamada de emergência acerca de um paciente de 102 anos. Mas antes de ela ir, preparámos um prato com uma fatia de bolo para levar e dei-lhe uma manta de algodão feita em Portugal. (Eu digo que, se todos os portugueses fossem como eu, Portugal seria o país mais rico do mundo.) Restámos cinco e a conversa continuou animada.
Fiquei sentada ao lado da minha vizinha que tem 86 anos e a filha estava do outro lado da sala. Já não me recordo a que propósito, mas ela segredou-me ao ouvido "Take care of [my daughter], when I go," o que me fez chorar. Muitas vezes penso que a única razão para ela estar ainda viva é ter medo da reacção da filha, o que demonstra o amor profundo que por ela tem. Por enquanto sobrevive, graças à aniversariante e aos cuidados extremos da filha.
P.S. Obrigada ao Tiro ao Alvo...
Não tem nada que agradecer.
ResponderEliminar