Incomoda-me também a mensagem que estamos a dar às mulheres portuguesas que são vítimas de crimes. Que pensarão estas criaturas? Que devem estar gratas porque se estivessem em sítios como o Afeganistão era pior? E as futuras vítimas mortais de violência doméstica em Portugal também devem sentir gratidão?
Na semana passada, o New York Times publicou uma peça de investigação sobre uma jovem de 23 anos que morreu em Inglaterra em Abril de 2020. O caso foi denunciado ao jornal depois da morte da jovem ter tido pouca tracção na imprensa e com as autoridades britânicas. É um caso curioso porque, ao fim de um ano a tentar pedir ajuda à polícia inglesa para a proteger do namorado, ela morreu ao telefone: o coração parou enquanto esperava que a chamada fosse transferida para o atendimento não-urgente. Tinha telefonado com medo do namorado, que tinha saído da prisão e a tinha contactado, apesar de ele estar proibido. Ela foi encontrada morta, com o braço em redor do filho de sete meses que chorava ao colo dela.
O nome dela era Daniela Espírito Santo e nasceu em Portugal, a mãe tinha emigrado para Inglaterra em 1999. O nome do namorado é Julio Jesus, mas o NYT não disse a nacionalidade. Se calhar, veio do Afeganistão.
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